Let me sink number fourteen

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Eu estava carregando Charlotte de volta para o hotel, totalmente revoltado, indignado, repugnado e abismado com o que ela havia feito. Há alguns dias, encaramos o fato de que ambos gostávamos razoavelmente muito de beber, e prometemos um para o outro de que o vício em sair da realidade não passaria das bebidas, e que em um futuro não muito distante ficaríamos completamente sóbrios. Mas naquela noite, Charlotte havia extrapolado, tinha completamente ignorado os limites e eu me senti traído.

Minha intenção aí fazê-la prometer isso nunca foi colocá-la em uma posição critica, mas eu sempre soube que ela piraria na primeira oportunidade, e assim que os dias jaziam mortos, ela ia se libertando da jaula que eu a coloquei.

Quando chegamos ao nosso quarto no hotel, eu a coloquei sobre a cama, tomando o cuidado de acobertar-la e trocar suas roupas sujas por pijamas limpos. Eu estava fodido de bravo com ela, mas mesmo assim, ela era minha princesa, tão minha quanto a luz da lua pertence ao sol.

Me deitei ao seu lado, observando seu lindo rosto que havia passado por algo tão sujo e impuro, como eu nunca havia imaginado, e a observei até que ela começara a se mexer delicadamente, estava acordando.

- Tudo bem se você me odiar. - ela sussurrou ainda de olhos fechados. - Eu entendo e posso ir embora agora.

- Não te odeio. - suspirei. - Só estou bravo.

Ela se ajeitou, finalmente abrindo os olhos e se apoiando nos cotovelos para me olhar de cima.

- Eu nunca mais vou beber, ou usar qualquer tipo de drogas. - ela prometeu, falando num tom de voz adorável.

- Isso não melhora as coisas, Charlotte, cocaína é terrível. - afirmei, colocando uma mexa de seus cabelos longos atrás da orelha. - Prometemos que não ultrapassaríamos os limites.

- Eu sei disso, Ben. - ela respirou fundo. - Eu não vou fazer de novo, eu não preciso disso, não preciso de álcool nem de drogas, só preciso de você.

- Isso parece uma das suas poesias. - afirmei, arrancando-lhe uma gargalhada que me embalou a dar risada.

- Você leu minhas poesias?? Eu não acredito! - ela se deitou novamente, cobrindo o rosto com vergonha. - Você não podia!

- Porque não? - eu a abracei de lado, beijando seu rosto por alguns lentos segundos. - Gosto do que escreve sobre mim.

Ela se ajeitou no meu abraço e beijou meus lábios.

- Quero estar contigo para sempre.

- Pensei que pra sempre não existisse no seu dicionário.

- Pra sempre é composto de vários agoras, ou seja, quero estar contigo agora. - ela concluiu.

Beijei a ponta de seu nariz e me levantei da cama, me lembrando de que aquela era a ultima noite em que dormiríamos juntos na cidade do amor, onde tantas maravilhosas coisas aconteceram entre nós dois. Ela estava certa no final de tudo, "pra sempre" é cheio de "agoras" e por mais que eu soubesse que quem acabaria com a minha felicidade instantânea seria ela, eu não pensaria mais em como eu viveria o amanhã.

- Eu a amo. - sussurrei virando meu rosto em direção ao dela.

- E por que isso é ruim? - ela questionou, se enrolando no lençol e vindo atrás de mim.

- Por que isso é ruim? - eu ri e a abracei por trás, contemplando a visão que tínhamos da Torre Eiffel iluminada. - Você é boa de mais para mim. Boa de mais para qualquer um.

- Não sou boa para ninguém. - ela gargalhou e sacudiu a cabeça. - Por que está falando isso?

- Porque precisamos encarar que sou mais envolvido nessa relação do que você.

Let Me SinkWhere stories live. Discover now