- Tá vendo? É isso! - disse apontando para a tela do computador completamente satisfeita, havia uma explicação razoável para tudo que estava acontecendo comigo. - Esses pensamentos aleatórios que eu tenho com Anthony são todos culpa dos hormônios de grávida. Está escrito aqui, "A libido é difícil de ser medida e avaliada por ser subjetiva e variável. O que se percebe na maioria das grávidas é um aumento da libido, já que os hormônios estão elevados" - li. - Não tenho culpa de nada.
- Nem você acredita nisso - Helena comentou enquanto comia pipoca, ela e Miguel haviam voltado no último domingo e agora estávamos aqui em plena quarta-feira assistindo filmes antigos e falando sobre a minha vida que no momento estava extremamente confusa.
- É claro que acredito, se está na internet é verdade.
- Claro que é, até por que se colocarem ai que pinguins voam, você vai acreditar, né? - ela debochou e eu fiz bico fechando o notebook e me juntando a ela em meu sofá.
- Você não está ajudando.
- Mas eu não estou aqui pra ajudar, estou aqui pra jogar na sua cara que você está caidinha pelo seu chefe gostoso.
- Como é!? - perguntei com um punhado de pipoca a meio caminho da boca.
- Isso mesmo que você ouviu, Anthony é um gato e você finalmente percebeu isso, agora está apavorada com a ideia de estar se apaixonando por ele.
Desisti de comer e devolvi as pipocas para a tigela e odiei Helena por verbalizar coisas nas quais eu não queria pensar.
- Você só pode ter perdido o resto dos parafusos da cabeça - debochei e ela me olhou sorrindo.
- Nós duas sabemos que é verdade, mas sinceramente eu ainda não entendi o que tem de tão ruim em vocês dois se pegarem, ambos são solteiros e vocês vão ter filhos, no plural - ela enfatizou. - Então qual o problema?
- Por que você acha que Anthony está me pagando para ter seus filhos? - perguntei irônica. - Ele obviamente não quer mulher nem relacionamento, e sinceramente, nem eu - não com ele, quis completar. - Agora que tal terminarmos o filme?
- Tudo bem - Lena cedeu. - Mas essa conversa ainda não acabou.
- Claro que não - murmurei suspirando e finalmente consegui comer minha pipoca.
Esse assunto todo começou por que contei a minha amiga do nosso almoço a mais de uma semana. Eu gostava de pensar que não estava apaixonada por Anthony, não era isso, pelo menos eu esperava que não, mas como Lena tinha colocado eu estava começando a reparar de verdade nele, é claro que eu sabia que ele era lindo e tals, mas agora eu também o via como uma pessoa normal que se irrita, me irrita, que come na bancada da cozinha, que enrola o gesso em plástico filme e que consegue ter um sorriso incrivelmente falso, mas cujo verdadeiro é lindo, e isso me assustava, eu não podia ficar reparando nessas coisas, não se quisesse sair disso tudo com o coração inteiro. Um namorado normal já era o suficiente, alguém divertido e interessante que eu pudesse gostar sem me preocupar, e subitamente eu me lembrei de uma conversa que me pareceu há décadas atrás, com um moreno divertido regada a sorvete de chocolate.
- É isso! - exclamei quase matando Lena do coração, o filme estava quase no fim e ela estava extremamente concentrada, como se já não tivéssemos assistido Namorada de Aluguel um milhão de vezes.
- Isso o que, louca?
- Edu! Eu vou sair com ele. É perfeito, ele é lindo, divertido e menos complicado.
- Tá, isso é ótimo, mas você sabe ao menos onde encontrar ele?
- Bem... - olhei em volta atrás de uma resposta e assim que encarei o notebook encima da bancada da cozinha, sorri. - Eu não tenho ideia, mas acho que o Sr. Google pode me ajudar - disse divertida indo buscar o computador e ela sorriu. - Então, você vem?
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Contrato de Amor ✓
RomanceO dia de Elisa já estava sendo uma porcaria, ela tinha sido demitida do emprego de garçonete por jogar um copo de cerveja em um cliente - pela quarta vez -, seu aluguel estava atrasado e se isso já não fosse ruim o suficiente naquele dia ela tinha e...