Capítulo 3 - Jessy

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Na saída do campus peço um táxi para voltar para casa. Até que dá para ir a pé, mas estou tão cansada que não sou capaz nem de piscar os olhos. Chego em casa em menos de vinte minutos. Todas as luzes apagadas, tudo muito silencioso. Estranho, minha mãe não disse que ia sair. Acendo as luzes e aos poucos minha visão vai se ajustando ao ambiente. A primeira coisa que eu vejo são os móveis ainda embalados em plásticos, mas me preocupo de imediato ao ver o chão brilhando com pequenos pedaços de vidro. Deixo a minha bolsa no sofá e procuro pela minha mãe. Provavelmente ela já tomou uns drinks, andou pela casa quebrando coisas, o que já é normal dela quando briga com seus namorados fracassados. Subo as escadas em direção aos quartos para procura-la e dar uma bronca por já estar quebrando a casa.

- Mãe?

Vou até o quarto dela e não a encontro, ando até o final do corredor em direção ao meu quarto e ouço um barulho estranho. Não sei porque mas corpo arrepia inteiro.  Entro no meu quarto e encontro minha mãe sentada no chão com as mãos na cabeça e chorando, quando ela levanta os olhos eu vejo profundo desespero neles e isso me deixa muito assustada. Corro em sua direção e a seguro em meus braços.

- Mãe, o que aconteceu?

- Fi... Filha...

- Me fala agora quem foi o filho da puta da vez que eu vou arrancar os olhos dele! Mãe, em todos esses anos eu nunca te vi assim. Estou preocupada!

- Não aguento mais fugir... - Mais arrepios.

- Fugir de que? Mãe, pelo amor de deus, não me diga que depois de velha começou a usar drogas! - Se um olhar matasse, acho que eu estaria mortinha agora.

- O seu pai quer te conhecer! - E ela simplesmente solta essa bomba no meu colo, valeu mamãe!

- PUTA QUE O PARIU!

Meu corpo cede e eu deito no chão, realmente não era isso o que eu estava esperando. Pensei que fosse mais um de seus namorados patifes, mais meu pai? Espera aí...

- Mãe, você está me dizendo que o meu pai quer me conhecer?

- Sim. Ele nos encontrou, eu tomei tanto cuidado, não sei como ele descobriu... - Ela está divagando e eu não estou entendendo nada.

- Como assim? Ele esteve nos procurando todos esses anos e você não me contou?

- Jessy, ele não podia encontrar a gente, não podia!

- Chega! Para de me enrolar e me conta o que está acontecendo! - Grito tão alto que ela se encolhe e volta a chorar.

- Seu pai é chefe de uma organização criminosa internacional Jessy e agora que você fez 18 anos ele quer que você assuma o lugar dele!

Então sinto os meus joelhos cederem  e de repente tudo fica turvo e escuro... Somente escuridão...

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Acordo assustada, não sei direito onde estou. Depois de um tempo percebo que estou na minha cama e aos poucos as palavras da minha mãe voltam à minha mente provocando uma dor de cabeça dos infernos. Preciso resolver isso e tem que ser agora! Tento me levantar, mas o corpo parece estar pesado e a minha cabeça vai explodir.

- MÃE! - Porra, pra que eu fui gritar?

Minha mãe chega correndo, com os olhos inchados, mas já recomposta. Ela fica me analisando sem dizer uma palavra.

- Eu não tive um pesadelo, tive? - Rezo mentalmente para todos os santos que já ouvi falar para que ela confirme ser apenas isso, um pesadelo.

- Não, não foi um pesadelo. Infelizmente querida, queria muito que fosse. Passei os últimos 18 anos da minha vida tentando evitar esse momento, mas eu não consegui. - Seus olhos se enchem de lágrimas novamente.

- Calma mãe, seja o que for eu estou com você e vou te proteger, você já fez isso por tempo demais por mim, agora é a minha vez. Mas preciso que você me conte com detalhes o que aconteceu.

- Eu não estou preparada ainda para falar sobre isso filha, mas prometo que em breve te contarei tudo o que você tem o direito de saber.

Ela me abraça como se fosse uma despedida e eu não fico nada satisfeita com isso. Seja o que for que eu terei que enfrentar daqui pra frente, que venha. De uma coisa eu tenho certeza, fugir é que eu não vou!

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