Let me sink number thirteen

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Acordamos cedo no dia seguinte mesmo que estivéssemos mortos da ressaca e refizemos o passeio no Louvre, porque eu, sinceramente, não me lembrava de nada. Foi bem interessante e engraçado pois Charlie conseguia passar de entendedora de arte renascentista à piadista em segundos, e era isso que eu amava mais nela, pois acho que era a única garota que entendia de arte e ainda era engraçada.

Depois de voltarmos do Louvre, almoçamos em algum restaurante ali perto que não me recordo o nome, como eu e Charlotte não sabíamos falar em francês, a comunicação ficava cada vez mais complicada e hilária. Comemos uns pratos estranhos, com nomes que eu nem me atreveria a falar de tão complicados, e as caras que Charlie fazia quando não gostava do gosto de algo eram as melhores.

Voltamos para o hotel já de tarde, Charlotte parecia uma princesa, usando suas melhores sapatilhas e eu não conseguia parar de perceber cada detalhe. Eu estava profundamente apaixonado por aquela moça que me puxava pelas pontas dos dedos em direção ao nosso quarto, ela fazia tudo ao nosso redor parecer mágico e toda vez que ela entrava no meu campo de visão era como se todas as luzes do local se apagassem e um holofote brilhasse só nela, ela me tinha tão fácil em suas mãos que eu não duvidava de nada, se ela me pedisse para pular de um prédio para provar o meu amor por ela, eu provavelmente pularia. Me chame de estupido, faço isso todo o tempo.

Eu tinha em mente o fato de que se o nosso relacionamento fosse acabar antes de um de nós dois morrêssemos, seria ela quem o acabaria. Eu era egoísta de mais para deixa-la ir, e eu queria passar todo o meu tempo ao seu lado, cada momento monótono e cada aventura, ela era quem eu queria para sempre.

Charlotte parou na frente do quarto, escondendo a fechadura com seu corpo, o que me fez rir e revirar os olhos.

- Vamos, Charlie. – pronunciei.

- Ah, não seja chato. – ela fez biquinho. – Não acredito que já quer dormir.

- Estou cansado, sua pirralha. – respondi roubando um selinho de seu biquinho, o que a fez rir.

- Mas nem é quatro da tarde!

Eu suspirei e exibi a minha melhor cara de pidão para ela, que rolou os olhos e saiu da frente da porta. Eu a agarrei pela cintura, ignorei seu grito super fino que me fez querer gargalhar e a joguei por cima dos ombros, a segurando pelas pernas enquanto ela esperneava e batia nas minhas costas. Entrei com ela rapidamente antes que algum hospede nos denunciasse, e tentei a jogar na cama mas ela me segurou e acabei caindo junto com ela, o que resultou em uma onda de risadas intermináveis.

Pouco a pouco os risos foram cessando e eu me deitei ao lado dela, ficamos nos encarando nos olhos por alguns longos minutos, como se conversássemos sem dizer nada, só a linguagem dos olhos bastava para não dizermos nada dizendo tudo.  Eu sabia que ela estava apaixonada por mim também, eu podia ver no jeito que ela me olhava e como sorria quando eu falava algo que sabia que a afetaria.

- Charlie. – chamei.

- Hmm?

- Eu estou muito orgulhoso de você. – comentei.

- Por que? – ela perguntou sorrindo.

- Antes de responder sua pergunta, me permite perguntar outra coisa? – indaguei levando minha mão até seu rosto e escorregando meu polegar por seus lábios.

- Claro.

- Como você já deve ter percebido, você mudou drasticamente do dia em que nos conhecemos até hoje. – ela assentiu. – Você gosta da pessoa que é agora?

- Claro que sim. – ela sorriu de canto. – Eu não tenho orgulho de quem eu era... – suspirou. – Acho que precisava mesmo de um empurrãozinho.

Ambos rimos e ela encolheu os ombros, proferindo um insonoro “obrigada”.

- Então estou orgulhoso de você por ter se tornado quem você é agora.

Ela sorriu e eu lhe roubei um beijo.

- Você foi o melhor evento ocorrido na minha história desde meu nascimento. – ela constatou, sussurrando.

- Ah, claro que não... – eu ri, fazendo uma expressão pensativa.

Ela empurrou meu rosto de leve.

- Não me contradiga quando estou tentando ser romântica!

Eu ri e passei meus braços ao seu redor a trazendo mais pra perto de mim, tão perto que nossos rostos eram separados por cerca de quatro centímetros.

- Você é tão pequenininha – observei -, dá vontade de te apertar o dia inteiro.

Ela riu beijando a ponta do meu nariz.

- Você pode me apertar quando quiser quando voltarmos para Londres.

- Porque não aqui? – eu fiz beiço. – É a cidade do amor.

- Então vamos sair e nos amar lá fora! – ela forçou uma expressão emburrada. – É o nosso ultimo dia!

Eu me levantei a segurando em meus braços, eu sabia que ela odiava mas ainda era engraçado.

- Então vamos procurar uma festa, querida.

Comecei a caminhar em direção à porta quando ela me olhou com um olhar engraçado.

- Não vai nem ao menos me deixar trocar de roupa?

- Você está linda, se eu deixar vai demorar três horas!

Ela rolou os olhos e agiu normalmente enquanto eu a carregava corredor a fora, indo em direção ao elevador. Havia um casal no local que nos olhou com a maior cara de espanto, o que fez rir e Charlie me deu uma bronca, dizendo para que eu a colocasse no chão, o que não aconteceria já que eu estava me divertindo. Quando chegamos ao térreo, esperei o casal sair do elevador na nossa frente para só então colocar Charlotte no chão, que reclamou um pouco, mas nada fora do normal.

Tivemos que andar um pouco até chegar em um bar onde vários jovens bebiam e dançavam, pedimos whisky e nos ajeitamos numa mesa mais excluída. o que não foi suficiente pois um jovem com um rosto realmente enorme se aproximou de nós.

- Olá. – ele pronunciou, lançando um olhar um tanto quanto obscuro para Charlie que olhou instantaneamente para mim, me fazendo rir. – Vocês são ingleses?

- Sim. – ela respondeu sorrindo. – Eu sou Charlie.

Ela estendeu sua mão a qual o garoto – muito ousado, devo dizer – beijou enquanto ela o olhava desconfortável.

- Esse é Benedict, minha alma gêmea.

Eu e o garoto a olhamos assustados, ela continuou o observando normalmente como se tivesse falado algo como “bom dia”. Eu ri e apertei a mão do garoto.

- Sou Matt Smith, prazer. - ele coçou os cabelos. – Vocês estão de lua de mel?

- Ah, não... – Charlie o respondeu, fazendo uma expressão indignada. – Acha que sou tão velha assim??

Ambos rimos e Matt se virou para mim.

- Se não tiverem nada a fazer... conheço uma festa aqui perto, vocês querem ir?

- Claro! – Charlie exclamou, virou seu copo de whisky e deixou alguns euros na mesa.

- A patroa é quem manda. – eu respondi, erguendo a sobrancelha.

Matt começou a caminhar para fora do pub com Charlie em seu encalço, que me puxava segurando as pontas de meus dedos. As vezes Charlotte parecia uma garota que acabara de sair do colegial, estava tão alegre e diferente nos últimos meses, eu mal podia acreditar que um dia eu quase a matei. Tivemos de andar um pouco pelas ruas movimentadas de Paris até que chegamos à uma casa enorme, com um jardim cheio de flores rosadas onde vários jovens caiam mais do que bêbados e uma música muito alta ecoava pelas janelas.

Charlotte parecia encantada por estar em uma festa desse jeito, num estilo tão não britânico, o que me fazia querer rir. Matt era o anfitrião da festa, assim que chegamos ele se despediu e pediu que ficássemos a vontade e assim fez Charlie, algumas pessoas passavam com bebidas sortidas e ela nem ao menos queria saber o que era, virava os copos coloridos e ainda por cima chacoalhava a cabeça, eu sabia que teria que carrega-la para o hotel na manhã seguinte, isso se ela não tivesse estragado tudo.

Let Me SinkWhere stories live. Discover now