Capítulo 6 - Um Duelo Mortal

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Tiago estava encarando Rei que tinha um pequeno sorriso nos lábios. Parecia achar divertido o fato de Tiago está preocupado com ele. Estava prestes a dizer algo quando ouviram um barulho. Todo mundo virou as cabeças para as portas de entrada e uma dúzia de vultos irromperam para dentro do salão. Vinham montados em vassouras, Tiago arregalou os olhos, o queixo caído com a cena. Eles voavam como raios acima de todos, fazendo voos rasantes pelas cabeças e gritando. Pousaram na frente do Rei com barulho. Todos tinham olhares ferozes, o maior deles, um careca tatuado deu um passo a frente.


— Rei— Gruiu o homem. Tiago notou que ele tinha olhos dourados e em fendas, como as de um gato— Ah quanto tempo.


— Anastácio— Rei respondeu com o mesmo tom de voz. Tiago engoliu em seco— Como vai a ShoxSchool?


— Muito bem. Agora sou professor, sabia disso? Posso ensinar o que sei.


— Espero que isso não signifique ensinar magia. Você sabe o que isso significa.


Anastácio soltou uma gargalhada gelada. Seus companheiros fizeram o mesmo.


— E o Submundo? Não é um lugar mágico? Você deixa todos esses humanos entrarem aqui. Porquê eu não posso ensinar magia aos meus?


— É proibido.


— Nós que fazemos nossas proibições. Simples assim. Mas vamos que interessa. A shoxSchool gostaria de ampliar suas sedes e acha a Windermore perfeita para isso. Você já conhece as regras e...


Rei assentiu. Antes que pudesse dizer algo Anastácio lançou um feitiço que jogou Rei no chão. Tiago sentiu as pernas bambas. Sentiu-se vigiado e olhou para o outro lado do círculo, um garoto moreno com uma coroa igual a dele o observava com desdém.


Rei levantou do chão e lançou um feitiço vermelho que atingiu Anastácio na cara, o feiticeiro desmontou no chão com um baque seco, mas em poucos segundos já estava de pé novamente. Lançou uma lança de faíscas, mas Rei a desviou e começou a atingi-lo com uma sucessão de feitiços. As pessoas na borda do círculo tentavam se proteger de todas as formas para não serem atingidas pelos raios.


Anastácio conjurou uma parede no ar e acertou Rei em cheio. Tiago correu para a borda da plataforma e olhou para baixo, a pilha de tijolos então explodiu em uma nuvem de pó e luz. A nuvem se elevou como um monstro negro e rugiu, Tiago se afastou, e o monstros fechou as mandíbulas em cima de Anastácio que gritou. Rei não esperou o outro surgir em meio a poeira que ia caindo, lançou mais feitiços. Anastácio surgiu todo coberto de poeira.


— Andou treinando foi, Rei?— Deu uma risada desvairada. Rei o acertou com um raio na cara, ele apenas cambaleou para trás— Acha que... Que pode me derrubar​?


Anastácio deu uma gargalhada e então girou as mãos. Uma nuvem densa e perolada se formou no ar. Tiago sentiu o estômago revirar, havia algo de mortal naquela nuvem. A nuvem então partiu para cima de Rei, que tentavam bloquear os ataques da nuvem mágica enquanto Anastácio lançava feitiços. Rei olhou brevemente para Tiago. Um feitiço prateado de Anastácio acertou Rei no peito que desmontou sem aviso no chão.


Os alunos da ShoxSchool deram berros de alegria enquanto os da Windermore mantinham- se em silêncio mortal. Tiago porém deu um grito e desceu da plataforma e se ajoelhou perto de Rei, abaixou-se para ouvir seus batimentos. Não conseguiu ouvir nada. O desespero tomou conta do garoto.


Seu corpo era balançado por espasmos e seu rosto lavado por lágrimas enquanto permanecia ali com a cabeça no peito de Rei. Então uma fisgada no cérebro o cegou por alguma segundos.


De repente ele não estava mais no salão do Submundo, mas sim no topo de uma imensa torre de pedras, encarando um labirinto de casas, o Horizonte dourado cortado por uma meia estrutura de ferro negro, aonde trabalhadores faziam de tudo para manter em pé.


— Chama de Torre Eiffel, ou algo assim— Tiago olhou para o lado. Rei estava sentado ali. Tiago sorriu, mais uma vez, como na visão da floresta, ele sentia que não tinha controle do próprio corpo, seus gestos eram guiados por outra coisa. Só sabia que estava muito feliz de estar em cima daquele telhado com William. Esse era o nome dele, William— Eu prometo que vamos sair dessa vida vagabunda. Vou conseguir um emprego e comprar uma casa.


William levantou a mão e tocou o rosto de Tiago suavemente. Se aproximou e beijou seus lábios com delicadeza.


— Eu darei tudo o que precisa para ter uma vida digna.


— Eu só preciso de você.


Outra fisgada no cérebro e Tiago estava de volta no salão. Mas não estava mais agachado perto do corpo de Rei e som erguido por Anastácio.


— Me solte!


— Não gracinha. Você agora é meu. As regras são essas, o vendedor leva a Rainha. Pare de debater!


Tiago levou um tapa. Robert e Alexandre furaram a multidão.


— Solte ele!— Robert gritou.


Anastácio estalou os dedos e ambos ficaram imóveis como estátuas. Tiago gritou por eles enquanto Anastácio o colocava nos ombros como uma saca de tecido. Tiago se debateu enquanto Anastácio rompia pela multidão.


— Saiam da minha frente!— Gritava com brutalidade.


Tiago socava as costas do homem, mas ele era muito forte.


— Rei! Rei! Por favor, Rei!— Tiago gritava a plenos pulmões— Por favor, volte. Por favor! Rei!Então uma explosão de luz varreu o salão. Todos se calaram, Tiago parou de se debater e arregalou os olhos com a cena. Anastácio olhou desconfiado para os olhares chocados e virou-se. Mal fez isso é um feitiço o atingiu bem na cara.


Anastácio jogou Tiago no chão.


— Você é difícil de matar. Ótimo, vamos nos divertir um pouco mais.


Tiago sentiu medo por Rei, pois Anastácio estava com uma expressão assassina no olhar. Mas ele não teve tempo nem de lançar um feitiço. Rei começou a falar algo em uma língua esquisita e arrastada. As luzes do salão começaram a piscar e lustres a balançar. Um trovão explodiu pelo espaço e todo mundo começou a gritar e a correr para fora do Submundo.


Robert e Alexandre que haviam acabado de acordar do torpor piscaram confusos e olharam em volta. Correram para onde Tiago estava é o ajudaram a levantar.


Rei girou os dedos e uma fumaça densa ergueu-se abaixo de Anastácio, que não teve tempo de desviar. O salão se encheu com seus gritos e quando Rei girou a mão e a fumaça sumiu, Anastácio não passava de um monte de ossos carbonizados que caíram no chão ruidosamente. Acabou.Tiago olhou assustado para a pilha de ossos e para Rei. Correu para o garoto e o abraçou com força. Rei retribuiu imediatamente, pela primeira vez sentindo-se em paz.

O Rei das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora