Capítulo 17 - Está tudo bem, eu só não posso surtar.

73.3K 6.2K 859
                                    


Está tudo bem, está tudo bem, está tudo bem. Era o que eu repetia pra mim mesma enquanto forçava minhas pernas a entrarem no hospital. Essa situação toda estava me apavorando, era a mesma ligação, o mesmo sentimento e até o mesmo hospital. Quando meu pai morreu foi exatamente assim. "Ele está bem" disseram os médicos, e um dia depois era "Ele não resistiu, sinto muito". Eu não queria ouvir isso outra vez, na verdade eu nem mesmo sabia por que eu estava aqui. Onde estava a família do senhor bonitão?

- Em que posso ajudar? – perguntou a moça atrás do balcão assim que me aproximei. Eu não entendi muito bem por que, mas eu já estava à beira das lagrimas.

- Anthony... – murmurei. – Meu... Ele, ele veio pra cá, me ligaram, como ele está?

- Há, certo – ela pareceu ter entendido a situação e sorriu compreensiva. – Qual o nome do paciente?

- Anthony, Anthony Whitmore.

- Certo – ela sorriu e começou a digitar no computador enquanto eu ficava cada vez mais nervosa. – Ele ainda está em exames, senhora?

- Senhorita, Elisa Banks. E quando eu posso vê-lo? Ou ao menos saber como ele está?

- Eu vou dar um jeito nisso certo, Srta. Banks. Mas antes poderia assinar uns papeis pra mim? Aqui. - me estendeu uma ficha e encarei o papel.

- Eu preciso vê-lo, por favor.

- Srta. Banks você só tem que assinar, na verdade eu gostaria de saber, o que você é do paciente? – sua pergunta me pegou desprevenida, o que eu era do Anthony? Nada, Ok, talvez eu fosse sua funcionária, mas nada mais que isso, então é claro que eu não devia estar ali surtando na entrada do hospital.

- Sou sua namorada – me ouvi dizendo. – E eu só quero vê-lo, pelo amor de Deus! Tinha que ser um acidente de carro!? Ele tinha que vir pra esse hospital!?

- Se acalme Srta. Banks, por favor, você vai poder vê-lo, Ok? Ele está no terceiro andar, espere na recepção que logo, logo lhe darão noticias e aqui – ela me estendeu os papeis outra vez e eu finalmente os peguei. – Ainda preciso da sua assinatura.

- Obrigada – sorri e corri em direção ao elevador. Isso não ia acontecer de novo, não dessa vez.

Chegar à recepção do terceiro andar não foi difícil, difícil mesmo foi esperar por notícias, eu devo ter feito a mesma pergunta a todas as enfermeiras que passaram por mim, mas todas me respondiam que não sabiam de nada. Haviam outras pessoas tão aflitas quanto eu na recepção, tinha uma mulher que devia ter a minha idade e chorava tanto que chegou a soluçar, eu estava quase nesse ponto também, tinha ainda um homem e uma garotinha, um casal de idosos, era triste pensar que todos ali esperavam boas noticias, só não sabiam se iam recebê-las ou não. Aguardei pacientemente, ou não, por mais de uma hora enquanto andava pra lá e pra cá, quando um médico de meia idade com mais da metade dos cabelos brancos finalmente apareceu.

- Familiares de Anthony Whitmore? – ele chamou e eu fiquei de pé num pulo, o coração batendo a mil. Ele tem que estar bem, por favor.

- Eu.

- Certo, eu sou o Dr. Williams, senhorita?

- Banks, Elisa Banks.

- Então Srta. Banks, fico feliz em dizer que o Sr. Whitmore está bem, e estável, ele só teve algumas escoriações leves, e quebrou o braço esquerdo, mas fora isso, está ótimo.

- Graças a Deus – agradeci, agora chorando pra valer, mas dessa vez era de alívio. – O senhor pode me explicar o que aconteceu com ele? Como foi o acidente?

Contrato de Amor ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora