O Rei das Sombras

Capítulo 10 - Dragão

Tiago observou as ondas quebrarem na areia, depois fechou os olhos para sentir o vento que batia em seu rosto. Ao seu lado Rei observava tudo em silêncio, respirando lentamente, os olhos brilhando como vagalumes a pouca luz que provinha de uma fogueira distante aonde alguns outros casais conversavam juntos.

— Esse lugar é fantástico — Tiago sorriu abrindo os olhos lentamente — Obrigado por me trazer aqui — Beijou o namorado.

— Eu queria você só pra mim — Rei o envolveu com os braços e o puxou para seu colo — Não queria ser interrompido por mais ninguém — Beijou o pescoço de Tiago e foi em direção a sua boca.

O vento que outrora frio de repente tornou-se quente. Rei parou de repente e olhou para o céu, Tiago que não entendia nada seguiu o namorado, viu somente as estrelas. Na roda de casais uma garota de pele azul e cabelos brancos levantou-se e apontou para um ponto no céu, Tiago então vou; uma sombra imensa que vinha cortando pelas estrelas e descendo como um meteoro negro e veloz.

A praia antes calma encheu-se de gritos e todos correram para longe, deixando a praia para trás. Rei segurou a mão de Tiago e o puxou também. As ruas entre as cabanas estavam lotadas agora, subindo em direção a montanha mais alta do lugar.

— O quê aconteceu? O que é aquela sombra? — Tiago indagou ofegante enquanto corria o mais rápido que podia para acompanhar o namorado.

— Dragão, é um dragão.

— Você... Você não pode lidar com um dragão? Nem todos juntos?

— Não é um dragão comum, ele é...

Explosão. Uma imensa bola de fogo reduziu uma cabana a pedaços queimados, o ar se encheu com o som de asas batendo e gritos. A massa enorme e negra passou raspando por cima dos telhados e cuspiu mais fogo. Tiago sentia os pés doendo enquanto continuavam correndo. Chegaram a um espaço aberto entre as cabanas é uma caverna aos pés da montanha, todos corriam lá para dentro. O dragão agora estava se aproximando novamente, cuspiu uma bola de fogo que quase os atingiu, Tiago sentiu as ondas de calor. Eles conseguiram entrar na caverna como todo mundo, correram por um corredor largo de pedras iluminados por centenas de velas robustas e grandes que eram acesas pelos que ia a frente.

Ouviram um estrondo acima deles é uma nuvem de poeira e chuva de pedrinhas desprendeu-se do teto. Eles correram mais rápido. O corredor finalmente acabava em uma grande câmara circular de pedra, o seu teto alto acabava em uma abertura para o céu estrelado. Todos ficaram em silêncio, olhando para todos os lados. Ouviram quando o dragão pousou na montanha lá fora e Caminhou, cada passo fazer tudo estremecer.

Então a abertura acima deles tornou-se escura e a câmara se encheu de vento quente. O dragão pousou bem no centro. Tiago nunca havia visto um dragão na vida, e ficou impressionado com aquele; ele era maior que uma casa de dois andares, seu corpo imenso era revestido por escamas negras e reluzente a como vidro, sua cabeça enorme era coberta por chifres cinzentos e lustroso que pareciam formar uma coroa mortal. O dragão olhou para todos a sua volta, as asas enormes balançando lentamente enquanto se recolhiam de encontro ao seu corpo.

— Vá embora, Demian — Ralhou uma velha bruxa de nariz curvo e pontudo — Não é bem vindo aqui.

O dragão soltou um rosnado como um cachorro gigante e a bruxa deu um passo atrás. Seus imensos olhos negros percorreram a multidão e quando viu Rei e Tiago grunhiu de novo. Ele flexionou as asas e girou em um turbilhão negro de escamas que foi diminuindo até cessar e no lugar dele havia um homem. Ele era alto e esguio, de cabelos negros até os ombros, assim como os olhos, usava um impecável terno preto.

— Boa noite. A quanto tempo meus velhos amigos — Seu sorriso era largo e gelado.

— O que quer aqui, Demian? — Rei indagou dando um passo a frente e puxando Tiago para trás de si.

Demian deu um sorriso mais largo e seus olhos negros brilharam como vidro.

—Ah, meu amado e querido Rei, você não imagina o que quero aqui? Tem certeza? — E seus olhos recaíram em Tiago — Depois de tanto tempo... Continua o mesmo.

— Já acabou, Demian. Ele não lembra de nada, o feitiço deu certo. Saia daqui, agora.

— Você não manda mais em mim, querido Rei. E aposto que algumas hora comigo e ele vai lembrar de tudo — Inclinou o corpo esguio para o lado e encarou Tiago — Tudo bem? Já faz tanto tempo — Um raio vermelho caiu em seu pés, levantando uma leve nuvem de poeira, lançado por Rei — Porque isso agora?

— Saia daqui.

Demian no entanto se aproximou mais de Tiago. Rei girou o braço e uma chuva de raios recaiu sobre Demian, mas nenhum acertou seu corpo, isso porque uma enorme asa negra saiu de suas costas e o envolve como um escudo de escamas negras e brilhantes. Quando as asas abriram ele lançou um feitiço em Rei que o bloqueou. Rei lançou um feitiço que fez Demian ser jogado para trás. Demian caiu em pé do outro lado da caverna e com fúria nos olhos lançou um feitiço azul e poderoso que encheu a caverna de luz, e atingiu Rei com um som de explosão que fez pedras se soltam do teto. Rei foi jogado do outro lado da caverna. Tiago gritou desesperado e correu para ele, mas uma mão gelada o segurou pelo braço. Era Demian. Tiago deu-lhe um tapa e tentou escapar, mas o aperto era firme.

— Não adianta perder tempo com ele, sempre foi fraco, eu sempre te dizia isso.

— Você é maluco! Me solte! Eu nem sei quem é você!

— Talvez isso te lembre.

Demian agiu rápido; puxou o rosto de Tiago e o beijou. Tiago tentou se desvencilhar, mas sua mente deu uma sucessão de cliques dolorosos e a caverna saiu de foco e uma sucessão de imagens preencheu sua visão de forma assustadora: Ele e Demian sentados na ponta de uma cama aos beijos, ele e Demian abraçados, ele e Demian debaixo de lençóis, ele e Demian voando, ele voando nas costas de um imenso dragão negro, ele e Demian cobertos de sangue, e ele parecia muito feliz.

Quando Demian interrompeu o beijo, Tiago respirou fundo.

— Chegou a hora da verdade, meu querido.

Ele tirou Tiago do chão e o pôs nos braços, as asas em suas costas se esticaram e ele levantou voo, saindo da caverna. Tiago olhou assustado para baixo, para o Rei desacordado.