Malu.
2 anos se passaram e vocês devem tá se perguntando sobre a minha vida, ou a do Bernardo. Lembro me bem daquela noite no hospital, Bernardo sem respirar e o barulho da máquina era insuportável, eles o reanimaram várias vezes, tudo isso não o fez bem. Ele ficou em coma logo em seguida, os médicos perderam as esperanças depois de 1 ano, falavam todos os dias que ele não ia acordar e eu? Não acreditava em mais nada. O pai do Bernardo decidiu que iria levá-lo pra casa mesmo naquelas condições, os médicos deram todo o apoio. Lógico que eu não concordei com isso, eu só queria que ele descansasse em paz, o mínimo. Eu nunca entendi bem o que aconteceu naquele dia e odeio lembrar.
Decidi seguir minha vida depois de 1 ano e meio, não foi fácil e ainda não é, ter que explicar tudo pra Sophia, que ainda me pergunta sobre o pai, eu realmente sei que o Bernardo não iria querer isso, até porque sei do seu jeito... Não iria querer me ver com ninguém, além dele. Ah, e ainda tinha a Sophia, que estava bem grandinha e esperta, puxou ao Bernardo em algumas coisas. Ela sempre queria vê-lo, eu realmente não o reconhecia mais, não era o Bernardo deitado ali naquela cama, ele estava muito diferente.
Agora moro na minha própria casa, não muito longe do condomínio do pai do Bernardo. Continuo dando aula de ballet para uma academia grande da cidade...Acordei cedo para fazer o café, Sophia dorme comigo todos os dias, diz que tem pesadelos e eu realmente acredito. Era um sábado, 8 horas da manhã no relógio do celular. Abri a porta do quarto e fui direto pra cozinha, deixei a Sophia dormindo e preparei misto quente para nós duas, junto com achocolatado.
— Oi mãe, bom dia — Escutei uma voz de sono, me virei e encontrei com a Sophia esfregando o olho.
— Bom dia meu amor, vai escovar os dentes pra gente comer. — Falei colocando a comida na mesa.
— Pra que escovar os dentes... Se eu vou comer agora e sujar tudo? — Resmungou virando as costas e pisando fundo pela casa.
(É nessas horas que eu sinto falta do Bernardo como pai.)
A campainha tocou e eu fui atender, já sabia quem era. Girei a maçaneta da porta e dei de cara com o Diogo. Ele olhou a casa e me deu um selinho demorado, retribui o mesmo e dei espaço pra ele entrar.
— Cadê ela? — Perguntou pela Sophia.
— Tô aqui tio — Ela apareceu e o abraçou.
— Que saudade pequena — Ele retribuiu o abraço.
Diogo é meu namorado, não tem muito tempo, eu to me acostumando com essa ideia de namorar novamente, a Sophia não sabe ainda, não sei se desconfia pois é muito esperta, a gente evita de beijar ou fazer qualquer coisa perto, pois ela não gosta nada da ideia. Lua e Lucca me ajudaram muito nessa parte, ah, eles ainda estão juntos.
Com o Diogo eu me sentia adolescente de novo, era tudo novo pra mim, depois de anos...— Que cheiro bom, misto? — Ele foi andando pra cozinha e roubou um.
— Ladrão — Falei e logo em seguida ri.
Sophia sentou-se na mesa e comeu, faminta. Eu fiz o mesmo, Diogo comia e às vezes me olhava, como sempre fazia, ele estava sempre me olhando, e eu não me acostumei ainda.
Lancei um olhar pra ele, do tipo "para de encarar", ele deu uma risada cínica e parou logo em seguida, focando no seu pão. A gente nunca tinha feito nada, eu não estava pronta e não me sentia nem um pouco, não vou falar que não tenho vontade, óbvio que sinto, mas na minha mente só me aparece o Bernardo. Impossível!

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OBSESSÃO ll
RomanceAnos se passaram e muitas coisas mudaram. Bernardo, morto? Maria Luiza conseguiu superar a morte do Bernardo e seguiu sua vida com sua filha? Acompanhem para saber. Muita coisa mudou.