Ruggarol: Através da Tela

Capítulo 4

Karol

Calma, Karol, respira. Se segura até entrar no banheiro pelo menos. Quando finalmente saí de seu campo visão, sabe aquelas horas que aparece uma barata e você fica com medo, dando pulinhos pelo chão até vir alguém pra matar? Então. Mas nesse caso não tinha barata, era só alegria mesmo. Quem diria né?! Parece que nem tudo é impossível nessa vida. Já mais calma, dei uma olhada no espelho pra ver se tudo estava ok e até que o estrago não era grande. Retoquei o batom, penteei com os dedos os cachos meio bagunçados do meu cabelo, respirei fundo e saí, torcendo por dentro pra que ele já tivesse ido, porque eu não tinha tanta certeza se ia conseguir me controlar dessa vez. Bingo!! Corredor vazio!

Eu estava atrasada e o encontro já tinha começado quando entrei na sala; Ele estava de costas, por isso não me viu. Consegui sentar num lugar em que ele não podia me ver, mas eu podia vê-lo. Eu era uma das últimas, os produtores estavam colocando grupos de três pessoas pra falar com ele na mesma hora, devido ao curto espaço de tempo que tinham para terminar o evento. Mas mesmo conforme iam tirando fotos, o lugar nunca ficava vazio. Parecia que o amor que os fãs tinham por ele fazia com que quisessem aproveitar cada segundo daquilo; mesmo que já tivesse passado sua "vez".

Em um momento, uma mini fã que deveria ter seus 5, 6 anos de idade, entrou na sala correndo e chorando e se jogou nos braços dele. Não sei se ela não tinha o passe pra entrar, ou de onde ela veio, mas quando os seguranças se aproximaram pra tirá-la dali, Ruggero levantou a mão pra que eles não chegassem perto. Seus lábios se moveram em um "tudo bem" silencioso, pra que os seguranças, e quem mais quisesse interferir, não o fizesse. Foi, sem dúvidas, a prova de que esse homem era perfeito. A forma como ela chorava no braços dele, que já se encontrava agachado pra ficar na mesma altura da menina, e ele acariciava os cabelos dela, dizendo palavras de consolo que só ela podia escutar, limpando também as lágrimas que caiam sem parar de seu rosto. Definitivamente a cena mais linda que eu já vi na vida. Depois desse momento de fofura, as pessoas seguiram com suas atividades: tirando fotos, abraçando e dando presentes a Ruggero.

Despertei num pulo quando ouvi chamando minha senha. Me levantei com calma e enquanto caminhava, percebi seu olhar surpreso sobre mim a cada passo. Quando parei finalmente frente a ele, um sorriso não pode se esconder em seu rosto e tampouco no meu.

—Pelo visto você é minha fã... -ele falou sorrindo e estendendo a mão pra mim, para um cumprimento que, pra minha surpresa, quando apertei sua mão, fui puxada para um abraço.

—E quem não é?! -perguntei num sussurro.

O que aconteceu? Não me pergunte porque nem eu sei explicar. O tempo, mais uma vez, pareceu parar. Quando senti como ele encaixava sua cabeça na curva do meu pescoço e sua boca tocava minha pele, meu coração começou a bater acelerado e um arrepio percorreu minha espinha. Me afastei rapidamente pra que ele não percebesse as batidas rápidas do meu coração.

—Ainda tem mais fãs pra falar com você. -falei tentando disfarçar o real motivo de ter me separado do abraço.

—Ah, sim... claro. -ele respondeu sem graça e pegou a foto que estava entregando a todos os fãs e autografando para cada um. —E então, pra quem devo assinar?

—Karol. Karol Sevilla.

—Karol Sevilla... -ele repetiu pausadamente enquanto escrevia meu nome e assinava em baixo. —Bonito nome...