Capítulo 1 ~ Lucky Guess

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Lennon

Turnos numa segunda-feira de manhã não deveriam existir - não me importa quem és, se não concordas és maluco. Não é que eu quero ficar na cama o dia todo mas o som ensurdecedor do meu despertador na minha orelha às cinco e quinze é suficiente para me fazer repensar todas as minhas decisões na vida.

Fechei meus olhos com força e tentei segurar-me ao que restava do meu descanso. As batidas que repentinamente ouvi fizeram-me abrir meus olhos novamente. Estava a olhar para completa escuridão. Balancei o meu braço de um lado ou outro em busca do meu despertador antes de bater meu braço neste. Dom, um dos meus colegas de apartamento eventualmente parou de bater na parede de seu quarto e estava, provavelmente, a dormir novamente - sorte a dele.

Sentei-me direito, deixando um suspiro exasperado sair antes de tatear meu caminho pelo quarto em busca do interruptor. A luz chegou a todos os cantos do meu quarto, fazendo-me fechar os olhos devido tamanha claridade. Estive a pensar em investir nas lâmpadas que salvam energia mas minha mente está sempre a pensar noutra coisa.

O despertador voltou a tocar sua melodia repetidamente para todos ouvirem. Desta vez fui em seu encontro novamente e desliguei-o completamente antes que este acordasse Dom outra vez. Ele não era um pessoa matinal, nem matutina, tão pouco noturna neste aspeto. Era simplesmente o Dom.

Meu quarto ainda estava numa confusão total, mas eu não estava a espera de que fadas viessem e limpassem-no depois de mim. Infelizmente na realidade, seres míticos são apenas isso, um mito. Avancei pelo meio de pilhas de livros e papéis, ao tentar chegar na casa de banho. Ler e escrever são duas coisas que me deixam sã. Podia abrir minha própria biblioteca com a quantidade de livros que tenho.

Apertei a toalha em volta do meu corpo ao reentrar no meu quarto. Praguejei várias vezes no banho quando a falta de água quente transpareceu. Os frios, molhados cabelos juntos as costas da minha cabeça e pescoço enviaram arrepios por todo meu corpo. Vesti meu uniforme que encontrava-se numa pilha no chão. Minhas calças pretas precisavam de ser lavadas porém somente iriam voltar a ser incrustadas de farinha novamente, podiam aguentar um ou dois dias ainda. Minha camisola branca encontrava-se no mesmo estado, continuavam com a estranha nódoa de cobertura de bolos mas nada que formasse um problema de saúde e segurança.

Depois de terminar de me arrumar, desci, cansada, as escadas, tentando evitar acordar o resto da casa. Dom poderia ser mal-humorado pela manhã, mas ele não era nada em comparação com Emma ou Jackson, a Ariel e Eric modernos - eu disse a ela que não era, de facto, uma sereia e esse comentário levou a uma discussão de três dias. Desta forma, a partir de agora, eles são um verdadeiro conto de fadas , aparentemente.

Fiz uma careta ao abrir o armário do pequeno-almoço e me deparei com uma caixa vazia de coco pops. Meu nome estava rabiscado por toda a caixa com marcador permanente mas obviamente isso não importava. Não tinha que pensar quem tinha sido; Jackson. Não o odiava, mas também nunca gostei dele. Suspirei de raiva ao atirar a caixa ao lixo e servi-me do cereais de sua namorada. Deitei canela por cima uma vez que também não tínhamos açúcar. A comida comprada semanalmente parece ter um poder sobrenatural de desaparecer para a escuridão de um buraco negro e jamais retornar. Estava grata por ninguem ter tomado o meu sumo de laranja, que encontrava-se fechado no frigorífico.

A televisão brilhava as últimas imagens do acidente de comboio da Europa. Parecia que nada estava a ir bem no mundo neste momento. Engoli o resto do meu sumo antes de dispor a minha loiça no lava-loiças. Sentei-me no banco da cozinha em que anteriormente havia sentado e atei os atacadores dos meus antigos converse pretos. Os atacadores estavam a desintegrar-se porém não teria dinheiro para comprar novos nem tão cedo.

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