10. O que costumávamos ser

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 Brian se afastou cambaleando para trás, pasmo com o que havia acabado de acontecer. Seu coração batia acelerado em seu peito e sua mão tocava os lábios que há pouco estavam sendo friccionados pelos lábios de Tobias.

— O-o que você fez? — Brian perguntou com a voz saindo esganiçada.

— O que eu deveria ter feito desde o primeiro dia que você chegou aqui.

 Brian balançou a cabeça enquanto tentava impedir as lágrimas de caírem. Sua cabeça doía com a intensidade de seus pensamentos gritando de modo descontrolado.

— Quem era, filho?

 A voz de Marise tornou a situação ainda mais embaraçosa e ambos ficaram tensos. Ela se aproximou usando óculos de graus e segurando um livro de poesias em uma das mãos.

— Oh... Olá, Tobias — disse Marise, um tanto surpresa.

— Oi, Marise.

 Tobias agradeceu mentalmente por conseguir proferir aquelas palavras sem gaguejar e expor todo o seu nervosismo — embora soubesse que ele era evidente.

— Está tudo bem? — Marise perguntou com o cenho franzido, após sentir o clima estranho instalado naquele ambiente. — Parece que vocês viram um fantasma.

— Está sim, mãe. É que... O Tobias veio se despedir — Brian disse antes de Marise fazer mais algum comentário, fitando as próprias mãos.

Ok... — a voz de Marise não saiu muito convencida. — Vou deixá-los a sós.

 Naquele momento, Brian precisou se controlar para não virar para trás e pedir para que ela não saísse de lá. Não queria ficar sozinho com Tobias. Temia o que poderia fazer já que aquele beijo pareceu trazer à tona sentimentos e lembranças das quais ele se recusava a sentir falta.

 Tobias se despediu de Marise com um breve "boa noite" e Brian passou por ele, saindo pela porta aberta para a rua. Ele não estava certo do que iria fazer mas precisava sair dali. O céu estava escurecendo e haviam poucas nuvens no céu. O frio fez com que ele desejasse estar com um casaco e não apenas uma camiseta de marca curta.

— Como você soube? — Brian perguntou quando sentiu que Tobias estava se aproximando, permanecendo de costas com os braços cruzados tentando aquecer-se.

— O Eric me contou — a voz de Tobias parecia menos cheia de nervosismo. — E ele disse que era hora de eu fazer alguma coisa.

Eric. Novamente tentando juntá-los.

— Espero que você conte isso para o seu noivo. Eu me odiaria se você escondesse...

 Tobias deu mais alguns passos quase tocando o ombro de Brian e o interrompeu:

— Eu não estou mais noivo.

 Aquelas palavras aqueceram Brian internamento, como se ele pudesse sentir as chamas da esperanças se acendendo dentro dele. "Não, pare", ele pensou.

— Nós não temos mais motivos para continuar fingindo que não sentimos mais nada um pelo outro — Tobias continuou, confiante, proferindo aquelas palavras enquanto Brian olhava para frente, de costas para ele. — De algum modo, o que eu sentia por você não diminuiu com o tempo. Nem mesmo quando eu conheci o William... Eu nunca parei de pensar em você, Brian.

 Tobias continuou com os olhos fixos nas costas de Brian, tentando ler seus pensamentos ao longo que o seu silêncio aumentava.

— Sabe, — Brian disse após algum tempo — eu imaginei isso diversas vezes. O dia em que você viria e diria todas essas coisas — Brian olhou por cima do ombro para Tobias. — Mas demorou tanto tempo...

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