8. Visitante

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— Você dormiu aqui?

 Brian estava sentado com os pés em cima do sofá, olhando através da janela quando Marise entrou na sala. Era 7hrs e o sol brilhava intensamente do lado de fora.

  — Não, eu só acordei mais cedo — ele respondeu olhando para ela. Marise carregava a mesma expressão curiosa, a mesma de quando está se segurando para não contar um segredo.

— Eu não vi quando você foi dormir — ela comentou, sentando-se no sofá em frente a ele. Quando chegou em casa com Melissa, Marise encontrou Brian na sala. Era 23hrs quando chegaram e ele permaneceu lá mesmo depois que elas foram dormir.

— Pesadelo? — perguntou Marise, olhando dentro dos olhos de Brian. Ele tinha alguns sinais de olheiras, mas pouco visíveis. Brian olhou para sua mãe e desvendou aquela expressão; ela queria saber se algo havia acontecido ontem, quando Tobias o trouxera para casa — a pedido dela mesma.

— Não porque aconteceu de verdade.

 Marise assentiu e abaixou a cabeça, pensativa.  

— Acho que está na hora de eu ir embora — completou Brian, olhando para fora.  

— Me perdoe se foi algo que eu fiz — disse Marise, consternada. 

— Não, não tem nada a ver com você. Eu só preciso parar de fingir para mim mesmo que vou conseguir algo permanecendo aqui.

— Eu só fiz o que achei que seria o certo. 

 Brian balançou a cabeça e pegou nas mãos de Marise.

— Não se preocupe. Você não fez nada de errado.

— Depois de tudo que vocês passaram, eu achei agora que esse seria o momento certo para vocês tentarem mais uma vez — continuou Marise, os olhos fixos nas mãos enrugadas.

— Eu também pensei — a voz de Brian falhou. — E isso é o que mais dói.

 Eles ficaram algum tempo apreciando o silêncio daquela manhã ensolarada, até que Melissa apareceu na entrada.

— Que caras são essas? Parece que alguém morreu.

 Brian sorriu ao ver a irmã em pé, saudável, após tê-la visto desacordada.

— É muito cedo para piadas com a morte? — ela perguntou e sentou-se no sofá, no meio de Brian e Marise.

— Como você está se sentindo? — perguntou Marise, sempre a mãe coruja.

— Bem, eu acho. Estou um pouco sonolenta. 

— O médico disse que é normal. Vai passar — comentou Marise.

— Já que eu não fui pra escola, nós podíamos fazer aquela maratona de filmes dos anos 90 que você me prometeu pelo FaceTime há alguns meses — disse Melissa olhando para Brian.

— É uma boa ideia — disse Marise, levantando-se. — Fiquem aí, tenho um compromisso hoje.

 Brian e Melissa se olharam.

— É isso mesmo que vocês estão pensando — Marise deu uma piscadela e saiu.

— Ela está... — Brian começou a dizer.

— Namorando — finalizou Melissa. 

 Os dois ficaram um tempo boquiabertos até o celular de Brian vibrar dentro do bolso de sua calça de moletom. Era Sara. Ele levantou-se e atendeu.

  — Alô?

— Oi, Brian. Quanto tempo! 

— Eu que o diga... Está tudo bem?

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