O Rei das Sombras

Capitulo 14 - Sacrifícios e Lágrimas

—Quando você desapareceu por aqueles dias, Demian veio aprontando com sua irmã, como nunca— Cenonus crispou os lábios— Eles vem queimando aldeias e surgindo para humanos. Os noticiários Normais falam de dragões agora. Falam de seres mágicos e poder. O nosso mundo está abalado pela ameaça humana.

—Mas algo pode ser feito, certo? Precisamos deter Demian.

—Na verdade precisamos deter Oberon, ele é nosso foco mais perigoso. Ele conseguiu fugir de sua prisão, uma prisão cheia de magia e sortilégios, na qual ninguém nunca escapou... Até agora.

—Preciso encontrar Tiago também, preciso retornar a faculdade e abrir um portal para aquele vulcão idiota do Demian.

—Tiago não está mais com Demian. Tiago voltou para a faculdade. Senti quando o portal o jogou aqui perto. Precisamos ir. Vamos lá.

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Tiago deixou que a água quente descer por seu corpo, relaxando seus nervos e acalmando os batimentos de seu coração. Fechou os olhos e deixou se perder no mundo de escuridão, um mundo onde a magia não parecia um veneno constante. Lembrou de Oberon e tudo o que ele havia dito, todas as coisas e... Espere aí! As coisas que ele disse! Tiago arregalou os olhos enquanto as palavras do outro atingiam sua mente.

"Eu sou você. Eu sou você."

"Ele tirou tudo de mim, as minhas lembranças, o meu futuro e deu a você um corpo..."

—É ISSO!

Quando saiu do banheiro viu Robert parado no meio do quarto, os cabelos de fogo bagunçados e andando de um lado para o outro.

—Alexandre foi buscar algo para você comer.

—Obrigado. Sinto muito por tudo, eu...

Robert o puxou para seus braços e o prendeu ali. Tiago pousou a cabeça no peito do amigo, sentindo-se mais tranquilo, em casa.

—Não precisa se desculpar. Só estava muito preocupado com você. Não faça isso novamente, entendeu?—Tiago balançou a cabeça positivamente—Você precisa descansar um pouco também, me parece muito cansado, tem olheiras. Não sei muito bem o que aconteceu, mas vou esperar até que esteja melhor para me contar, até lá, durma. Vou ficar por aqui com Alexandre, afinal não tem como sair com esse tempo horrível que se aproxima da faculdade.

—Tempo horrível. Que tempo horrível?

—Aonde você estava? Você não tinha nada de notícias para onde foi? Os meteorologistas estão malucos com isso, a natureza de repente parece ter ganhado vontade própria e se virado contra os seres humanos. Ondas, terremotos, ondas gigantes. Acredita que até dragão anda aparecendo por aí? Essa última parte eu acho que é mentira, mas o resto é tudo verdade.

Tiago saiu dos braços de Robert e correu para a janela e olhou para o céu. Havia nuvens cinzentas de chuva acima e nos terrenos da faculdade, mas em volta, pela floresta que rodeava a mesma havia uma densa e horrenda camada de nuvens roxas e brilhantes, com relâmpagos riscando o céu de forma ameaçadora. Elas avançavam lentamente em direção a faculdade, mas pareciam não conseguir dominar os céus da propriedade, como se fossem impedidas por algo invisível.

—Não é um tempo comum.

—Como assim? Do que você está falando?

—Magia, estou falando de magia.

Tiago correu porta afora, atravessou o corredor cheio de alunos, podia ouvir Robert correndo atrás dele. Desceu as escadarias do hall de entrada do dormitório. O vento forte lá fora entrava no espaço cavernoso, arrastando folhas e grama para dentro.