Cap 19 - Allyson

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Existem instâncias que alteram a vida e que você sempre vai lembrar de cada detalhe dela. Na minha vida, elas nunca foram os momentos que esperava que fossem.

Eu mal me lembro do baile de formatura e muito menos do dia da graduação. Eu não lembro quem foi o cantor da festa de formatura e eu não lembro do meu primeiro dia na faculdade.

Mas eu sempre vou me lembrar de estar sentada no sofá da minha sala ao lado da minha mãe no dia que ela recebeu aquela ligação.

Eu vou lembrar da bandana estúpida no meu braço e a conversa que minha mãe e eu estávamos tendo momentos antes. Eu vou lembrar do fato que o imbecil no Prius azul na nossa frente estava dirigindo devagar demais e não me permitiu chegar no hospital o mais rápido que eu poderia.

Eu vou lembrar da brisa fria ao entrar no prédio branco e o desespero atado à voz da minha mãe quando ela perguntou por ele na recepção.

Eles só nos disseram que ele estava estável, mas eles precisavam de mais algum tempo antes que pudéssemos vê-lo. Nós fomos informados que eles deram carvão ativado para ele, o qual era para se ligar às drogas para que o corpo dele não possa absorver mais.

Por mais que eu tentasse identificar o que ele usou, o médico disse que foi uma combinação de tantas coisas que ele não sabe como o meu irmão ainda está vivo.

"Onde ele está?" eu escuto uma voz banhada com um sotaque britânico dizer quando eu levanto a vista do meu celular.

"Sr. e Sra. Jauregui?" outra voz interrompeu.

Antes que Harry pudesse dizer outra palavra o médico entrou na sala nos informando que nós podíamos vê-lo agora.

Eu olhei para a minha mãe e pai, que tinha nos alcançado junto com Taylor há um tempo atrás e notei o olhar maléfico que minha mãe estava dando ao meu pai.

Assim que nós fomos informado sobre o que aconteceu meu pai ficou furioso.

"Meu filho não é um drogado!" ele gritou para o médico, como se fosse de alguma forma culpa dele.

Mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa mais, minha mãe o puxou e lhe disse que essa não era hora nem lugar.

Ela o avisou que quando nós entrássemos lá dentro ele não seria nada além de gentil, amável, e compreensivo com o filho deles que estava perto de morrer essa noite.

Ela disse isso gentilmente, mas com uma nova autoridade em sua voz que eu acho que até ela ficou surpresa.

Então quando nós entramos com Harry na cola, meu pai caminhou quietamente e com as mãos nos bolsos, no que eu pude presumir ser uma tentativa de se autocontrolar.

Quando nós entramos, meu irmão estava doentiamente pálido. Ele olhou para a gente por entre as mechas caídas de seus longos cabelos com um sorriso fraco. Um sorriso que logo desapareceu quando ele percebeu que se nós estávamos aqui era porque nós sabíamos.

Sem ninguém dizer uma palavra, nós nos reunimos ao redor de sua cama, cada um de nós segurando nele.

Minha mãe envolveu suas bochechas com as mãos, enquanto Taylor e eu ficamos em pé de lados opostos da cama segurando cada uma de suas mãos. Meu pai, por outro lado, ficou no pé da cama com os braços cruzados e um olhar de raiva em suas feições.

"Me desculpa," foram as primeiras palavras que saíram dos lábios de Chris e foi tudo que bastou para minha mãe começar a chorar. A segunda vez em uma noite que eu sou uma testemunha do seu desmoronamento em lágrimas.

Ela pressionou um beijo suave na testa dele e lhe disse que estava tudo bem, e que nós providenciaremos a ajuda que ele precisava.

Harry ficou parado desconfortavelmente num canto, assistindo toda a troca. Eu apreciava que ele reconhecia que esse era um momento de família, mas eu também achava sua presença necessária. Só deus sabe quantas vezes ele foi mais um membro da família para Chris do que qualquer outra pessoa naquela sala.

The Perfect Sin (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora