13. Tempo perdido

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 Parecia que eles tinham embarcado dentro de uma lembrança, quando foram atingidos pelo peso da familiaridade que os acertou assim que entraram naquela rua; estavam de volta ao seu lugar qualquer. Brian percebeu que estivera segurando a respiração até sentir os pulmões queimarem, suplicando por ar. Tobias mantinha uma postura alegre porém silenciosa que não entregava o que estava passando em sua cabeça. Girou a direção e entrou em uma estrada de areia, sentindo toda a nostalgia o atingir como o vento que rodeava os arredores. Brian quase colocou a cabeça para fora do carro, procurando por suas versões adolescentes perdidas em algum lugar ali perto.

Estacionaram no mesmo local onde encontraram a kombi, há nove anos atrás e permaneceram algum tempo dentro do carro, apenas olhando a paisagem à sua frente. Era assustadoramente incrível como tudo ainda continuava do modo que lembravam, como se o tempo tivesse parado naquele lugar. Isso contribuía para aumentar a sensação de que tinham viajado no tempo.

— Continua como antes — comentou Brian, fitando a água que corria entre as pedras no riacho.

— Como o que sentimos um pelo outro — observou Tobias que virou a cabeça para frente quando Brian olhou em sua direção. Estava ficando vermelho e não tinha como impedir.

— Então, vamos sair? — Brian perguntou, tirando o cinto de segurança. Tobias suspirou antes de se livrar de seus pensamentos, desprendendo seu cinto e abrindo a porta.

Brian sentiu o vento em sua nuca assim que pisou no chão. O cheiro talvez não fosse mais o mesmo, mas ele não teria como lembrar. Se espreguiçou e foi na direção de Tobias que estava parado ao lado de sua porta.

— Está tudo bem? — Brian se aproximou o fazendo olhar para ele.

— Está — Tobias respirou fundo. — É que... São tantas lembranças — completou.

Brian assentiu indo até ele e colocando seu braços ao redor do pescoço dele.

— Eu me sinto com 17 anos de novo — confessou Brian fazendo-o sorrir.

Era exatamente isso que Tobias tinha em mente. Fazê-los esquecer de toda as preocupações que sua relação acarretava e apenas se sentirem como dois adolescentes perdidos novamente. Perdidos, mas juntos. 

— Então vamos lá — Tobias disse após algum tempo. — Temos novas lembranças para fazer!

Tobias foi em direção ao porta-malas do carro e o abriu, tirando de dentro dele uma toalha de piquenique não muito convencional. Brian pegou a toalha e a estendeu no chão, perto do carro, enquanto Tobias trazia os refrigerantes e KitKats.

— Não deu tempo de fazer sanduíches — ele explicou, sentando-se ao lado de Brian e abrindo uma lata de refrigerante.

 Brian sentia a nostalgia que pairava sobre o ar; como cada parte daquele lugar o fazia lembrar do dia em que estivera ali pela primeira vez. E como tudo era diferente agora.

— É estranho, não é? — Tobias perguntou e Brian percebeu que ele estivera o olhando enquanto estava perdido em seus pensamentos.

— O quê?

— Voltar aqui depois de tanto tempo. 

— Eu não consegui cumprir a promessa de que traria você aqui — Brian disse, pensando em voz alta. — As coisas não saíram como planejamos. Me desculpe.   

— Bom... Eu já estava acostumado à hipótese de nunca mais rever esse lugar. Quando você partiu, eu quis esquecer tudo e qualquer coisa que me lembrasse de você. Mas há meses atrás, depois que tive a primeira briga com o William, eu vim para cá. 

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