O Rei das Sombras

Capitulo 15 - Abertura das Portas e Portais

ALGUNS ANOS DEPOIS

—Francamente, se não fosse aquele trânsito horrível teríamos chegado cedo—Alexandre crispou os lábios enquanto o carro seguia pelas fileiras de mais carros adiante—Na nossa época não tinha tantos carros assim.

—Você tem toda razão, querido—Robert sorriu sem desviar atenção da sua frente—Acho que Thiago vai amar essa faculdade.

—Tenho certeza.

Alexandre olhou para trás. Um rapaz moreno de olhos castanhos, com fones de ouvido estava perdido em pensamentos enquanto observava os corredores infinitos de árvores a sua volta. Thiago pareceu sentir o olhar de Alexandre e olhou para ele, retirou os fones.

—Disse algo?

—Você vai amar essa faculdade. Era isso que estávamos falando.

—Vocês falam tanto desse lugar—Thiago respirou fundo e solto o ar— que estou começando a ficar curioso. Quero dizer; quem construiria uma faculdade assim no meio do nada? O que eles querem esconder?

Robert e Alexandre trocaram olhares significativos e tristes. Já faria muitos anos desde o dia mais triste na vida deles; o dia em que souberam que Tiago jamais voltaria para eles, o dia em que Rei ateou fogo ao Submundo e sumiu por aí, o dia em que eles tiveram que se acostumar sem as duas pessoas importantes para eles. O dia em que a magia saiu de suas vidas.

Logo na curva a Windermore surgiu, erguendo-se de trás dos muros de pedra. Thiago colocou o rosto no vidro do carro para ver melhor a imensa construção de pedras com muitas janelas que refugiam a luz dourada do sol, o lago prateado e uma construção imensa e chamuscada mais ao longe. Havia vários carros estacionados na grama fofa, e muitas pessoas entrando pelos degraus de pedra da entrada principal, maravilhados com a imensidão da faculdade.

—Aqui você vai fazer muito sucesso—Robert riu enquanto ajudava o filho a retirar as duas malas do porta-malas— As festas e...

—Chega—Alexandre riu se aproximando— Não convença o menino a fazer as coisas erradas que você fazia. Vamos querido, quero ver seu dormitório.

Eles entraram no suntuoso salão da torre dos dormitórios, subiram a escadaria, Robert atrás carregando as malas enquanto seu coração se apertava de saudade com tudo em volta. Eles seguiram pelo corredor lotado de alunos e pais, e entraram no dormitório 2211. Ainda era como eles lembravam. Havia um garoto sentado em uma das camas, a cabeça abaixada, concentrado em um livro. Assim que entraram ele levantou a cabeça e os olhos verdes detrás de um par de óculos se prenderam aos de Thiago, que sorriu.

—Olá! Sou Thiago, você é...?

—Sou William.

Thiago sentiu o coração apertar, um aperto desconhecido por ele, mas sentiu todo o seu corpo se arrepiar ao apertar a mão de William, não sabia dizer bem o porque.

—Bom, vamos deixar você arrumar suas coisas, precisamos ver algo— Robert jogou as malas na cama, sorriu para William e deu um tapinha no ombro do filho— Vai com calma garanhão— E saiu com Alexandre.