Eu acordei com o telefone gritando em meus ouvidos. Quem poderia ser? Julie, com certeza. Me arrastei para fora da cama com Kansas em meus pés e peguei o telefone me sentando no chão.
- Fala, Julie.
- Olha, ontem quando fui dormir não era a Julie, ou minha voz ficou muito fina ou você andou usando drogas.
- Ah, oi, Cumberbatch. - respondi, esticando minhas pernas. - Por que está me ligando à essa hora da manhã?
- São quatro da tarde, Moore. - ele riu e suspirou. - O que você está fazendo?
- Eu estava paquerando a cama da qual você me tirou, por que? - perguntei.
- Por nada. Aliás, uma pergunta: por que você não tranca a porta de casa?
- O que? Como assim? - perguntei confusa.
- Eu adorei a sua camiseta, onde você comprou?
Ele desligou o telefone e em seguida eu me virei para encontra-lo encostado na porta da sala, vestido em uma jaqueta de couro como se tivesse acabado de sair de um show de rock. Eu ri baixo e o observei enquanto ele se aproximava e se sentava na minha frente, com uma cara boa de mais pra alguém que quase entrou em coma alcóolico no dia passado. Eu esfreguei os olhos espantando o resto do sono e voltei a fita-lo quando ele se aproximava de mim, mas eu não podia deixa-lo me beijar novamente, então num súbito surto de consciência eu coloquei minhas mãos em seus ombros o fazendo parar e olhar para mim, então eu sussurrei:
- Benedict, eu nem ao menos te conheço direito.
- Então coloca uma roupa descente, esse seu desanimo me deprime.
Eu assenti enquanto ambos riamos e fiquei de joelhos, varri o lugar todo com os olhos a procura de Kansas, e quando eu menos esperava Benedict me roubou um selinho.
- Para de me beijar, somos só amigos!
Ele riu e eu me levantei indo em direção ao meu quarto, deixando Benedict e Kansas na sala. Eu vesti qualquer roupa que achei pela frente, escovei os dentes rapidamente e voltei para a sala encontrando Benedict com um cigarro entre os lábios e as mãos enterradas nos pelos de Kansas, eu poderia jurar que meu coração havia derretido, se eu tivesse um.
- Vamos? - pronunciei.
Benedict se levantou, segurou minha mão e guiou até seu carro, ele não teve que dirigir por muito tempo até chegarmos à um parque de diversões abandonado. O percurso até o lugar não foi muito animado, não trocamos mais do que três palavras, eu tinha a impressão de que Benedict não era muito de conversar enquanto dirigia. Ele fez um buraco na cerca do lugar suficientemente grande para que eu pudesse passar e ele veio logo atrás de mim, com suas mão enterradas em sua jaqueta e mais um maldito cigarro pendendo dos lábios. Ele me guiou até um antigo brinquedo onde haviam umas xicaras enormes e nos sentamos ali.
- Charlie, posso perguntar algo? - indagou ele.
- Pode.
- Por que você está sendo legal comigo?
Benedict se acomodou sentado na xicara de modo que ficamos um olhando para o outro.
- Como assim?
- Eu sei que você tem uma certa dificuldade de se comunicar com as pessoas, mas parece tão fácil quando fala comigo. Por que?
Respirei fundo e passei a fitar minhas mãos largadas sobre minhas pernas.
- Eu não sei, Benedict. Eu só me sinto a vontade perto de você, assim como me sinto com a Julie. - eu sorri. - Isso é legal, sabia? Tenho falado com Julie desde que eu tinha nove anos.
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Let Me Sink
Roman d'amourCharlotte Moore era como Londres em uma noite gelada de dezembro, as ruas desabitadas após o cair da noite, a memória insana todos tem porém juram que não existe. Ela era problemática, pessimista, e o tipo de sociopata que não suportaria passar dois...