"Encontro"

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30 de julho de 2017

Indo em direção ao ponto de ônibus, pois infelizmente não tenho minha magrela comigo, carrego um olhar não fixo em nada, e sento num lugar vago ao lado de uma senhora.

O tempo passa e quando me dou conta estou caminhado em direção aos portões da escola, e apago o cigarro que tragava –que mal lembrava tê-lo acendido– numa banqueta por ali, nem percebi o tempo passar.

Vou em direção à sala olhando pra baixo, com vergonha de mim mesma; quando esbarro em alguém e torço com minha alma, para não ser Aydan.

Adivinha quem era?

O professor de matemática, mandou eu tomar cuidado e não esbarrar em mais ninguém, e seguiu seu curso. Suspirei aliviada e entrei na classe.

Abaixei minha cabeça na mesa na esperança de ter um sono mais longo, quando alguém me cutuca, olho com ódio e percebo que é Aydan, meu ódio se dissolve e é substituído por medo e angústia.

—Ei, desculpa por ontem, eu não sei o que deu em mim! Sua bicicleta está onde sempre a deixa, me perdoa mesm.. – eu o interrompo dizendo:
–Aydan cai fora, esquece que isso aconteceu, seu merda, segue sua vida longe de mim. – disse sentindo o ódio voltar enquanto ele caminhava cabisbaixo e eu voltei a dormir.

Acordei com o sinal tocando, pensei por um momento por que caralhos eu vim pra escola hoje se dormi a aula inteira, dia perdido, mas pelo menos tô com o sono normal agora.

Corro em direção ao amor da minha vida e a abraço, enquanto passam pessoas ao meu lado rindo de mim e me chamando de esquisita.

Pedalo pra casa calmamente tentando apagar minha memória. Sem sucesso chego em casa e ligo o computador, a primeira notificação era que teria uma chuva de meteoros esta noite! Animada resolvo lavar minha casa, que não conhecia água há alguns meses.

Enquanto lavava eu só me concentrava na água e no esfregão, nada mais. E momentâneamente esqueci das coisas que me chateiam, e decidi fazer aquilo mais vezes.

Quando olhei pro céu estava anoitecendo, e uma mistura de amarelo rosa e azul dançavam ao redor das nuvens, eu simplesmente amava o céu.

Dou uma olhada na previsão e me certifico de que não irá chover esta noite, e pedalo em direção ao bosquinho ansiosa para devorar o céu.

Chegando lá torci com todas as minhas forças para aquele desgraçado não estar lá. Pra minha sorte, não havia nada além de grama e o sereno, e é claro, o majestoso céu.

Me ajeito no meu cantinho e admiro aquele infinito enquanto não avistava nenhum meteoro.

Eram tantos pontos brilhantes, cada um cintilava de uma maneira diferente, podia jurar que estavam tentando chamar minha atenção, e sorri com esse pensamento e acabei acenando para as estrelas.

E eu fui inundada por uma vontade de conversar com elas, queria que elas pudessem me ouvir e me responder.

Quando de repente escuto uma voz na minha mente, uma voz tão doce e ao mesmo tempo majestosa, e por incrível que pareça eu não me assustei:
–Uma bela noite, não é Saura?
–É o que??– eu respondi confusa – quem é você?– completei olhando para os lados na esperança de encontrar alguém
–Estava olhando pra mim segundos atrás. Não tenho nome, mas podes me chamar de Estrela Anciã, – a voz novamente se manifestou
–Ah sim, uma estrela falando comigo.. – a respondi sarcástica pensando que estava começando a ficar louca
–Desnecessária a sua ironia senhorita Saura. Não acredita no impossível?
–Certamente acredito, mas isso é meio extremo- simplesmente penso, pois as "conversas" estão acontecendo em minha mente
–Ora, fique tranquila, estou aqui por que eu ouço seus pensamentos e suas preces minha querida Saura. –nessa hora um arrepio correu por minha espinha até chegar no meu crânio
–Eu deveria me preocupar?
–Pode se quiser, o medo é um sentimento comum para os humanos, ele é bom, as vezes te livra de situações desagradáveis, ou te priva de sentir coisas maravilhosas, você decide o que quer evitar
–Parece muito sábia, Anciã, posso perguntar quantos anos tem?
–Anos? O tempo é algo totalmente relativo, minha cara, é de qualquer forma, sou mais velha que ele... Em resumo presenciei uma bola que gira em torno de outra bola menor que gira em torno de outra bola menor ainda. Observo tudo daqui, e me divirto vendo suas vidinhas habitadas na Terra.
–Uau.. –foi tudo que eu consegui expressar diante de informações desse porte –Já que tem tanta experiência pode me dar um conselho?
–Claro, tudo que eu lhe digo, é para ouvir teu subconsciente, você sabe o que quer, e vais conseguir. Até logo querida Saura. – e a doce voz foi se esvaindo de meus pensamentos, e naquele momento compreendi o que estava acontecendo. Pelo menos eu achava.

Ao finalizar esse pensamento, presenciei o primeiro risco brilhante no céu, seguido de outro e outro, e assim, a primeira chuva de meteoros do mês!

Fui de volta pra casa algumas horas depois e tentei dormir, quando o despertador tocou anunciando 6h da manhã. Me apressei pois não gosto de me atrasar.

Ps: Pra quem não compreendeu, quem falou com a Saura foi uma Estrela, a Estrela Anciã, e as conversas aconteceram na mente de Saura.

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