Eu acordei cedo como em todos os outros dias só que hoje estava animado. Pra que? Nem eu sei. Alguém que acabou de se mudar, não conhece nada ao seu redor, não tem amigos e não tem nenhum lugar favorito ou pelo menos, não tão perigoso pra ir, não deveria estar animado. Mas já que já estava de pé e o sono já havia partido, levantei.
Andar pela casa ainda era um sacrifício enorme, pois eu ainda não havia me acostumado. Desci as escadas devagar e no meio delas senti alguem me olhando. Pelo perfume descobri quem era.
-Não precisa ficar com medo, eu não vou cair.- sorri brincando
-Eu sei que não. É que é muito bom te ver acordado e feliz assim, oque houve? - falou me dando um beijo no rosto enquanto eu pegava alguns pães pulma para devorar no meu quarto.
-Nada na verdade. Acordei disposto e feliz. - peguei um suco e o ketchup, coloquei tudo na bandeja e segurei enfrente ao corpo. - Estava pensando em sair um pouco. - senti a preocupação em seu silêncio.- Mãe relaxa, eu vou ficar bem, só vou dar uma volta no quarteirão, não vou atravessar nenhuma rua nem nada. Posso?- esperei pelo "não" mas me surpreendi.
-Ok. Se você só vai dar uma volta no quarteirão que mal há?! Mas leve o Max com você, por favor.
-Ok, pode deixar. Max era o meu cão guia. Eu o ganhei pouco depois do meu... Bom, pouco depois de ficar assim e dês de então ele recebeu um treinamento de dois anos pra cuidar de mim e o fazia. Comi os pães no meu quarto e peguei uma blusa, optei por uma blusa de manga, uma calça jeans e um tênis. Tomei meu banho e penteei meus cabelos, tinha a impressão de que estavam mais oleosos.
Peguei a minha guia e chamei o Max. Prendi bem a guia nele e sai. Sai de casa, em uma esquina ouvi o barulho de bicicletas e de uma moto. Em outra imaginei que tivesse uma padaria porque o cheiro de pão quentinho estava muito bom e dava pra sentir de longe. Notei que haviam muitas árvores nas calçadas e tive que parar em uma delas pro Max se aliviar. Um pouco mais adiante, notei algumas pessoas que aparentemente levavam seus filhos para o colégio ou para a creche. Notei algumas crianças mechendo no Max mas ele não ligava, era um cachorro dócil. Pelas minhas contas estávamos prestes a dobrar a esquina, isso se eu tivesse conseguido.
Quando faltavam alguns passos senti alguem dobrar a esquina rapidamente. A pessoa parecia distraída pois mesmo que o Max tenha desviado acabamos trombando um no outro. Senti que com o impacto ela deixou algo cair. Exatamente, ela. Com aquele perfume era impossível que fosse um garoto.
*Ela*
-Que droga!- senti ela abaixando e imaginei que fossem papéis no chão. Abaixei também e peguei alguns deles. Senti ela me rodear para pegar outros papéis que haviam caído atrás de mim.
*Eu*
-D desculpa, e eu estava destraido. Não tinha a intenção de derrubar suas coisas ....- parei pois tinha a impressão de que ela me olhava. Acho que ela percebeu que havia parado por isso e resolveu falar. Sua vos era única, perfeita.
*Ela*
-Ah, é t tudo bem. Eu também tava destraida.- ela pegou as folhas gentilmente das minhas mãos, meio sem jeito. Depois ela abaixou e chamou algo. Claro! O Max. Quando abaixei pra pegar as folhas soltei sua guia. - Acho que ele é seu rs.- me devolveu a coleira.
*Eu*
-É, ele é. Obrigado.- notei que ela não havia levantado ainda, estava fazendo carinho nele. Apontei. - O nome dele é Max
*Ela*
-Aah, você é um fofo Max.- senti que ela havia abraçado ele no pescoço. - Eu sou a Sara. - Eu estava certo. Era uma garota. Resolvi me apresentar também.
*Eu*
-É, eu, sou o André, prazer.- estendi a mão. Ela apertou.
*Sara*
-Prazer. - Achei que ela ia se despedir mas ela continuou.- Você mora aqui perto? ? Desculpa a curiosidade, é que eu nunca vi você.
*Eu*
-Tudo bem. Eu acabei de me mudar rs- senti que ela estava espantada e surpresa.
*Sara*
-Voce é meu vizinho?!- senti ela levantar. - Mudou pra 224 virando a esquina não é??
*Eu*
-É!- fiquei espantado e surpreso por ela saber meu endereço. Mas pera, ela disse "vizinho"? Será que somos vizinhos?? - Voce mora na 222??
*Sara*
-Sim. E você na 224. Portanto você é meu vizinho.- ela pensou por um tempo. - Bom, nesse caso, seja bem vindo. - colocou a mão no meu ombro. Dei um sorriso. - Eu tenho que ir, mas você pode aparecer qualquer coisa, afinal de contas a gente é vizinho né. Rsrsrs.
*Eu*
-Nesse caso, até outro dia.- senti ela fazer um sinal positivo com a cabeça e sair. Fiquei ali por um tempo, ela parecia uma garota legal. Depois resolvi voltar pra casa.
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Apaixonada por um cego
Teen Fiction*André* É um garoto de 17 anos que se muda para uma nova cidade por conta de um passado um tanto turbulento, que lhe gerou problemas que terá de carregar para o resto da vida. Em meio a novas adaptações na casa nova, no colégio, no bairro e em sua...