Capítulo 4

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Vamos de mais trechinho minha gente. É impressão minha ou tem mesmo bem menos gente lendo esse meu livro? Não vou parar de postar que não sou dessas, comecei vou até o fim, mas a cada dia que passa fico menos animada de trazer AdA - Milly pra cá viu.


Noa;

     Esqueci-me total e completamente de Giselle, mas assim que ela me ligou algumas horas mais tarde tornei a lembrar-me que ela havia me ligado mais cedo, inventei uma desculpa tosca pelo meu vacilo e fui ao encontro dela no apart hotel aonde ela sempre se hospedava quando estava no Rio.

    Nunca havia visto Giselle em estado tão vulnerável, parecia estar lidando com uma versão antagônica da mulher forte e guerreira que ela sempre fora. Já não chorava, mas o rosto sem maquiagem tinha bolsas escuras sob os olhos fundos e logo após abrir a porta, tornou a ficar enrodilhada em si mesma no sofá da sala. Ela não queria que eu fosse, mas fui assim mesmo, fiz café para nós e passamos um tempo junto conversando amenidades sobre o grupo. Ela não quis tocar no assunto que a levou ao choro e eu não ia insistir, mas antes de eu ir embora ela me disse uma coisa que não saiu da minha cabeça.

– Seria tão mais fácil se pudéssemos nos apaixonar um pelo outro, não acha?

– Mas no coração não se manda né? – eu disse a ela e voltei atrás para beijá-la no rosto – Quer que eu fique aqui com você essa noite?

– Não, vai ficar tudo bem comigo, conosco. – apontou a si mesma e após a mim – Mas amanhã de noite se não puder ir pra ilha vai me enrolar...

– Eu te aviso, fica tranquila e descansa.

    Imaginar Giselle apaixonando-se por alguém era algo que jamais havia passado pela minha cabeça, não com tudo que passou e eu só sabia por alto. Se Arnaldo não tivesse morto, acho que eu o teria matado pelo que creio, ele tenha feito com o psicológico dela, mas assim era o coração, não tinha nada de conveniente. Talvez ela tenha mais sorte do que eu tive ao me apaixonar por Adrastea, o tempo há quem diga, sara todas as feridas e o que eu precisava estava bem na minha frente.

   Mas meu coração não estava mais nesse mundo de festas e corpos desconhecidos se esfregando ao som de uma música qualquer. Acho que nem nunca esteve, mas não seria hipócrita de dizer que entrei nessa, sem saber o que ia encontrar.

    Essa noite estava quente e os convidados tinham seus pares e gostos diversos, alguns tantos já tinham ido para os quartos e minha função era a de amparar quaisquer dos que estivessem dentro e fora do salão na área de praia, caso acontecesse alguma briga. O que era raro, pois a maioria dos presentes sempre era muito bem selecionada nesses eventos e os encrenqueiros não tinham uma segunda chance de voltar, mas essa noite estava prometendo e eu estava vendo a hora que teria que por certa figura em seu lugar.

    Ele viera com alguns amigos de fora e falava um portunhol quase indistinguível, havia sido deixado na praia e parecia ter bebido além da conta, uma das meninas de plantão havia se acercado de cuidar do cara e eu estava quase voltando ao salão quando a moça grita e ele a agride mais algumas vezes antes que chegássemos junto. A moça não era uma das nossas, logo, era cliente também, reconheço tarde. Geraldo tratou de levar o bebum para o barco de onde veio e eu fiquei com a moça que logo soube que se chamava Victória.

– Ele não me feriu. – ela diz tremendo se abraçando – Só me pegou de surpresa. Sem aviso... Não vão machuca-lo não, não é?

    Em circunstâncias diferentes eu teria preferido que fosse outro a ficar com a moça e eu tivesse que cuidar do agressor, mas o Geraldo não era o tipo de cara que eu confiava, não tinha trava na língua e soube de boca miúda que ele não era o que aparentava ser na frente das pessoas, era agressivo dissimulado. Mesmo sabendo que Giselle era ainda mais criteriosa com quem trabalhava para ela do que era com os clientes que trazia para a ilha, achei por bem ficar com a cliente até que ela se acalmasse.

Aprendizes do Amor - NoaOnde histórias criam vida. Descubra agora