Capítulo 4 - Limniades

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— Deixe-me ver esse corte— Rei afastou Alexandre com urgência e abaixou-se. Passou os dedos longos e finos pelo corte— Mordida. Alexandre, feche a porta, Tiago a janela.


Sem entenderem muito o que o garoto pretendia eles obedeceram, deixando o quarto na escuridão. A única luz provinha dos olhos brilhantes do Rei que estava debruçado sobre o corte roxo de Robert. Então o garoto estalou os dedos e chamas azuis brotaram de suas palmas que se moviam lentamente. Alexandre soltou um palavrão e Tiago arregalou os olhos.


— Sombras da noite, amigos da manhã, invoco os setes poderes dos setes príncipes da escuridão— O quarto então se encheu de ruídos e passos pesados. Tiago capturou vultos pretos com sua visão periférica, pareciam entrar e sair das paredes, eles tinham formas alongadas, alguns com chifres, outros com asas e até com sete braços— Me ajudem a drenar o...—Mas as chamas em suas mãos se apagaram e os vultos desapareceram.


— Maldição. Aqui não vai dá. Vamos ter de levá-lo ao Submundo. Lá tenho mais energia que aqui.


Tiago olhou para Robert, os olhos vermelhos brilhando mais fortes. O ruivo assentiu. Tiago segurou sua mão com força.


Rei moveu os braços em um movimento amplo e o quarto girou em volta deles como um redemoinho de cores e quando parou estavam no centro de uma sala circular com paredes de madeira e um lustre pesado no teto, muitas portas eram dispostas em volta deles. Tiago e Alexandre haviam aparecido afastados do centro. Rei e Robert estavam no centro, dentro de um enorme pentagrama feito com a mesma tinta dourada que estampava a pele do Rei.


— Venham para ele— Rei sussurrava, a voz ecoando por todos os lados como vento— Saiam das sombras e me indiquem a verdade.


E para o horror de Tiago e Alexandre, as mesmas figuras sombrias, sem feições, com rabos e chifres brotaram do chão de madeira. Afastaram-se até as bordas do pentagrama​ que explodiu em um luz prateada e quente. Tiago podia sentir o calor tocar sua pele. As criaturas sombrias "falavam" algo em uma língua arrastada e esquisita. Mas Rei parecia entender tudo pois respondia do mesmo jeito.


— Vão. Voltem para os túmulos— E as figuras sombrias desapareceram, penetrando o chão novamente, deixando para trás um rastro de fumaça no ar— É o que eu pensei. Ele foi envenenado por um Espectro. Existem vários na floresta.


— O que diabos é um Espectro?— Robert indagou ainda imóvel no chão.


— Seres da floresta que guardam ouro de Duendes. São poderosos e maléficos.


— Eu vou virar um Espectro?! Tá de brincadeira, né?! Cara, eu tenho prova semana que vem!— Não se pudermos evitar. Vou precisar​ de mais veneno de Espectro para que possa preparar uma porção. Sei onde conseguir.


— Eu pago— Tiago se ofereceu.


— Não vai ser preciso— Rei riu— Fiquem aqui. Irei ver alguém que pode me ajudar.


— Vou com você— Tiago se adiantou atrás do Rei que abria uma porta— Quero me certificar de que tudo estará certo. Alexandre, você pode ficar cuidando de Robert?

O Rei das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora