Apaixonada por um cego

9

  Tive uma semana calma e vagarosa. Comecei a sair algumas vezes, principalmente para a sorveteira (meu lugar preferido). Com sorte encontrei a Sara todas as vezes que fui lá. Ela sempre vinha falar comigo e acabávamos conversando por horas. Falei pra ela que estudaria no San Diego e  adivinha? Ela também estuda lá. Disse que me apresentaria seus amigos e que eu logo logo estaria familiarizado. Não sei como nem porque, mas me sentia tão bem na sua presença. Parecia que podia contar tudo a ela. Confiava nela. E não estava errado, ela era uma garota maravilhosa. Tanto que me convidou para ir a casa dela, disse que me ensinaria o caminho e me mostraria o colégio. Agradeci mil vezes. Com meus pais trabalhando, não fazia a mínima idéia de como ir ao colégio.

  Acordei cedo e demorei um bocado pra escolher uma roupa legal. Acabei optando por uma blusa da Nirvana, uma calça jeans e um tênis. Depois de tomar um banho coloquei uma colônia que havia ganhado antes da viajem. Esperei o despertador marcando a hora que havíamos combinado e sai. Embora soubesse que ela gostava muito de cães, não sabia se era uma boa levar o Max então preferi deixa lo em casa. Já a minha bengala não levei por medo de quebrar algo. Cheguei na porta e toquei a campainha. Ouvi alguém descer as escada e logo em seguida abrir a porta. Pelo perfume vi quem era.

*Eu*

-Oie, tudo bem?- acenei e sorri.

*Sara*

-Ooie, tô bem sim. - ela parecia animada quando pegou minha mão e puxou para que eu entrasse. - Entra, vem. Você tá bem? - a ouvi fechando a porta e esperei que me levasse até algum lugar. Nunca tinha entrado na casa dela e ficava difícil andar por ali. Senti ela parar na escada que havia começado a subir. Ela desceu novamente. - Ah, desculpa. Vem comigo.- segurando minha mão me levou até a escada. - cuidado com os degraus.- falou depois de colocar minha mão no corri mão.

*Eu*

-Relaxa.- ri subindo as escadas. - E respondendo sua pergunta, eu estou bem. Obrigado. Senti ela colocar levemente as mãos em meus ombros e me guiar até o fim do corredor. Entramos em um local que eu imagino ser seu quarto. Ela pegou algo e levou a outro cômodo, depois voltou e disse.

* Sara*

-Bom, eu acordei tarde hoje então não tive tempo pra me arrumar, ainda.- riu. Senti que estava atrapalhada. - Tudo bem se você esperar um pouco? ?

*Eu*

-Tudo bem. - sorri. Mesmo sem enxergar tinha certeza que ela era uma garota linda. Não só de aparência mas de interior também. Tentei ser cincero e acalma la, afinal de contas, ela é linda de qualquer jeito. - Você com certeza deve ficar bonita de qualquer forma, mas, eu espero sim.- Senti que o efeito tinha sido contrario. Ela tava com vergonha. Tentei me desculpar.-Desculpa, eu não queria te deixar com vergonha. - senti sua risada dobrar como se a vergonha aumentasse.

*Sara *

-Relaxa, eu não tô não.- ela parou para pensar. - Já volto.- concordei e senti que uma porta fechava no canto do quarto. Como sempre minha curiosidade ganhou minha vontade de se comportar e eu comecei a andar pelo quarto. Me distrai olhando as coisas e nem vi o tempo passar. Tomei um susto quando ouvi a porta se abrir e não tinha certeza se era a do quarto ou a do outro cômodo.

*Eu*

-Desculpa, eu só tava curioso pra saber como é o seu quarto. - expliquei sem ter certeza se era ela.

*Sara*

-Relaxa, tá tudo bem.- ufa, era ela. Sara pensou por um instante e pegou minha mão.

*Sara*

-Vem cá, vou te mostrar. - disse segurando firme minha mão. Senti que me olhava e eu resolvi prestar atenção. - Bom, atrás de você está a porta do meu quarto, aqui tem uma  escrivaninha, -colou minha mão sobre as coisas.- Aqui tem a mesinha do computador mas ele não tá aqui porque tá no concerto.- eu comecei a juntar as coisas- Aqui tem algumas prateleiras com o meu material, aqui tem meus ursos de pelúcia...- senti ela apavorada por revelar aquilo. Mas ela continuou. - Bom, aqui é a minha mesinha de trabalho, e tá cheia de bagunça. - revelou e eu sorri, achando sua cinseridade engraçada.- Aqui esta a minha segunda parte preferida: minha estante de livros. E até que enfim, minha cama: a parte preferida.- ela pensou e me arrastou de novo para o canto. - Aqui é o banheiro e ... e é só isso eu acho.- o banheiro, então foi aqui que ela entrou. Agora eu já conhecia tudo. Seu quarto estava construído em minha mente, não haveria erro. Calma. Um quarto tem parede. Que cor que é? Passei a mão para sentir a textura e descobrir a cor. Ela é verde, a mesma que a do meu quarto antigo.

*Eu*

-Sua parede é verde?- pra confirmar.

*Sara *

-É! Ela é verde sim. Mas como você sabe??- Não conseguindo esconder o espanto por eu ter descoberto. Sorri.

*Eu*

-Bom, é pela textura da tinta. Meu antigo quarto tinha essa mesma textura e era verde. Só chutei. - expliquei. Percebi que ela não compreendia.- Calma, calma. Vou te mostrar, fecha os olhos.- fiquei atrás dela e peguei sua mão com delicadeza mesmo sem ter certeza se ela havia fechado os olhos. Ela pareceu gostar. Continuei. Passei seus dedos pela parede mas não tinha certeza se ela estava sentido. - Tá sentindo? - ela confirmou. Não sei se foi seu movimento que trouxe um perfume consigo. Nossas peles em contato trouxeram uma sensação boa. Me senti desconfortado e cocei a cabeça. Não sabia mais oque falar e a única coisa que saiu foram poucas palavras.- Bom, eu acho que sinto de outra forma, não sei explicar.... Senti que ela não entendeu nada porque se virou para mim, acredito que pra perguntar algo. Mas não o fez. Senti que focava em mim. Nossas mãos ainda estavam juntas e eu sentia seu corpo a poucos centímetros do meu. Sua presença me fazia suar e tremer. Senti ela abaixar a cabeça e pensei que talvez estivesse com vergonha. Com um empusso eu coloquei a mão em seu queixo e puxei seu rosto devagar pra cima. Não sabia oque queria, mas queria algo. E de alguma forma, queria ela. Olhei para ela sentindo sua respiração próxima a minha. Quis senti lá, mas não assim, mais próxima de mim. Continuei com a mão e puxei a pra mais perto. Nossos corpos estavam próximos, muito próximos. Próximos até demais, quase não havia espaço entre nós dois. Até que.... (Continua)