Cap 6 - Momentos, Instâncias

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Perder alguém é sempre difícil. Mas de alguma forma eu não consigo decidir o que é mais difícil, assistir alguém que você ama lentamente escapar de você, ou perdê-los em um instante.

Sinceramente, elas duas causam um nível de dor que ninguém merece. Eu acho que há algo doentiamente tortuoso sobre ambas.

De um lado, se você ama alguém que está morrendo, ver a pessoa que você ama lentamente se transformar em nada deve ser de partir o coração. Para mim, a pior parte seria saber que não há nada que eu pudesse fazer para salvá-lo.

Ainda assim, por outro lado, ter alguém arrancado de você significa que você nunca conseguiu se despedir, ou dizê-lo que você o ama uma última vez. Aqui em um momento, falecido no próximo, sem chance ou esperança, simplesmente se foi.

Pessoalmente, eu experimentei um pouco dos dois quando eu perdi minha avó. Nós sabíamos que a velha idade dela a levaria em breve, mas nós não sabíamos quando. Então, em uma tarde de terça-feira, eu recebi a ligação.

Ela se foi.

É seguro dizer que eu não reagi bem às notícias. Era verdade que eu tinha me machucado antes, mas não da maneira que eu fiz naquela noite. Felizmente, aquelas cicatrizes estão escondidas embaixo do meu sempre presente jeans. Eu não uso mais shorts, eu não vou nadar e eu não visito a praia. Porque as cicatrizes na minha coxa esquerda causam perguntas e essas perguntas não são nada além de uma lembrança constante de quem eu perdi.

Eu adorava minha avó e ela me adorava de volta, embora, mais importante, ela me entendia de uma maneira que ninguém mais fazia. É por isso que toda vez que meu pai a usa como uma desculpa para conseguir me fazer qualquer coisa que ele quiser, isso me deixa irada. O nível de raiva e frustração que isso causa em mim não pode ser exalado de mim de nenhuma outra forma.

"Se ela estivesse aqui," ele diz, assim que eu sento com meus punhos cerrados num banco em frente à cozinha americana, "Ela iria querer que você melhorasse," ele termina, tratando minha sexualidade como se fosse uma doença mais uma vez.

Eu sei com certeza que ele não poderia estar mais errado. Ela era a única pessoa na família que me apoiava como eu sou. Eu entendo que essa é a versão dos meus pais de me dar amor e apoio, mas no final do dia não está fazendo nada a não ser me afastar.

"Melhorar de quê?" eu escuto meu tio Angel dizer.

Imediatamente, o cereal colocado na minha frente parece menos atraente que o bronze de Donald Trump e o pouco que eu consegui comer antes da chegada dele imediatamente ameaça escapar do meu estômago.

Fazia uma semana desde a chegada dele e é seguro dizer que eu ainda não estou acostumada em tê-lo por perto, eu não acho que algum dia estarei.

"Lauren ainda tem aquele..." meu pai enrola, não sabendo como encontrar as palavras, "Problema."

Um escárnio escapa meus lábios e o olhar do meu tio na minha direção me faz horripilar, mas eu tento meu melhor para não transparecer.

"Mostre algum respeito," ele ordena, "Seu pai só está tentando lhe ajudar."

Um milhão de pensamentos passam pela minha cabeça, mas nenhum deles conseguem achar o caminho para fora da atmosfera.

É mais seguro desse jeito.

Eles começam a falar sobre o meu suposto problema como se eu nem estivesse aqui. Ainda me espanta que depois de tudo que aconteceu meu pai ainda age como se o homem na frente dele não tivesse arruinado a minha vida. Como se ele não tivesse roubado minha inocência ou tirado qualquer chance de eu algum dia ser capaz de confiar em alguém completamente.

The Perfect Sin (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora