Capítulo 20

2.8K 145 51
                                    

Karol

Sempre fui muito focada na dança, mas dessa vez fui aterrada pelo medo e mais ainda, pela saudade da minha irmã. Óbvio, desde que cheguei na academia já tinha feito apresentações, mas nunca pra um público tão grande, geralmente eram alguns professores e alunos. Por alguns minutos eu realmente pensei em desistir, mas chegou um príncipe sem cavalo branco e com lindos girassóis na mão pra me acalmar, o que me deixou contente e mais tranquila. O convite pra jantar me pegou totalmente de surpresa, tanto que fiquei atônita por alguns segundos me perguntando se aquilo era real ou coisa da minha cabeça. Sim, a gente tinha saído junto algumas vezes, só nós dois, mas na maioria eram programas mais simples, coisas que amigos geralmente fazem (praia, shopping, assistir partidas de jogos, etc.) e no fim do dia sempre encontrávamos nossos amigos, que apareciam pra avacalhar qualquer chance de rolar um romance.

Eu tentei não olhar, juro que sim, mas durante toda a apresentação parecia haver um imã que levava meus olhos ao encontro dos dele. E a forma com que ele me olhava fazia com que eu me sentisse poderosa, capaz de fazer qualquer coisa em cima daquele palco. Esse poder e confiança que ele me passou só com aqueles lindos olhos marrons e um belo sorriso estampado no rosto me fez ser aplaudida de pé quando a música parou de soar nas caixas de som. Me senti realizada, orgulhosa, e feliz. Feliz porque sabia que tinha conseguido realizar o meu sonho, que cheguei aqui graças ao meu esforço e as pessoas mais importantes na minha vida: meus pais, que vieram do México só pra me ver hoje, Valentina, Michael, Maxi, Agustín e o belo moreno que fazia meu coração acelerar cada vez que me olhava, Ruggero. Sentados à primeira fileira de cadeiras, gritando, aplaudindo e mostrando o orgulho que sentiam por mim. E eu sabia, por mais que não estivesse ali junto com eles, onde quer que esteja, que Isabella também estava orgulhosa de mim. Lágrimas de felicidade caíram quando eu me curvei em agradecimento e a cortina baixou.  

--

Meus pais foram pro meu apartamento, estavam cansados da viagem pois chegaram horas antes da apresentação e não tiveram tempo de descansar. Valentina, por sua vez, preferiu ficar na casa do Mike enquanto meus pais estivessem na Argentina pra nos dar um pouco mais de privacidade em família. Antes de sair, avisei que sairia pra jantar com Ruggero, recebendo um olhar desconfiado das duas pessoas responsáveis por me colocar no mundo e um "ele é lindo!" sussurrado em meu ouvido da parte da minha mãe.

Não sabia que tipo de restaurante iríamos, mas tinha levado na bolsa um vestido reserva que caía perfeitamente pras ocasiões do tipo 'não sei pra onde vou'. Era cinza, tubinho, batia na metade da minha canela, no estilo midi, elegante porém casual ao mesmo tempo e deixava minha forma pra lá de bonita. Se encaixava em ocasiões do tipo restaurantes chiques e ao mesmo tempo lanchar no McDonald's, era só usar os assessórios corretos. Como estava de noite, combinei-o com uma sandália de salto que Valentina estava nos pés (trocamos: ela ficou com meu oxford preto e eu com a sandália de salto dela. Essa é a vantagem de calçar o mesmo número de sapatos que sua melhor amiga), soltei meus cabelos e tirei o batom forte que tinha usado na apresentação, substituindo por um mais claro e neutro pra não chamar tanta atenção.

Peguei minha bolsa e saí da academia em direção ao estacionamento, encontrando Ruggero sozinho, encostado na lateral do carro, observando atentamente o celular. Estávamos a poucos metros de distância, mas ele parecia tão submerso no mundo virtual que não notou minha presença. Peguei meu celular e resolvi mandar uma mensagem enquanto caminhava até ele...

"Olha pra frente, mané."

Vi seu olhar levantar confuso após ler a mensagem e quando percebeu meu aproximar seu queixo caiu. Aquela cena me causou graça, mas contive meu riso e parei na sua frente.

Ruggarol: Através da TelaOnde histórias criam vida. Descubra agora