— Você dormiu aqui?
Brian estava sentado com os pés em cima do sofá, olhando através da janela quando Marise entrou na sala. Era 7hrs e o sol brilhava intensamente do lado de fora.
— Não, eu só acordei mais cedo — ele respondeu olhando para ela. Marise carregava a mesma expressão curiosa, a mesma de quando está se segurando para não contar um segredo.
— Eu não vi quando você foi dormir — ela comentou, sentando-se no sofá em frente a ele. Quando chegou em casa com Melissa, Marise encontrou Brian na sala. Era 23hrs quando chegaram e ele permaneceu lá mesmo depois que elas foram dormir.
— Pesadelo? — perguntou Marise, olhando dentro dos olhos de Brian. Ele tinha alguns sinais de olheiras, mas pouco visíveis. Brian olhou para sua mãe e desvendou aquela expressão; ela queria saber se algo havia acontecido ontem, quando Tobias o trouxera para casa — a pedido dela mesma.
— Não porque aconteceu de verdade.
Marise assentiu e abaixou a cabeça, pensativa.
— Acho que está na hora de eu ir embora — completou Brian, olhando para fora.
— Me perdoe se foi algo que eu fiz — disse Marise, consternada.
— Não, não tem nada a ver com você. Eu só preciso parar de fingir para mim mesmo que vou conseguir algo permanecendo aqui.
— Eu só fiz o que achei que seria o certo.
Brian balançou a cabeça e pegou nas mãos de Marise.
— Não se preocupe. Você não fez nada de errado.
— Depois de tudo que vocês passaram, eu achei agora que esse seria o momento certo para vocês tentarem mais uma vez — continuou Marise, os olhos fixos nas mãos enrugadas.
— Eu também pensei — a voz de Brian falhou. — E isso é o que mais dói.
Eles ficaram algum tempo apreciando o silêncio daquela manhã ensolarada, até que Melissa apareceu na entrada.
— Que caras são essas? Parece que alguém morreu.
Brian sorriu ao ver a irmã em pé, saudável, após tê-la visto desacordada.
— É muito cedo para piadas com a morte? — ela perguntou e sentou-se no sofá, no meio de Brian e Marise.
— Como você está se sentindo? — perguntou Marise, sempre a mãe coruja.
— Bem, eu acho. Estou um pouco sonolenta.
— O médico disse que é normal. Vai passar — comentou Marise.
— Já que eu não fui pra escola, nós podíamos fazer aquela maratona de filmes dos anos 90 que você me prometeu pelo FaceTime há alguns meses — disse Melissa olhando para Brian.
— É uma boa ideia — disse Marise, levantando-se. — Fiquem aí, tenho um compromisso hoje.
Brian e Melissa se olharam.
— É isso mesmo que vocês estão pensando — Marise deu uma piscadela e saiu.
— Ela está... — Brian começou a dizer.
— Namorando — finalizou Melissa.
Os dois ficaram um tempo boquiabertos até o celular de Brian vibrar dentro do bolso de sua calça de moletom. Era Sara. Ele levantou-se e atendeu.
— Alô?
— Oi, Brian. Quanto tempo!
— Eu que o diga... Está tudo bem?
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Avalanche
RomancePoderia um sentimento sobreviver ao tempo? Sete anos após um acontecimento trágico que o fez ir embora, Brian retorna à sua cidade natal para o funeral de seu pai. No entanto, ele precisará lidar com as lembranças vindo à tona e reencontros com pess...