— Deixe-me ver esse corte— Rei afastou Alexandre com urgência e abaixou-se. Passou os dedos longos e finos pelo corte— Mordida. Alexandre, feche a porta, Tiago a janela.
Sem entenderem muito o que o garoto pretendia eles obedeceram, deixando o quarto na escuridão. A única luz provinha dos olhos brilhantes do Rei que estava debruçado sobre o corte roxo de Robert. Então o garoto estalou os dedos e chamas azuis brotaram de suas palmas que se moviam lentamente. Alexandre soltou um palavrão e Tiago arregalou os olhos.
— Sombras da noite, amigos da manhã, invoco os setes poderes dos setes príncipes da escuridão— O quarto então se encheu de ruídos e passos pesados. Tiago capturou vultos pretos com sua visão periférica, pareciam entrar e sair das paredes, eles tinham formas alongadas, alguns com chifres, outros com asas e até com sete braços— Me ajudem a drenar o...—Mas as chamas em suas mãos se apagaram e os vultos desapareceram.
— Maldição. Aqui não vai dá. Vamos ter de levá-lo ao Submundo. Lá tenho mais energia que aqui.
Tiago olhou para Robert, os olhos vermelhos brilhando mais fortes. O ruivo assentiu. Tiago segurou sua mão com força.
Rei moveu os braços em um movimento amplo e o quarto girou em volta deles como um redemoinho de cores e quando parou estavam no centro de uma sala circular com paredes de madeira e um lustre pesado no teto, muitas portas eram dispostas em volta deles. Tiago e Alexandre haviam aparecido afastados do centro. Rei e Robert estavam no centro, dentro de um enorme pentagrama feito com a mesma tinta dourada que estampava a pele do Rei.
— Venham para ele— Rei sussurrava, a voz ecoando por todos os lados como vento— Saiam das sombras e me indiquem a verdade.
E para o horror de Tiago e Alexandre, as mesmas figuras sombrias, sem feições, com rabos e chifres brotaram do chão de madeira. Afastaram-se até as bordas do pentagrama que explodiu em um luz prateada e quente. Tiago podia sentir o calor tocar sua pele. As criaturas sombrias "falavam" algo em uma língua arrastada e esquisita. Mas Rei parecia entender tudo pois respondia do mesmo jeito.
— Vão. Voltem para os túmulos— E as figuras sombrias desapareceram, penetrando o chão novamente, deixando para trás um rastro de fumaça no ar— É o que eu pensei. Ele foi envenenado por um Espectro. Existem vários na floresta.
— O que diabos é um Espectro?— Robert indagou ainda imóvel no chão.
— Seres da floresta que guardam ouro de Duendes. São poderosos e maléficos.
— Eu vou virar um Espectro?! Tá de brincadeira, né?! Cara, eu tenho prova semana que vem!— Não se pudermos evitar. Vou precisar de mais veneno de Espectro para que possa preparar uma porção. Sei onde conseguir.
— Eu pago— Tiago se ofereceu.
— Não vai ser preciso— Rei riu— Fiquem aqui. Irei ver alguém que pode me ajudar.
— Vou com você— Tiago se adiantou atrás do Rei que abria uma porta— Quero me certificar de que tudo estará certo. Alexandre, você pode ficar cuidando de Robert?
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O Rei das Sombras
RomantizmO Rei das Sombras Em meio à bruma das montanhas escocesas, Tiago, um bolsista tímido e recluso, se vê imerso em um submundo obscuro e violento. O refúgio da pacata vida universitária se estilhaça ao se deparar com o Rei, um jovem que governa com mal...