4 de setembro de 2017
Peço desculpas por ter ficado esse tempo todo sem escrever. Mas..
Eu.. Eu me sinto confusa diário.
Na verdade, entediada seria a palavra... Não tem mais graça viver.
Eu pensei que seria o máximo ter esse poder. Mas todo mundo faz o que eu quero.
Não tenho mais dificuldades... Não tenho desafios.
Tive a melhor parte da minha vida nesse pequeno intervalo de tempo.
Eu fiz coisas incríveis. Eu visitei florestas, domei os cavalos mais selvagens. Não foi difícil na verdade, eles queriam me servir mesmo.
Eu andei de avião, aqueles que você consegue ver tudo em volta. Foi incrível! Altura é realmente o meu forte.
Fui pra cama com os caras mais atraentes das redondezas. E mulheres também.
Eu fui a diferentes festivais de música, experimentei vários tipos de drogas.
Eu acho que vivi o suficiente, diário.
Não sinto mais animação pra nada. Já fiz tudo que eu queria. E todo mundo querendo te servir o tempo todo, é pra lá de chato e irritante.
Eu fiz 3 pessoas se matarem. Mas não foi exatamente proposital...
Diário, o que eu faço? Não tem mais graça, nada tem graça.
Eu me levanto da cama, coloco um casaco e saio pela rua pedalando.
Quando resolvo destruir tudo que conheço.
Foi um pensamento totalmente involuntário, mas não liguei, gostei da ideia.
Corri para a praia, e chegando lá, ordenei aos oceanos que adentrassem a cidade e tudo que conseguissem.
O mar passou por mim velozmente, feliz em me obedecer, e eu vi os prédios e casas serem inundados rapidamente.
Eu escuto gritos, pedidos de ajudas, rezas, orações. Escuto o desespero em cada alma que saía da Terra hoje.
Eu admirava tudo aquilo, sentada em uma pedra, observando tudo; sendo esquentada pelos raios de sol que estava quase se pondo.
Me cansei e disse para a água voltar pro lugar.
Os mares cessaram e voltaram para onde estavam, e voltaram ao estado calmo.
Os poucos que sobraram vivos, estavam tossindo, cuspindo água, encharcados e confusos.
Andei um pouco, e mandei os ventos fazerem um furacão.
Eles se juntaram e formaram um redemoinho imenso! Ele girava fortemente, destruindo tudo que estava na frente.
Não demorou muito e a cidade estava completamente destruída.
O redemoinho logo desapareceu no horizonte, deve tentar destruir mais coisas. Ótimo.
Não deve ser justo eu acabar com o planeta, por estar irritada, certo? Mas eu não ligo.
Me tornei egoísta demais.
Depois de não ter nada para destruir. Resolvi ir no bosquinho.
Não falava com a Anciã desde a morte de Kastra. Talvez ela me aconselhe.
Indo em direção ao bosque, que estava todo destruído, exceto a parte onde eu costumava me deitar, sorri vendo isso.
Me deitei, já era noite. E esperei a Estrela me contatar.
–É uma bela noite, e uma estranha situação, não acha Saura?–a suave voz se fez presente em meio a meus pensamentos
–Sem dúvidas, Anciã! – penso sorrindo
–Está feliz com o que causou ao mundo?
–Na verdade, não, não sei o que estou sentindo. Mas eu não aguento mais isso Estrela! Esse poder não é tão incrível quanto eu imaginei.
–Entendo, Saura. Ninguém até hoje gostou desse poder, que mais parece um fardo
–Ninguém? Quer dizer que mais pessoas tiveram acesso à esse poder? –pergunto curiosa e em dúvida.
–Sim! Todos acabaram como você. Eles destruíram o mundo. Como vocês chamam aqui? Dilúvio? Foi causado por Robbert. Muitos anos atrás. Ele também se irritou com tudo e descontou no mundo.
–O famoso dilúvio foi causado por alguém que também tinha esse poder?
–Foi sim, muitos desastres, de milênios atrás.. foram causados por isso também. A humanidade foi extinta e recriada várias vezes, pequena Saura. Tão pequenos..
–Caralho! Isso é louco demais! –eu penso impressionada!
–E então, Saura, o que planeja fazer agora?
–O que os antigos humanos faziam quando o mundo acabava?
–Todos se mataram.
–Mas.. Uau.. –eu não deixo de ficar receosa pensando sobre.
–Vai se matar também, Saura?– a Estrela me pergunta, parecendo desafiadora
–Talvez.. Já pensei sobre isso. Mas.. ESPERA! –eu penso alto, lembrando de algo crucial! –Estrela?
–Diga, Saura
–Eu tenho uma ideia!
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As Estrelas Também Falam
General FictionHistória contada pelas próprias palavras de Saura, em seu pequeno diário. Ela escreve seu dia-a-dia que ficou meio insano com o passar dos dias. Mortes. Acreditar no impossível. Ela conhece um "ser" curioso. Tudo muda "Estrela, estrela, como ser...