Como eu venci a automutilação

Últimos dias com minha madrinha

A cada dia que se passava minha madrinha ia ficando cada vez mais debilitada, e eu sentia uma enorme necessidade de ficar com ela.

Sentia necessidade de ficar com ela, porque de certa forma eu sentia que aqueles momentos seriam os últimos.

Sempre que ela estava em casa eu estava lá, para ficarmos juntinhas fazendo o que gostávamos.

Ficávamos horas e horas assistindo televisão, jogando os nossos jogos preferidos, ficávamos conversando, cozinhando, etc..

Eram ótimos aqueles momentos que dividimos, pareciam que era até filme de tão lindo que era.

Até que em uma dessas nossas conversas ela me perguntou sobre como eu estava com minha automutilação.

Madrinha: Querida, você já parou de se cortar?

Thaís: Não vou mentir para você, não, eu não parei.

Madrinha: Porque não parou?

Thaís: Porque eu não consegui madrinha.

Madrinha: E porque não conseguiu?

Thaís: Porque eu não consigo sozinha, a cada nova decepção eu desconto em mim mesmo.

Madrinha: Filha, você não está sozinha, eu estou com você e você sabe disso, já te coloquei em psicólogos para poder te ajudar.

Thaís: Eu sei madrinha, mas não sei o que é, tenho medo de algo.

Madrinha: Se for por medo de me perder não se preocupe, que eu vou olhar por você de onde quer que eu esteja, pois você é a minha menininha.

Thaís: Madrinha, eu sou muito sensível, não vou aguentar te perder, você é a pessoa que eu mais amo neste mundo.

Madrinha: Não pense assim querida, você não vai me perder.

Thaís: E se um dia você morrer? O que eu vou fazer?

Madrinha: Vai continuar sendo essa menina linda, forte, que eu escolhi para ser minha afilhada.

Thaís: Obrigada dinda, mas acho que não sou essa afilhada que você esperava.

Madrinha: Nunca diga isso, você é uma garota forte, já passou por tantas coisas e continua aqui, firme e forte.

Thaís: Mas com seu apoio né? Agora se você não estiver aqui não sei se consigo.

Madrinha: Thaís, sempre estive ao seu lado e nunca me arrependi, fico feliz em saber que você gosta de mim, é importante isso, quero que você me prometa que aconteça o que acontecer comigo você não vai desistir.

Thaís: Desistir não, mas sem você eu não vivo.

Madrinha: Thaís, se eu vier a falecer não vou querer que você fique triste por minha causa, pense assim que se eu estivesse aqui não gostaria de lhe ver sofrendo.

Thaís: Ok madrinha, vou pensar, mas não posso prometer que não ficarei triste.

Madrinha: Ok, mas só de saber que você está um pouco bem já é válido.

Thaís: Te amo!

Madrinha: Eu te amo mais minha querida afilhada!