Ⅳ ✵ PAN

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(Algumas horas antes do jantar ...)

Eu estava sentado num galho de um enorme pinheiro depois de ter resolvido um pequeno conflito no acampamento dos índios depois que o meu amigo Cobra, o filho do chefe e príncipe da tribo pediu minha ajuda através de um pássaro que me trouxe a mensagem.

Aqui na árvore eu tinha visão privilegiada, podia observar os Meninos Perdidos fazendo as suas tarefas do dia, o acampamento índio mais a oeste e se forçasse um pouco mais a vista veria as velas brancas do Jolly Roger.

A inatividade do Capitão WonHook era algo a se preocupar, afinal, desde que lhe cortei a mão direita numa luta ele vinha querendo vingança, mas esse não era seu único objetivo na ilha.

O único jeito de sair dessa ilha era com o poder mágico das fadas e eu sou o único que sabe onde encontrá-las.

— Eu estou muito puto com você! — A voz soou em meus ouvidos antes que meus olhos encontrasse a fonte de luz dourada que cresceu suas proporções até ganhar o tamanho humano. Minhyuk ficou pairando no ar diante dos meus olhos, bloqueando a minha visão do horizonte. — É verdade que você mandou o Jooheon me prender?!?!

— Sim, por que? — Vi o fada atingir novos tons de vermelho conforme sua ira aumentava.

— Você não pode fazer isso! E o livre arbítrio? Já ouviu falar?! Eu não sou seu, se quer saber! Mesmo que eu quisesse, você não é meu dono e nem manda em mim. Mandar um daqueles bobalhões foi o cúmulo, está me escutando, Pan? Se você continuar fazendo essas coisas eu te juro que vou voltar para o refúgio das fadas e você não será capaz de me encontrar! E pensar que eu gosto de você. Mas claramente você não gosta de mim. Se gostasse de mim não ia trazer aquela coisinha escrota para morar conosco e... — Minhyuk falava como se seu fôlego fosse infinito, as palavras saiam tão rapidamente de sua boca que lhe deixei de ouvir depois de alguns minutos, completamente entediado. Não havia um botão para desligar o fada quando este começava a tagarelar, e eu não tinha a sorte de ouvir apenas os sinos que todos ouviam ao chegar na ilha. Eu fui criado pelas fadas desde que elas me encontraram na areia da praia das sereias, então a língua das fadas era praticamente a minha língua-mãe e quando Bee chegou na ilha e mencionou os sinos, não pude evitar me surpreender com aquele fato desconhecido. 

Depois, quando Bee deixou de reclamar dos sinos constantes que só ele ouvia, Minhyuk explicou que as fadas escolhiam quem queria que as entendesse, e o mesmo passou com os demais até formarmos esse pequeno grupo.

— Minbell — Lhe interrompi no meio da frase e ele me encarou feio, franzindo o cenho e um bico se formando nos labios. — Isso não vai se repetir — Não era exatamente um pedido de desculpas. Apenas uma pequena promessa que eu podia fazer ao meu brilhante amigo que desfez rapidamente a expressão de seu rosto e soltou os braços que ele havia cruzado quando começou a reclamar.

— E então, o que tanto vê? — Ele perguntou se sentando ao meu lado no galho.

— Nada. Você não acha que o Gancho está muito quieto esses dias?

— Hmm. Devemos fazer uma incursão? — Um sorriso malicioso surgiu no rosto do fada e eu lhe sorri de volta.

— Não podemos perder a chance de uma aventura — Falei e então pulei do galho para uma queda que seria mortal a qualquer pessoa, sentindo o vento bater com força contra o meu corpo, agitando o meu cabelo e as roupas. Mas não para mim.

Aterricei no chão úmido da floresta, meus pés descalços quebrando alguns galhos conforme eu andava ouvindo o bater das asas que mantinha Minhyuk pairando no ar proximo a mim. Suas asas batiam como as de um beija-flor, tão rápido que mal podia ver o brilho delas ou o pó que parecia purpurina e caía como o pólen que o pássaro levava em suas penas depois de ir de flor em flor.

Hook & Pan (MONSTA X)Onde histórias criam vida. Descubra agora