Cap 20 - Eu Não Sou Estúpida

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Mais um dia e Camila volta para casa.

Uma parte de mim está preocupada já que ela não responde minhas mensagens, mas eu estou realmente torcendo para que eles tenham tirado os celulares deles.

"Você tá bem?" Javi pergunta.

Eles geralmente fazem isso, certo? Pegam os telefones deles? Quer dizer, isso faz sentido, mas eu não me lembro se eles fizeram isso quando eu participei há alguns anos atrás.

Depois de alguns momentos, eu finalmente registro que alguém tinha feito uma pergunta. Eu me viro e vejo meu primo entrar em seu quarto. Eu estive dando socos no saco de pancada que ele tem pendurado aqui de vez em quando. Desde que ele me mostrou pela primeira vez, se tornou uma forma de terapia e deus sabe que certamente tem sido mais útil que qualquer uma das sessões que eu tive com a Dra. Hernandez.

"Eu escutei você parar," ele disse gesticulando para o saco de pancadas, o qual eu estava parada na frente.

Meus olhos voltaram para o saco na minha frente e eu tento lembrar, mas não tenho certeza de quando eu parei de bater nele. O que eu sabia agora era que eu estava parada lá encarando a parede por deus sabe lá quanto tempo pensando em Camila.

"Eu estou bem," eu lhe disse.

Ele soltou um escárnio, nem sequer me dando a cortesia de fingir que acredita em mim.

"Uhum, é por isso que você precisava vir aqui e socar alguma coisa," ele disse, "Porque você está bem."

O sarcasmo que pingou de sua voz era descarado, mas eu não tinha vontade de conversar. Se eu quisesse conversar eu teria ido até Normani mas eu não fui, eu estou aqui para socar.

Porque no momento eu não posso falar sobre como o meu irmão engravidou a filha do co-pastor. Eu não posso falar sobre como ele aparentemente estava lidando com um vício em drogas por cerca de um ano e ninguém notou nessa porra! Eu não posso falar sobre como a garota por quem eu estou apaixonada está me ignorando, como meu pai me odeia e como minha irmã mais nova não confia em mim o suficiente para conversar comigo. E eu certamente não posso falar sobre o que me trouxe até aqui, eu não posso falar sobre a conversa que eu tive com a minha mãe hoje mais cedo porque isso talvez possa ser demais.

Tá vendo, porque eu pensei que mamãe estava mudando ou talvez que ela tivesse mudado e estava finalmente acordando, eu pensei que ela estava se tornando a mulher que eu precisava que ela fosse quando eu era uma criança.

Mas eu pensei errado.

Porque quando eu tentei conversa com mamãe sobre o quanto eu sentia falta de Camila ela se tornou a pessoa que eu sabia que ela era. A pessoa que diz coisas do tipo

"Lauren, eu te amo mas o que você está fazendo com aquela garota é abominável."

A pessoa que diz que embora ela sempre vá me amar, ela nunca vai aceitar eu sendo gay, a pessoa que diz que a bíblia me condena como uma "abominação".

Eu não posso falar sobre como eu elevei minhas esperanças apenas para tê-las esmagadas.

Eu não posso falar sobre o quanto isso machuca porque se eu fizer isso, no momento eu sinto como se pudesse ter um colapso mental então em vez disso eu repito

"Eu estou bem."

Dessa vez, com um tom mais definitivo e ele parece entender a mensagem e me oferece uma cerveja ao invés disso.

Eu aceito sua oferta e em um segundo estou sentando no sofá com uma cerveja na mão e um primo atencioso me encarando.

Ele não vai me quebrar, eu penso. Então em vez disso eu encaro a tela preta da TV e o pergunto se ele planeja ligá-la alguma hora.

The Perfect Sin (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora