Karl

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        Eu e a Hemilly nos conhecemos melhor com o tempo, depois de alguns meses começamos a namorar. Um ano se passou, eu estava planejando algo para a próxima semana. Esperava que ela fosse lembrar do nosso aniversário de namoro. E então, depois de pensar a noite toda sobre isso, decidi, por fim, levá-la ao Kynners Park, um parque que estava passando por Massachusetts esse mês.
        Falei com Tris e ela me ajudou a distraí-la aquela semana para eu comprar um presente a ela. Sinceramente eu não tinha a mínima ideia do que comprar. A Hemilly costumava jogar comigo quando está lá em casa e não me dizer os presentes que ela queria que eu comprasse para ela. Eu estava perdido. Pensei bastante e me lembrei que ela gostava de música clássica, tinha um piano velho lá em casa que minha mãe me ensinava a tocar quando eu era pequeno, mas aí eu parei com o tempo. Eu sabia que Hemilly gostava das músicas de Chopin, Mozart e Beethoven, então pensei em tocar Chopin - Ballade No.1 in G minor, op.23. É uma bela música, sabia que ela gostaria.
          

                       ***


      Fui pedir ajuda a minha mãe, mas quando ia bater na porta do quarto ouvi meu pai falando no telefone.

-... Sim, eu sei maninha... pagarei as contas do hospital por aqui o mais rápido possível...é, eu entendo, não precisa se preocupar...falarei com Karolyne e farei o que puder... cuide bem dela. Tchau!

        Ele desligou o telefone e olhou para mim.

-Ah, oi filho! Precisa de algo?

- Quem era?

- Sua tia Amanda. Ela estava me dizendo que sua avó não está muito bem. Ela está no hospital, estamos cuidando de tudo. Ficará tudo bem.

- Nós voltaremos a Nova Jersey?

- Não. Não por enquanto.

        Ele olhava para mim, mas percebi que seus pensamentos estavam longe. Depois de um breve silêncio, ele se aproximou e bagunçou meu cabelo, como sempre fazia quando eu era menor.

- O que você queria por aqui?

- Ah, eu queria saber onde está a mamãe, preciso da ajuda dela em algo.

- É? E seu pai não pode te ajudar?

- A não ser que você saiba tocar Chopin, não.

- Não é justo! - ele me olhou sorrindo e com um magoado em seu rosto. - nem todo mundo sabe tocar piano como você e sua mãe! - sorrimos - Ela está na sala.

- Obrigado.

        Desci as escadas e fui pra sala, mamãe estava revendo os álbuns da família. Uma lágrima escorreu seu rosto enquanto via uma foto. Na foto tinha ela aparentemente grávida de mim.

- Mãe?

- Karl! Oi querido. - ela enxugou seu rosto com as mãos.

- Eu estou aí? Digo, dentro da sua barriga?

- Hã... sim.

- As vezes me pergunto como fui tão pequeno.

- Vem aqui querido. - Ela estendeu o braço e me colocou em seu colo. - como você era fofo!

- Era?

- Ainda é. Mas agora não posso mais cuidar de você como cuidava antes, não posso mais segurá-lo em meus braços. - ela derramou algumas lágrimas e continuou - Como o tempo passou rápido!

Toquei seu rosto.

-  Ei. Eu não morri, só não sou mais um bebê. Mas preciso da sua ajuda mãe.

A Barreira Entre Nós (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora