Cap 13 - Fique Com Raiva, Coño!

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"Sabe que essa atitude de menina durona só é efetiva quando seus olhos não estão tão tristes," Dra. Hernandez diz enquanto eu sento com meus braços cruzados no sofá familiar que mora em seu consultório.

"Por que você não me conta o que está acontecendo?" ela insiste.

Se ela soubesse, isso não era eu tentando ser durona. Pelo contrário, isso era eu desistindo.

Camila não fala comigo por duas semanas além de uma conversa rápida por mensagem em que ela concordou encontrar comigo na casa da árvore. Eu fui o mais cedo quanto possível e esperei por uma hora, e depois duas e antes que eu soubesse eu tinha caído no sono no desconfortável chão de madeira e 6 horas depois ainda não havia sinais dela. Eu estaria mentindo se dissesse que não quis chorar quando ela me deu um bolo, mas eu não me permiti.

Duas semanas pode não parecer muita coisa para a maioria das pessoas, mas considerando que nós estávamos nos falando diariamente por alguns meses, agora sua ausência é quase insuportável.

Algumas pessoas dizem que é melhor puxar o band-aid de uma vez, mas nessa situação eu vou ter que discordar. Eu queria que ela o tivesse removido lentamente e gradualmente se afastado ao invés de simplesmente desaparecer. Não há dúvidas na minha cabeça de que teria sido ainda mais doloroso desse jeito, mas eu teria pelo menos conseguido mantê-la na minha vida um pouco mais.

"Lauren," Dra. Hernandez diz, "Eu não posso te ajudar se você não-"

"Eu sou uma idiota," eu disse, interrompendo-a, "Eu não devia ter permitido que aquela noite acontecesse," eu murmurei.

A essa altura, eu tenho certeza que Dra. Hernandez estava sentindo-se orgulhosa de si mesma por finalmente ter rompido minhas barreiras quando na realidade eu estava simplesmente pensando alto. Minha mente estava começando a ficar lotada demais e alguns dos pensamentos precisavam sair.

Independentemente, cada palavra que sai dos meus lábios apenas faz sua caneta rabiscar rápido e mais rápido.

"Eu não devia ter perdido o controle com meu pai," eu continuo, "Não devia ter dançado com ela em primeiro lugar."

Eu balanço minha cabeça quando os pensamentos escapam para a atmosfera, mas na verdade eu não me arrependo de nada.

Eu sei o que eu devia ter feito, mas agora que eu experimentei seus lábios, senti suas mãos puxarem meu cabelo e ter sido responsável por deixá-la sem fôlego, eu não consigo imaginar voltar para um mundo em que aquilo não aconteceu.

"Okay," Dra. Hernandez diz, "Então vamos começar do começo," ela continua com um pequeno sorriso triunfante, "Por que você-"

"Você já teve o coração partido?" eu pergunto, interrompendo-a. Isso não é minha maneira de ceder à terapia, mas simplesmente querendo saber que outra pessoa sentiu isso. Eu não posso ser a única pessoa que o peito dói por sentir falta de alguém, certo?

Ela toma seu pequeno sucesso como um grande passo e acompanha, "Sim," ela diz tensionando, seu sorriso agora desaparecido.

"O que aconteceu?" eu dou de ombros.

A hesitação estava evidente em seus traços, mas considerando que isso é o máximo que eu falei em qualquer uma dessas sessões, ela cedeu.

"Eu encontrei o amor da minha vida," ela disse orgulhosamente.

Eu assenti lentamente, me perguntando porque se apaixonar teria partido seu coração.

"Você conheceu Pastor Hernandez?" eu perguntei, muito obviamente confusa.

Ela balançou a cabeça, "Não," ela disse suavemente, "Jesus Cristo."

Imediatamente eu revirei os olhos e afundei mais no sofá com meus braços cruzados contra o peito.

The Perfect Sin (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora