Capítulo 2

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::::HELOÍSA::::

Como sempre, minha mãe prepara o almoço - e eu sempre ajudo, gosto de cozinhar, mas eu não sou nada normal como de costume e na cozinha não é diferente. Minha mãe diz que faço as receitas mais mirabolantes que ela já viu - "cada um com os seus gostos."

Depois do almoço, é hora de ir pra igreja, hoje a Mari, minha melhor amiga desde que me entendo por gente me disse que pediram para que nós duas cantássemos juntas a música de abertura do culto de domingo, e eu já fico nervosa novamente, semana passada foi a mesma coisa, depois que o Líder do ministério me ouviu cantando enquanto editava os slides que passam na igreja durante o louvor - sim eu era a menina do slide com muito orgulho e não estava nos meus planos sair cantando por ai, mas reconheço que sempre gostei de cantar- depois disso ele disse que eu cantava bem e que sentia algo muito bom enquanto me ouvia.

Tudo isso é muito novo pra mim, eu cresci na igreja, mas sempre fui a menina que está lá só por causa da família. Eu amo ver minha família reunida e se esse lugar onde eles se reúnem é a igreja, então eu vou estar lá com eles.  Eu sei que eu tenho que estar lá por amor a Deus e ao nosso querido JC (Jesus Cristo), e eu realmente gosto deles, me emociono muito, e valorizo o sacrifício de Jesus por nós, mas as pessoas dizem sentir algo, que eu não entendo. Dizem que é como um relacionamento, mas eu nunca vi Deus por esse lado, na verdade sempre foi Ele no céu e eu na terra, e a gente se encontrava nos cultos, nos encontros de jovens e nas orações antes de dormir - de vez em quando.

Mas enfim, voltando a minha mais nova carreira como "cantora" que eu não quero, mas a Mari só falta dar pulinhos de alegria.

- Até que enfim Loli - a minha amiga tem uma mania de dar apelidos para todo mundo, e no meu caso ela queria um apelido que só ela chamasse, mas como não nos desgrudamos desde pequena quase todo mundo me chama assim também.

- Calma Mari, estou aqui já podemos ensaiar, mas eu não quero cantar nesse domingo. A igreja vai estar muito cheia, não sei se consigo.

- Claro que consegue! Você canta lindo Loli, e quando cantamos para alguém especial é melhor ainda! - Olhei pra cara de Mari desconfiada, quem especial? Eu achei que fosse culto e não dia dos namorados na igreja.

- Alguém especial Mari? - Ela me olha com uma cara despreocupada

- Jesus! sua boba, quem mais seria - Mari da um sorriso de orelha a orelha, algo aconteceu com ela, mas eu não sei o que. Já faz uma semana que ela vem me falando de uma experiencia diferente com Deus, eu não entendi nada, mas fazer o que? Tem muita coisa que eu não entendo mesmo. 

- Hey meninas! Chegaram cedo - Henrique, o líder de louvor grita do fundo da igreja.

- Oi Henrique - falamos juntas

- Já sabem a música?

- SIM!! - grita Mari, e eu olho pra ela assustada

- Qual música Mari? Você não me disse nada - Sussurro pra ela. 

- Quão Grande é o Meu Deus, Loli. Você vai gostar. - Uma conhecida, Valeu Jesus!

Começamos o ensaio, e ficou muito lindo! A Mari se emocionou varias vezes, e eu permanecia com meus olhos fechados, ela chorava, eu sentia algo bom, uma paz, como se eu pertencesse aquele lugar, como se ali eu estivesse completa, mas quando eu parava de cantar, eu não sentia mais isso. E isso me frustrava, era tudo o que eu precisava para talvez, quem sabe parar de chorar todas as noites antes de dormir.

Terminamos e decidimos ir até a sorveteria perto da igreja com uns amigos, e quando chegamos lá, do outro lado da rua, sentado em um banco da praça com o olhar perdido como se estivesse pensando na vida estava o moço que me viu com a cara enfiada na grama, não só me viu como me ajudou de um jeito estranho.

- Mari, me esconde. - Sim, eu estou correndo dele, que vergonha! Acho que fiquei até vermelha agora.

- Como assim Loli, por que? - ela fala com a maior naturalidade focada completamente no seu sorvete de chocolate com caldinha de morango.

- Para de olhar apaixonada pro seu sorvete e me esconde, estou morrendo de vergonha! - Eu já falo entrando atrás dela, o que não adianta muito já que somos quase da mesma altura.

- Mas o que aconteceu menina de Deus?

- Sabe aquele moço, sentado ali na praça? A gente meio que se conheceu, não foi bem conhecer mas resumindo, eu cai com a cara na grama na faculdade e ele me ajudou, só que eu estou com vergonha, paguei mico no primeiro dia de aula.

- Entendi. Vem vamos sentar ali no fundo pra eu rir da sua cara sem derramar sorvete em toda minha blusa - ela disse se segurando pra não rir.

- Tarde demais... - Falei quando vi ele vindo em nossa direção...

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(Continuem lendo, teremos esse encontro na visão do Caleb no próximo capitulo)

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{Horas depois...}


Já era quase nove horas da noite quando cheguei em casa, minha mãe estava vendo televisão, e o Kiko meu cachorro pequeninho de pelos branquinhos e amor da minha vida corre e começa a pular como sempre me dando boas vindas.

- Ah seu lindo vem aqui com a mãe!

- Com a mãe nada senhorita, vem aqui jantar e depois arruma tudo, eu estou indo dormir meu amor amanhã acordo cedinho pra levar o Kiko pra passear e depois vou pro trabalho. - Fala minha mãe que na verdade está com ciumes do meu cachorro, ela ama mais ele do que eu, só acho.

- Ta bom mãe, sonho que um dia você vai me amar tanto quanto ama o Kiko - faço cara de coitadinha.

- Para de ser boba - ela me da um beijo e sai pro quarto.

Mais um dia acabando e eu só estou no começo desse ano, que está começando diferente de todos os outros. nem tanto já que vou lembrar de cair de cara logo no primeiro dia de faculdade, mas vamos relevar né. Sempre temos que ter algo pra nos lembrar de quão particular é cada etapa da nossa vida, como diria a Mari nos seus momentos filosóficos.


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