Acordei só no dia seguinte, e eu me senti terrível. Minha mãe estava morta e eu quase fui junto. Ok, apaguei o ultimo pensamento e voltei a focar no fato de que eu era oficialmente uma pessoa sozinha no mundo, se não fosse por Kansas. Eu suspirei, levantei da cama e decidi que eu não iria trabalhar naquele dia. Passei pela suíte do meu quarto, fitando meu reflexo no espelho e as marcas dos dedos de Benedict num tom acinzentado nítido em meu pescoço, aquilo estava feio, resolvi ignorar. Fiz minha higiene matinal, vesti qualquer roupa e me dirigi até a sala, me sentando no chão trazendo o telefone e meu celular junto à mim. Procurei o numero de Benedict nas ultimas chamadas e quando estava prestes a discar, o telefone tocou.
- Alô?
- Srta. Moore? – disse uma voz estranha. – Aqui é Paul Colligan, advogado de sua mãe.
- Sim, sou eu. – respondi. – Olá, Paul.
- Como você está, querida? – ele perguntou.
- Estou tudo menos bem. – respondi rindo baixo.
- Bem, Charlie. - prosseguiu ele. – Eu sei que não é muito bem o tempo de dizer isso, mas eu preciso dizer. Sua mãe, ela deixo algo para você.
- O que ela deixou para mim? – indaguei.
- Basicamente, todo o seu dinheiro e as empresas de seu pai. – ele disse calmamente. – Mas você não necessariamente precisa tomar conta delas, eu...
- Eu confio em você, Paul. – conclui.
- Bom ouvir isso. – ele riu. – Você pode passar aqui até o final de semana para discutirmos melhor isso?
- Claro, bom dia.
- Bom dia.
Coloquei o telefone do gancho e me concentrei pra achar o telefone de Benedict novamente, disquei os números rapidamente e aguardei enquanto aquele barulho infernal soava em meus ouvidos.
- Pois não? – disse aquela voz grossa e meu coração subitamente acelerou.
- Ben? O-oi, é a Charlie.
Eu juro que tentei não gaguejar.
- Bom dia, Charlotte. – ele respondeu sério. – Como se sente?
- Terrível. – eu ri baixo. – E você?
- Me sinto um monstro. – ele constatou com um suspiro.
- Você sabe que não é, para com isso.
- Eu nem ao menos entendo como você pode estar sendo tão boa comigo. – ele riu baixo.
- Estou sendo boa com você porque você não merece que eu seja má contigo. – dei de ombros. – Escuta, Ben, eu realmente não me sinto mal com o que... com o que aconteceu, e eu gostaria que você meio que esquecesse o que aconteceu.
- Como desejar. – ele disse, eu juro que podia sentir que ele estava sorrindo. – Posso vê-la hoje?
Eu suspirei e lembrei das marcas em meu pescoço.
- Eu acho melhor não, Ben. – disse. – Eu não quero que me veja enquanto ainda está, você sabe, fresco.
- Ah... tá. – respondeu ele. – Eu tenho que ir agora.
- Tudo bem.
- Eu... – eu quase vomitei meu coração imaginando o que ele provavelmente falaria. – Até mais.
Eu desliguei o telefone e quase chorei de alivio, decidi tomar um banho rápido para ver se conseguia tirar Benedict da cabeça, mas tudo que aconteceu quando entrei de baixo da água foi que a lembrança de seus lábios macios tocando os meus, e eu acabei percebendo que nem eu entendia o motivo de estar sendo tão legal com ele depois de quase ter me matado. Não, eu sabia perfeitamente bem a razão de estar sendo tão legal com ele, e esse motivo me levou à um colapso nervoso enquanto tomava banho, eu chorei por mais de vinte minutos porque eu precisei admitir a verdade, aquela verdade adormecida apenas esperando Benedict aparecer no meu campo de visão, aquela verdade que eu tenho evitado nos últimos dias, e essa verdade era que eu queria estar apaixonada por Benedict. Me sentia frustrada pois eu sabia que sentia algo a mais por ele, mas doía porque eu sabia que nunca conseguiria gostar tanto dele quanto ele gostava de mim.
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Let Me Sink
RomansaCharlotte Moore era como Londres em uma noite gelada de dezembro, as ruas desabitadas após o cair da noite, a memória insana todos tem porém juram que não existe. Ela era problemática, pessimista, e o tipo de sociopata que não suportaria passar dois...