Cap 8 - Brownies

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Eu lembro da noite em que parti o coração do meu pai.

23 de abril, era por volta das 21 horas. Na época eu tinha 14 anos de idade, eu lembro porque eu estava ansiosa pelos meus quinze anos que estavam tão perto. Nós estávamos dirigindo pra casa de volta de um jantar com algumas pessoas da igreja e eu não lembro o que foi sobre aquele momento que finalmente me fez colocar pra fora.

Tinha sido tanto tempo vivendo com isso, que depois de um tempo quase tornou-se normal, mas no fundo da minha mente que sabia que não era. E quanto mais o tempo passava mais eu sabia que não podia mais manter isso pra mim mesma. O fardo estava tornando-se demais para aguentar e quando os pensamentos sobre acabar com a minha vida começaram a empestar minhas ideias eu sabia que precisava de ajuda.

"Pai," eu lembro de dizer, mamãe estava no banco do passageiro ouvindo mais não realmente escutando. Ela estava calmamente apreciando a beleza do céu à noite quando eu comecei.

Naquele momento, eu não sabia como frasear isso, embora já fizesse sete anos que tinha começado. Afinal, sexo não era nunca comentado na minha casa. Eu sabia só o que tinha escutados em filmes e algumas vezes na escola. Sinceramente, na época eu não sabia o que ele estava fazendo, eu apenas sabia que não gostava disso. Eu apenas sabia que machucava. Eu simplesmente sabia que fazia eu me sentir nojenta. Feia.

"Sim?" eu lembro dele falar.

Havia uma serenidade esmagadora nos momentos antes da minha confissão, quase como se o tempo parasse. Como se a versão mais jovem de mim esperasse que as palavras me liberassem do fardo que eu estava carregando.

Não houve antecipação.

Não houve "Eu preciso te contar uma coisa", não houve "Nós precisamos conversar", eu simplesmente senti uma onda de coragem e disse da única maneira que eu sabia.

"Tio Angel me tocou ontem a noite."

Estava escuro, então eu não vi a reação inicial dele. O que eu me lembro mais proeminentemente foram os olhos de pânico da minha mãe enquanto as estrelas no céu não mais seguravam sua atenção, e ela imediatamente olhou para o meu pai. O momento foi seguido por muitas lágrimas de todo mundo no carro, mas eu não estava chorando por causa do que aconteceu comigo. Eu estava chorando porque eu os fiz chorar.

Eles estavam tristes, e era minha culpa.

Nós acabamos tendo que parar o carro porque meu pai não podia mais dirigir nesse estado emocional. No acostamento, ele chorou com a testa encostada no volante enquanto minha mãe suavemente acariciava as costas dele numa tentativa de acalmá-lo, embora ela estivesse chorando o tanto quanto ele.

Eu me senti culpada.

Eu deveria ter mantido minha boca fechada.

O que mais se destacou sobre aquela noite foram duas coisas. A primeira sendo eu ver meu pai chorar, já que eu só vi isso em duas ocasiões na minha vida, as quais eram aquela noite e a noite em que minha avó morreu. A segunda foi o que ele estava murmurando repetidamente entre os soluços.

"De novo não, Deus," eu lembro dele implorando, "De novo não."

Nenhuma palavra foi dita depois do colapso dele.

Nós simplesmente dirigimos pra cassa em silêncio e as coisas continuaram normalmente, além do fato de que um cadeado foi colocado na minha porta.

Eu sabia o que eles estavam tentando fazer, mas era inútil. Meu tio estava entre empregos na época e estava morando conosco como ele esteve pela maioria da minha infância.

O novo cadeado era inútil, eu tinha trancado meu quarto para prevenir que ele entrasse no passado, então eu sabia que não ia funcionar.

Veja, ele tinha essa tendência de apenas via à noite. Então eu trancava a porta, colocava a cadeira da minha bancada na fechadura e a partir de um momento eu até comecei a empurrar minha mesa na frente da porta para que ele não abrisse.

The Perfect Sin (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora