The Perfect Sin (Camren)

Cap 1 - Vida ou Morte

Eu me tornei dormente para a maioria das emoções humanas. Aquela sensação que eu costumava sentir na boca do estômago quando eu mentia pra minha mãe não aparece mais. Eu não sei se isso é algo que acontece com todo mundo à medida que eles ficam mais velhos, ou se eu simplesmente me tornei muito cínica. Não me entenda mal, na maioria das vezes eu sou bem consciente do que é correto e do que não é. É só que agora eu também sou consciente que nem sempre existe só um certo e um errado. Um preto ou um branco, às vezes existe o cinza, e eu acho que é isso que a minha família não entende.

"É simples," eu escutei meu pai dizer no topo do altar, "Não existe vida em um relacionamento homossexual."

Noites de quartas-feiras são aulas do estudo da bíblia e às vezes a discussão é aberta para perguntas. O garoto de camisa xadrez vermelha e touca na terceira fileira, educadamente levantou a mão para perguntar ao meu pai se ele acredita que ser gay é pecado.

"Então não é uma questão sobre o que eu acredito," ele continua, "É sobre o que a bíblia diz, isso é tudo que importa."

Da lateral eu observo atentamente a expressão do jovem garoto enquanto ele rapidamente percebe para onde isso está indo, agora que meu pai está se dirigindo ao público geral.

"E a bíblia diz que se um homem deitar com outro homem da mesma maneira que ele deita com uma mulher, eles dois cometeram uma abominação."

Eu zombo comigo mesma, claro que ele ia deixar de fora a próxima frase em que diz que eles dois deveriam ser mortos. Mas essa é a parte da bíblia de que ninguém fala, ela deixa as pessoas desconfortáveis.

"Então isso sendo dito, se nós pensarmos sobre isso logicamente Deus criou o homem e a mulher e é assim que nós procriamos." Ele disse. "É assim que a vida é feita, então se dois homens, ou duas mulheres assim sendo, não podem criar vida o que eles estão criando?" Ele pergunta.

Ele só espera alguns segundos sabendo que ninguém realmente responderia sua pergunta absurda.

"Morte," ele finaliza, "Se um relacionamento não pode criar vida, ele cria morte. É um ou outro, não há mais nada sobre isso," ele diz com um sorriso no rosto, não percebendo que o garoto que fez a pergunta está quase chorando.

Essa maneira específica de pensamento é o que eu acho que é o problema.

Se não é isso, é aquilo.

Pra cima ou pra baixo, esquerda ou direita.

Vida ou morte.

Vida ou morte.

Essas eram as opções, certo? E o amor? Por que uma relação entre um homem e mulher ou homem com homem não pode apenas criar amor?

"Lauren," eu escutei minha irmã dizer ao meu lado.

Minha cabeça vira para encará-la e eu vejo um olhar simpático em seus olhos.

"Você está bem?" Ela pergunta suavemente.

Ela sabe, eu penso. Eu nunca contei pra ela, mas ela sabe.

"Eu estou bem," eu menti.

Taylor assentiu suavemente e retornou sua atenção para o nosso pai, me concedendo a cortesia de fingir que acreditava em mim.

Meu pai por um milésimo de segundo olhou na minha direção antes de responder a próxima pergunta. Eu posso sentir os olhos da minha mãe em mim de onde ela estava sentada. Como sempre, papai está no altar onde existem dois assentos no centro mais pra cima, é lá que mamãe e papai sentam durante o culto. Quando é hora de profetizar, meu pai toma seu lugar no centro do palco e minha mãe permanece sentada atrás dele, sempre atrás dele, nunca na frente do homem. Esse é o lugar de uma mulher, ou pelo menos foi o que me falaram.