Antony:
-Eu disse pra você não ir atrás, agora quero ver sair dessa.-Mathias me avisava pela décima vez.
Estou no escritório da minha casa, e Mathias como um bom carrapato não me deixa sozinho nem aqui.
-Você já disse isso várias vezes, nada muda o que já aconteceu, eu gosto delas, aquela pequenina é tão fofa e carente, eu posso ser um amigo e dar o amor que ela precisa.
-Quero ver quando a mãe descobrir quem é você realmente.
-Para com isso cara, não ajuda em nada esses comentários.
-Fuego mi amigo, você entrou no fuego.-diz mexendo em uma caneta.
-Da pra parar de tentar falar em espanhol? Seu espanhol e péssimo.-pego a caneta de suas mãos.
-Fala a verdade, meu espanhol me deixa mais sexy.-diz arrumando o colarinho.
Mais se acha mesmo.
-Você é ridículo Mathias.-reviro meus olhos.
-Olhaaa aaah invejaaaa.-cantarola.
-É isso aí, tô morrendo de inveja.-digo balançando a cabeça.
-E aí, preparado pra viajar?
A correria esses dias foi tanta que mal estava lembrando. Terei que viajar por uma semana atrás de um contrato importante para a empresa, não tô muito afim, mas tenho que ir pro bem da empresa.
-Saio na segunda de manhã.
-Ok, enquanto isso terei de olhar um monte de relatório.-parece entediado.
-Boa sorte.-sorri pro mesmo.
-Agora me conta, como é a mãe da garotinha, casada? Solteira?.-e lá está ele fazendo sua cara de safado.
-Annabelle o nome dela... E sim, ela é solteira.-digo dando o gatilho final para Mathias encher minha paciência.
-Hmmm, tá interessado nela?
-O quê? Não, ela virou minha amiga.
Tá bom, talvez eu goste um pouco... Mas ele não precisa saber disso.
-Sei, o que acha de me apresentar ela então?.-ele se acha mesmo.
-Não chega perto dela Mathias, ela não é garota pra você, já sofreu demais com a filha, não é alguém para se brincar.-digo firme para ele que ri ignorando o quê eu disse.
-Eeeh, você gosta dela, é meu caro amigo, mais um pouquinho de fuego.-diz rindo.
-Tenho que ir agora, até mais.-beija meu rosto em forma de brincadeira e sai cantarolando alguma coisa que não entendo.Juro que se eu não o conhecesse bem... Eu pensaria que ele é gay.
A manhã de sábado corre bem, como de costume o sábado eu trabalho em casa.
Ando pensando em comprar outra casa, não me faz bem morar aqui, me trás muitas lembranças, e muitas delas ruins.-Menino precisa de alguma coisa pra amanhã?-Nana sempre prepara tudo que eu queira no sábado, já que domingo é seu dia de folga.
-Só prepare uma mala pra mim por favor?.-peço beijando seu rosto.
-Claro menino, agora mesmo.-se vira indo até meu quarto.
O domingo chega com um tempo frio, hoje resolvi mudar e ir de manhã para o hospital, me sinto bem perto delas, e Angel me faz rir, ela é bem desconcertante.
Quando paro o carro na porta do hospital são 10:00 horas, é o ambiente está bem calmo. Por onde passo as pessoas estão agasalhadas por conta do frio de New York.Por estar em um quarto, visitas podem entrar quando quiser no quarto de Angel, o real motivo de ainda estar aqui é só para terem certeza de que a garotinha não terá nem uma reação. Além do mais, logo ela vai embora, pelo menos foi o quê Annabelle disse. "Ser tudo correr bem, semana que vem ela vai embora daqui".
Abri a porta do quarto para logo depois me deparar com o sorriso mais lindo que já vie em minha vida... Realmente Mathias tem razão, ela está mexendo comigo de alguma forma, não sei se é no seu jeito espontâneo, no sorriso, na conversa agradável ou na beleza, só sei que ela é um conjunto perfeito.-Você.-sorri se levantando para me abraçar.
-Você.-sorrio de volta e vou de encontro ao seu abraço.
E bom... Sentir seus braços me envolver, cada abraço que ganho dela ou de Angel parece se colar um pedaço de mim, um pedaço que foi quebrado quando minha princesa se foi.
-Que bom que veio mais cedo Tony.-disse falando baixo para não acordar uma garotinha que dorme com uma touca de panda.
Nessa semana ela cismou em me chamar de Tony, e eu? Bom, pode ser o apelido mais óbvio e brega do mundo, mas saindo de seus lábios pode ser a palavra mais perfeita.
-Terei que viajar amanhã, e então quis vir ficar com Angel hoje, afinal vocês são minhas amigas.
-Errado, você não é nosso amigo.
-Não?
-Não, você é amigo meu, porque esqueceu que pra Angel agora virou um tio?
-Aah... Claro, e eu fico contente em ter ela como sobrinha.
-Oi titio.-Angel tira nossa atenção quando fala comigo.
Se senta na cama com seu sobretudo vermelho e aquela pequena touca de panda que a faz ficar encantadora, e quando passa a mão nos olhinhos querendo acordar... Aí sim consegui ficar mais fofa ainda, se isso é possível.
-Veja quem acordou, se não é a princesa bela.-a pego na cama dando vários beijos em sua bochecha.
-Chega, chega, só inda e fofa, mas não pecisa moide.-passou a mão nas bochechas como se livrasse dos beijos.
-Pois bem mocinha, o que faremos hoje?
-Brincar.-na cabecinha dela a resposta era meio óbvia.
-Ok, é de que?
-De pincesa tio Antony.
-Aaah, e eu vou ser o quê?
-O rei é claro.
-É eu vou participar da brincadeira?-Annabelle diz.
-Sim mamãe, você é a rainha, é eu sou a pincesa, seremos uma família.
Olhei para Belle e pude ver seus olhos marejarem, sabíamos o quê Angel queria naquela brincadeira. Na cabecinha dela ela queria fazer sua própria família feliz.
-Não chora.-sussurrei quando cheguei perto dela.
-Desculpa.-não sei o que passava em sua cabeça, mas qualquer um poderia ver que ela se culpava por alguma coisa, só não sabia porque.
-Não tem porquê se desculpar.-me aproximei a envolvendo em um abraço carinhoso, e foi aí a primeira vez que senti algo diferente, eu já havia abraçado ela outras vezes, seja em despedidas ou chegadas, mas nada foi como agora, senti a necessidade de proteger e cuidar, como se ela fosse minha, e precisasse de cuidados é amor.
Naquele momento meus sentimentos por Annabelle mudou completamente, e se antes eu já estava em fogo cruzado... Agora eu estaria em um labirinto sem saída.
-Ta cholando mamãe?.-Angel desceu da cama vindo até nós para que pudesse abraçar a mãe.
-Dicupa, eu não quilia fazer você cholar.-disse com os olhos cheios d'água.-Ei, você não fez a mamãe chorar, estou chorando por outra coisa, não se preocupe solzinho.-fez seu melhor pra sorrir e ganhou um beijo estrelado da pequena Angel.
-Te amo mamãe.-sussurrou, mas deu perfeitamente para ser ouvido por mim.
-Eu mais solzinho, eu mais.-apertou a filha como se fosse a última coisa do mundo
Elas entraram na minha vida por um propósito, é não sou eu que vou me recusar a fazer parte da vida de ambas. Elas fazem o que nunca ninguém conseguiu fazer comigo após a morte de Alissa. Elas me fazem feliz, me faz querer sonhar com um futuro, um futuro onde ambas estejam nele.
Elas são minhas lanternas para um mundo sem escuridão."O futuro somos nós que escolhemos, basta escrevermos e seguir o rumo de nossas vidas"
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"Da Tragédia Ao Amor"
De TodoO que esperar do amor? Ainda mais quando ele vem após a tragédia? Antony Grey, com 27 anos e um dos melhores engenheiros de New York, homem sério e rigoroso, mas de bom coração, sua pose de durão acaba quando está junto de sua filha de 5 anos Alissa...