28 de julho de 2017
Acordo com o despertar do meu celular exatas 6h da manhã, levanto apressada pois não gosto de me atrasar, vou direto pro banho me arrumo, pego minha magrela vulgo bicicleta, e vou pra escola.
Enquanto ouvia AC/DC, noto 2 sujeitos meio inquietos pouco à frente, e já começo a pensar nos bons momentos que passei com meu celular.
Tento ao máximo me distanciar mas eles me alcançam, e anunciam o assalto.
–Bora bora, passa o celular, se fizer merda perde a bike, vamo caralho. –esse aparentava ter uns 20 anos, tinha olhos castanhos, como pedacinhos de brownies, usava um boné preto que tentava mostrar a cara dele o mínimo possível.
Enquanto o outro, parecia mais novo, uns 16 anos, sua pele era clara e não usava nenhum tipo de máscara, ele olhava pros lados.– logo entreguei meu celular com os fones, e meu coração acelerado.
O mais velho empurra a bicicleta e ela cai por cima da minha perna, eu rapidamente coloco a mão pra tentar diminuir o impacto enquanto os dois saem correndo.
Eu levanto a bicicleta com a mesma mão que estava apoiada na intenção de não me machucar, mas observo a vermelhidão começando a aparecer em minha canela. Boa parte de mim não se importa muito.
Aflita, consigo prosseguir com meu caminho pra escola, sentindo falta da música que deveria tocar em meus ouvidos, e cantarolo melodias sem sentido enquanto olho ao redor e vejo a rua vazia.
Chegando na escola coloco minha bicicleta encostada numa parede e passo uma correntinha com um cadeado pelas rodas na esperança de não ser roubada de novo, e sigo meu caminho pra sala.
Está muito frio nessa manhã, me encolho mais no moletom esperando ficar mais aquecida, enquanto caminho na direção da minha querida e adorada turma.
Chego e sento em meu lugar e enquanto o professor não aparece começo a pensar no assalto, acho que foi a coisa mais interessante que aconteceu na minha vida até hoje.
Estalo meu pescoço ouvindo o amistoso barulho das articulações se movendo, enquanto penso se poderia ter evitado o desagradável acontecimento se eu acordasse um pouco mais cedo, ou me atrasasse ou pouco mais, gosto de analisar os acontecimentos e pensar nas possibilidades, mas não podemos viver de "e se" gosto mais de manter os pés no chão, não viver de ilusões.
A propósito, meu nome é Saura, meus pais gostavam muito de astronomia, acabei herdando esse amor, eles olhavam para a estrela Shaula da constelação de Escorpião quando minha mãe contou que estava grávida.
E meu nome é em homenagem a mesma. Hoje foi um dia meio louco.
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As Estrelas Também Falam
General FictionHistória contada pelas próprias palavras de Saura, em seu pequeno diário. Ela escreve seu dia-a-dia que ficou meio insano com o passar dos dias. Mortes. Acreditar no impossível. Ela conhece um "ser" curioso. Tudo muda "Estrela, estrela, como ser...