Antonella
Quando desfizemos o beijo senti que não estava tão vermelha como antes, me deparei com os olhos castanhos de Pietro, que me prenderam por um momento.
- Pietro.
Não pude dizer muito, ele logo me beijou de novo, dessa vez foi intenso, sufocante, mas não tinha problema, era um beijo dele, me entreguei aos poucos. Até que a falta de ar nos fez separar.
- Eu poderia. – Dissemos juntos, demos uma leve risada.
- Pode dizer. – Deixei ele falar.
- Não, por favor, você primeiro.
- Eu, você, nós...poderíamos...essa noite...dormir...juntos? – Disse finalmente, morrendo de vergonha, olhei para ele que estava com o olhar fixo. – Não me entenda mal, só vamos dormir, nada mais, você não é obrigado, só se quiser...
Estava completamente sem jeito pedindo aquilo. Pietro pareceu sair de um transe, deu outra risadinha.
- Calma, só estou completamente supresso de você ter pedido isso. Claro que podemos dormir juntos, vou me trocar e volto.
E meu marido saiu do quarto, ainda era estranho reconhece-lo daquela forma, e pensar que a dois dias atrás não nos conhecíamos, e agora já estamos casados. E pensar que uma paixão podia florescer tão rápido com beijos tão...doces, ele era diferente, eu podia sentir, tinha algo que me atraia, eu só não sabia ainda o que era. Me levantei da cama, me arrumei, arrumei a cama e esperei, demorou para Pietro voltar.
- Oi, desculpa se demorei.
- Tudo bem.- Ele tinha uma caixa nas mãos.
- Isso, era para ser o seu presente de aniversário, mas, tiveram alguns problemas antes da viagem e só chegou no momento da festa, um pouco antes de sairmos.
Ele me entregou a caixa, não tinha decoração, era só uma caixa de papelão do tamanho de uma caixa de sapato, um pouco mais alto, e ela...se mexia? Quando abri vi um filhote de gato peludo, com olhos azuis e pelo branco na maioria do corpo e cinza em algumas partes.
- Pietro! Que lindo, eu adorei, estou sem palavras.
Eu sempre gostei muito de animais, e já tive alguns, entre peixes e hamsters, e dois cachorros, a primeira, Pink, não se adaptou a vida de apartamento que tinha, o segundo, Lok, teve uma boa vida até morrer de velhice.
- É linda na verdade, é uma fêmea, eu sei que você gosta muito de animais, então, foi assim que escolhi um presente, a achei em um site de adoção na cidade vizinha. Infelizmente a gata ficou doente, e demorou um pouco para se recuperar, e está bem agora.
- Ela é tão pequena. – Peguei da caixa, ela era um pouco mair que minha mão. - Tão pequena, já mostrando que é forte.
Passava de leve a não na cabeça dela, olhei para os olhos dela, tão redondos, azuis e curiosos como quem dissesse " Quem é você? " achei aquilo uma graça.
- Ela é uma mestiça de Ragdoll e Maine Coon, ou seja, essa gata vai ficar grande. Que nome damos a ela?
- Piccola. – Ela se acomodou em meu colo, parecia que ia dormir.
- Gostei, dar o nome de pequena a uma gata que vai ficar grande. – Pietro deu um carinho em Piccola.
- Como vamos fazer? Viajamos amanhã, ela vai ficar aqui?
- Sim vamos deixa-la, não vamos ficar fora muito tempo, ela tem que se acostumar com a casa, além disso, há muitos lugares que vamos que não são permitidos animais. Não se preocupe, minha mãe prometeu cuidar dela.
Consenti, triste, Piccola mal chegou e não deu tempo de aproveitar, aliás eu mal cheguei e já vou viajar de novo.
- Podemos comprar algumas coisas para ela durante a viajem. – Tentei me animar com isso.
- Ótima ideia. – Pietro concordou. – Outra ótima ideia agora é ir dormir.
Eu concordei, nos deitamos na cama, deixai Piccola do meu lado, bem embaixo do meu queixo.
- Bons sonhos. – Desejei.
- Serão bons se sonhar com você. – Dei um risinho, Pietro e seu jeito galã de ser.
Pietro
Acordei com algo felpudo roçando o meu nariz, quando abri os olhos, não me surpreendi com a calda de Piccola bem na minha frente. Me levantei, olhei para a janela, já era manhã do outro dia, olhei de novo para cama, vi Antonella, ainda dormindo, com um sorriso discreto, a gata estava bem na frente dela, como se admirasse. Peguei Piccola no colo.
- Você também gostou dela à primeira vista, não é?
Enquanto a acariciava, deu um miado fino. Que acordou Antonella.
- Bom dia. – Falou se espreguiçando.
- Bom dia. – Respondi.
- Que horas são?
- Umas, 7:50.
- Que horas nós vamos?
- 9:00
- Acho que vou aproveitar esse momento para ficar com meus pais e com Piccola.
- Também acho. – Hoje os pais dela vão voltar para o Brasil, eles merecem ficar juntos até último minuto.
-Quebra de Tempo-
Estávamos no aeroporto, Antonella se despedia dos pais, o voo deles iria sair primeiro.
- Pegou tudo Pietro? – Minha mãe se aproximou. – Roupa de frio? Guarda Chuva? Bateria do celular? Está com tudo?
- Estou mãe. – Ela nunca vai aceitar que não sou mais uma criança.
- Querida, nosso filho não tem mais 8 anos, vai dar tudo certo. – Meu pai disse.
Eu concordei, os pais de Antonella foram embora e agora era a nossa vez. Entramos no avião, iriamos passar cinco dias em Roma e mais cinco dias em Veneza, iriamos aproveitar. Eu não sou muito acostumado a viajar de avião, fiquei um pouco receoso.
- Você está bem? – Antonella parecia preocupada.
- Estou ótimo. – Respondo apressado.
- Você está soando frio.
- Não é nada, só não estou acostumado. Prefiro o chão.
- Entendo, vai ser tranquilo, mastiga isso. – Ela estendeu um chiclete. – Mastigar alguma coisa vai distrair você do nervosismo.
- Obrigado. – Aceite.
A aeromoça começou a dar explicações de como se comportar durante o voo, e o avião saiu. Agarrei na poltrona, aquela lata voadora tremia, mas Antonella segurou meu braço e sorriu, me senti mais confortável assim.
- Só uma hora de viagem. - Tentou me confortar.
- Sim.
- Hum... Vamos distrair você, pense em como vai ser a viajem, o que vamos fazer, o que vamos comer, aonde vamos ir.
- Ok, vou fazer isso. – Sorri com a ideia. – E você?
- Eu só sou especialista em uma coisa, dormir durante as viagens, mas pode me acordar se quiser.
- Tá. Se eu entrar em pânico de novo te acordo. – Ela sorriu e virou a cabeça.
Não demorou muito para Antonella dormir, com o rosto pacífico e o leve sorriso. Estou tão feliz, finalmente estou com a pessoa que sempre fui apaixonado, e ainda melhor e ela também estar gostando de ficar do meu lado.
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Entre o amor e o perigo
RomanceUm casamento arranjado entre uma moça brasileira e um nobre italiano. Por que? Por causa do sangue, ela é descendente de uma antiga família nobre também, que se refugiou no Brasil durante e depois da segunda guerra mundial. Eles cresceram sabendo de...