Passei os últimos dois anos pensando que minha felicidade nunca acabaria. Eu continuava com Hemilly. Jake e James ainda eram os palhaços da turma e Tris ainda era uma das garotas mais bonitas. Até que tudo se acabou com apenas uma notícia que meu pai me dera em uma tarde fria de inverno.
- Voltaremos a Nova Jersey.
Parei e o encarei.
- O quê?! Você tá brincando né?! Porque não tem graça isso. Minha vida tá aqui, você não pode estar falando sério.
- Karl... me perdoa.
Não falei nada, fiquei sem reação, apenas sentia lágrimas escorrerem pelo meu rosto enquanto via toda minha vida em Massachusetts passar em minha mente num segundo. Eu me afastaria de tudo que amo.
- Por que?! - eu disse gritando enquanto chorava e lentamente me ajoelhava e dava um soco no chão como se ele fosse o culpado por tudo.
- Karl... eu sei, você vai ter que deixar tudo aqui. Mas sua vó... Ela... - ele começou a chorar - ela morreu Karl!
Isso realmente foi como se uma parte de mim estivesse morrido. A minha vó paterna sempre foi como minha segunda mãe, me mimava, brincava comigo, cantava para mim quanto eu era criança, tudo.
***
Hoje resolvi sair um pouco de casa, para respirar um pouco e esquecer dos meus problemas. Mas quando tento esquecer, me lembro do que quero esquecer, eu sei, é confuso. As vezes eu só queria fugir, comprar uma passagem pra um lugar que nem mesmo eu sei o nome, apenas levar meus amigos e algo que eu possa sobreviver. Não sei... talvez seja um estado natural antes da morte, será que vou morrer? Ok, agora eu estou exagerando, não tem estado antes da morte, se fosse por isso talvez as pessoas poderiam evitá-la, será que um dia a ciência vai ser capaz de inventar algo assim? Não, é impossível. Se não posso esquecer dos meus problemas, então vou tentar solucioná-los. Primeiro, sinto como se tivesse um vazio eterno em meu coração, minha alma, meu ser... sinto como se minha vida não fosse essa... Talvez porque meus desejos ou "queres" não sejam os mesmos de todas as pessoas. Todo mundo pensa em ser rico e morar numa mansão, eu não. Todo mundo quer ser reconhecido, mas eu prefiro o anonimato. Todo mundo está disposto a dar a vida dos seus amigos pela vida pelos seus pais... pois é... eu não... Claro, eu não quero que eles morram, mas não trocaria meus amigos por eles. Todos colocam o estudo em primeiro lugar, mas pra mim a amizade e o amor está acima de tudo, exceto Deus claro. Todos sempre almejam a paz, mas esquece que para termos paz, é necessário guerra e eu tenho como suporte de combate... meu ego, minha filosofia... eu, apenas eu para me defender, quanto mais eu penso em quem poderia me ajudar, mais eu percebo que não há ninguém que eu possa dividir minha dor.
Segundo, minha vó morreu. Meu porto seguro caiu, meu muro desabou. Por quê? Porque a base, de tudo, meus pensamentos, minha sabedoria, minha luz que sempre me guiou... simplesmente apagou. Se foi. Tudo o que me resta são lembranças.Amanhã viajarei de volta a Nova Jersey para o enterro dela. Fui me despedir de Hemilly com um beijo, um abraço e um rio de lágrimas em seu rosto. Falei também com Jake e James e dei um abraço neles. Dei um beijo na bochecha de Tris e voltei em casa para descansar.
***
Entro no quarto do meu pai no dia seguinte e vejo ele ouvindo áudios de minha vó falando com ele. Em um dos áudios ela dizia com sua voz doce e aconchegante "... obrigada pelas flores! Saudades de vocês, mande um beijo para o Karl e para..." meu pai me vê e pausa o áudio, respira fundo e me diz:
- Oi filho. - ficamos um tempo em silêncio. - Está pronto?
- Pronto eu nunca vou estar.
- Tem razão, suas malas estão prontas? - movimentei a cabeça dizendo que sim.
- Aonde será o velório?
- Na igreja que ela frequentava.
- Não acha que deveria ser só para família?
- Não filho. Sua avó era muito querida, temos que dar a oportunidade pra eles se despedirem dela uma última vez.
Meu celular toca em meu bolso. É mensagem da Hemilly dizendo "adeus Karl... te amo, sempre te amei e sempre te amarei não importa quanto tempo passe, porque nós somos um só" dei um leve sorriso e segui meu pai até o carro. Ficamos esperando umas meia hora no aeroporto até o avião chegar e nos levar rumo a Nova Jersey. Quando chegamos ficamos em uma casa que tínhamos lá, ela estava totalmente empoeirada e suja como se ninguém pisasse lá há séculos, mas não demoramos muito e fomos logo ao velório.
Começou umas 15:00 horas e acabou lá pras 16:40. Seguimos o carro em que estava o corpo até o cemitério e rezamos por ela bem na hora em que o sol estava quase se pondo, coloquei flores e um boneco que ela me dera quando eu tinha 7 ou 6 anos em cima da terra onde ela estava enterrada.
- Me desculpe por tudo vovó. Me perdoe por não ter ficado com a senhora esses últimos anos, mas saiba que eu nunca esquecerei dos seus ensinamentos.
Todos saíram e eu fiquei ali por um tempo ajoelhado e imóvel, me culpando por tudo e derramando lágrimas. Depois de uns minutos sai andando pelo cemitério e lendo algumas mensagens deixadas nos túmulos até encontrar algo que me fez lembrar de muitas coisas da minha infância e claro, a derramar mais e mais lágrimas, o sol estava se pondo e o vento estava forte, minhas lágrimas eram levadas pela sua força...um tumulto de coisas vieram em minha mente... amores perdidos... esquecidos... saudades... tudo. Vi em um túmulo a seguinte mensagem... 'nós nunca a esqueceremos... você foi uma ótima filha, amiga e namorada...
"descanse em paz.... Sophie"
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A Barreira Entre Nós (FINALIZADO)
Teen FictionEsta é uma história em que envolve drama, mistério e romance. Karl está a procura de um antigo amor que um dia fora tirado dele sem lhe dar o direito de dizer não. Descontentado com a separação, Karl volta a sua antiga cidade e descobre que Sophie...