Para a sociedade, quando temos algum "defeito" somos julgados, a sociedade implanta um "padrão" e as pessoas que não estão dentro deste padrão são criticadas.
Se a pessoa é gorda, é negra, tem cabelos diferentes, se veste de um modo diferente... Para a sociedade tudo esta errado para eles temos que ser magros, se vestir bem, tem cabelos bons...
Essa sociedade não aceita que cada um tem um jeito próprio, e isso magoa as pessoas, eles não sabem o quão chato é você saber que te olham estranho porque você é"diferente".
Chegam a fazer piadinha com você, e isso magoa demais, ainda mais quando a pessoa é sensível e não sabe lidar com esse tipo de sentimento, que era o meu caso.
Eu não sabia lidar com o que as pessoas achavam dos automutiladores, é algo muito difícil ver como a sociedade trata pessoas que tem algum problema desse tipo.
Muitas vezes a forma da qual nos tratam dependendo, ajudam a piorar o estado emocional da pessoa.
Tudo o que precisamos é de ajuda, embora não dizemos, mas é tudo o que queremos, pessoas das quais se preocupem conosco.
É extremamente importante pessoas que demonstram o que sente um pelo outro.
É importante você ter uma pessoa que você sabe que pode confiar, que ela não irá te julgar pelo seus atos, mas estará ali para lhe ouvir e quem sabe até mesmo te ajudar.
Essas pessoas são fundamentais em nossas vidas, digo isso porque tive a minha, minha madrinha foi a pessoa mais essencial para me ajudar a parar de me cortar.
Tudo o que fazia contava a ela, não importava a hora ela sempre estava ali, pronta para me ouvir.
Lembro como se fosse ontem, uma vez em que peguei o celular e mandei a seguinte mensagem: "Madrinha, estou indo dormir aí".
Ela não se questionou, nem perguntou para mim coisas tipo: Porque Thaís? O que aconteceu..
Ela apenas disse: "Pode vir minha filha".
E quando eu chegava tinha várias coisas separadas para nós, vários filmes, pipocas...
Aquilo me fazia bem, ali a gente ia conversando até que eu finalmente falasse o que tinha acontecido.
Ela me ajudou em tudo o que pode, nunca me deixou desamparada, e isso eu sinto falta, porque quando você perde uma pessoa que estava contigo em todos os momentos, te ajudava em tudo, você perde também um pedaço de você, porque muitas vezes a ficha demora cair, quanto mais apegada a pessoa você é, mais dor você sente.
Para mim é muito difícil lembrar dela, porque embora já tenha 8 meses que ela faleceu eu ainda estou em processo de aceitação do luto, porque tem pessoas que quando perdem alguém assim de uma forma muito dolorosa tem problemas em aceitar.
Minha madrinha era a pessoa que eu mais amava nesse mundo, era minha segunda mãe, minha amiga, minha confidente.
E é difícil você achar uma pessoa hoje em dia que não seja da sua faixa etária que saiba conversar tão bem com você sobre esses tipo de assunto, já a minha madrinha não, ela falava abertamente.
Conversava sobre absolutamente tudo, me tratava como sua menina mais nova, e eu adorava, porque nela eu encontrei um carinho diferente, algo que eu nunca tinha sentido.
Porque ela não é essas pessoas que escondem os sentimentos, eu já sou. Mas com ela eu não escondia, todos que me conhecem e quando me vêem falando nela, sentem uma emoção em minha voz, porque quando se gosta de verdade de uma pessoa você sempre lembrará dela com muito carinho.
Luto... Uma coisa difícil, extremamente difícil, e que eu não queria viver esse momento de maneira alguma, tentava escapar por todas as portas, mas infelizmente é um momento que todos nós passaremos.
E acredito que é o pior, pois ali no momento do luto nada te conforta, você chegar e ver seu ente querido ali, deitado no caixão, que palavras podem amenizar a dor de uma pessoa nessa hora? NENHUMA.
Mas de certa forma queremos alguém ali do nosso lado para não nos sentirmos literalmente sozinhos.
E eu não tive, eu tive que vivenciar esse luto sozinha, sem o apoio de ninguém, ninguém percebia o quão triste eu estava, ninguém se importou em procurar saber como eu me sentia após ter perdido minha madrinha.
Se para qualquer um é difícil passar pelo luto, imagina para uma pessoa sozinha? Uma pessoa que tinha na época apenas 15 anos.
Como se passa por essa fase dolorosa da vida sozinha? Sem ter ninguém para te segurar caso você venha a cair?
Foi o meu caso, por isso ainda faço acompanhamento psicológico... para poder aceitar literalmente que minha madrinha não está presente fisicamente conosco.
Mas é algo muito difícil, só quem passa/passou sabe o quão é difícil, porque para as pessoas que são mais sensíveis é ainda mais difícil...
Oi gente, desculpa esse tempinho que fiquei fora, é que não estou com internet sempre, mas não deixarei vocês na mão.
Gente, estou pensando em postar um capítulo especial, sobre minha história com minha madrinha, nesse capítulo vou contar resumidamente os episódios vividos com ela.
Estou pensando em postar no final do livro, o que acham?
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Como eu venci a automutilação
Non-FictionVou falar sobre a minha luta contra a automutilação, o que me fez começar a me cortar, o que me fez continuar, o que me fez parar, e como as pessoas reagiram ao saber que me cortava...