Havia um medo nos olhos dela que só eu consegui identificar. Por anos, eu carreguei aquele medo. Eu lembro como era quando eu olhava de volta pra mim toda vez que ficava na frente de um espelho.
"O que aconteceu?" o policial perguntou suavemente.
Eu suspirei e comecei a contar os eventos desta noite, mas a única coisa que eu conseguia focar era Crystal. Ela estava sentada no sofá ainda soluçando, sua filha, envolvida em seus braços implorando para que ela parasse de chorar.
"Desculpa," elas falavam repetidamente uma para a outra.
Eu não tenho certeza de como eu consegui, mas lentamente comecei contar para outro policial o que aconteceu.
Eu contei a história do jantar que nós tivemos na casa dos meu pais e como Taylor e eu sugerimos dormir lá para que pudéssemos conhecer Crystal e sua filha. Eu lembro do momento que nós entramos na casa dela, vendo o sorriso da menininha ao ver sua mãe, vendo o sorriso desaparecer quando seus olhos pousaram no meu tio. Eu contei para eles como eu eu esperei até eles se retirarem para o quarto e não perdi tempo em perguntar a garotinha diretamente o que ela achava do meu tio.
Ela pareceu hesitante, com medo.
Eu perguntei o porquê, e ela não respondeu.
Eu perguntei se ele a machucava, e ela não respondia.
Eu perguntei se ele a toca, e eu vi lágrimas encherem as bordas de seus olhos.
"Eu não devo falar sobre isso," ela murmurou assustada.
"Falar sobre o quê?" Crystal perguntou urgentemente, tendo escutado suficiente da conversa para continuar por ela mesma.
Sua filha não precisou falar muito antes que nós entendêssemos exatamente o que estava acontecendo, e quando ele saiu do quarto com um sorriso no rosto, o mesmo desapareceu quando seus olhos pousaram em Crystal.
"Qual o problema, querida?"
Eu pensei que tinha visto raiva antes, mas não daquele jeito.
Nada como a ferocidade de uma mãe protegendo seu filho.
No caminho até ele, ela arrancou uma lamparina da tomada e ele estava ocupado demais tentando entender o que estava acontecendo para reagir quando ela bateu com o objeto contra a cabeça dele. Assim que ele caiu no chão não demorou muito para que ela subisse nele e começasse a socá-lo.
Um soco, e outro, e de novo.
Enquanto Taylor chamava a polícia, eu sabia que eu devia tentar tirá-la de cima dele, mas ao invés disso eu virei para Rosie, o qual eu aprendi que era o nome da filha dela, e pedi por favor que ela fosse até o quarto para que não tivesse que ver sua mãe furiosa. Eu entrei no quarto com ela e lhe disse para me mostrar suas bonecas, o qual ela fez orgulhosamente até os policiais chegarem.
Levou apenas alguns minutos para que fizessem isso e até lá Crystal tinha ficado cansada demais para continuar a bater nele. Sem mencionar que ele tinha perdido a consciência depois do golpe inicial com a lamparina e a poça de sangue estava grande demais.
"Ele está..." eu parei de falar assim que terminei de dar meu depoimento para o policial.
"Ele tinha pulso," o oficial disse, sabendo onde eu queria chegar com a pergunta, "Estava fraco, mas estava lá."
Eu assenti, "Sabe, nós temos que levá-la," ele disse gesticulando para Crystal.
Quando eu perguntei porque ele me informou que embora o motivo seja muito além de válido, ainda é uma agressão e legalmente meu tio ainda poderia denunciá-la.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Perfect Sin (Camren)
FanfictionEla era como o pecado perfeito Algo como a mentira mais verdadeira... *AVISO DE GATILHO* *HISTÓRIA ORIGINAL DE AMINDLESS-DREAMER*