Capítulo 6 - Jessy

73 35 23
                                    

Estou tentando por minha mente e coração em ordem. Tudo o que eu julgava saber sobre a minha vida é mentira. Não posso culpar minha mãe por isso, ela viveu para me proteger e eu não sei direito do que exatamente eu preciso ser protegida. Ela fugiu durante dezoito anos, de que adiantou? Eu entendo que falar sobre isso seja difícil para ela, mas eu tenho que saber o que está acontecendo de verdade, chega de ficar no escuro. Com tantos pensamentos confusos me vem o Sr. Gostosão na cabeça, não consigo parar de pensar naquele olhar matador, acho que eu preciso é de um pouco de álcool para esquecer tudo isso, ou pelo menos tentar.
Vou até a cozinha e pego uma garrafa de vodka, até penso em pegar um copo, mas acho que a garrafa é uma ideia melhor. Me jogo no chão do meu quarto, me afundando em pensamentos e de gole em gole vou esquecendo. Nem sei quanto tempo fico jogada no chão e abraçada a garrafa, o que eu mais preciso agora é de braços quentes a minha volta e de colo. Cansada de ficar sozinha levanto, corro para o banho, faço uma maquiagem básica, coloco um vestido de noite, calço os saltos, pego a bolsa e saio. Não sei para onde estou indo, só quero me divertir e esquecer todos esses problemas. Na saída de casa peço um táxi, estou tão distraída que nem vejo o carro chegando, olho quando o motorista buzina para que eu entre no táxi.

- Boa noite senhora, para onde vamos? - Pergunta o simpático taxista.

- Me deixe em um local onde eu possa me divertir! - Ele apenas balança a cabeça confirmando e arranca com o carro.

Andamos um bom tempo pelas ruas do Rio de Janeiro, eu olho pela janela do carro dispersa de todas as belezas naturais das praias e das ruas movimentadas. Meus pensamentos me levam ao meu pai, será mesmo que ele apareceu dezoito anos depois apenas para virar minha vida de cabeça para baixo? Será que não foi apenas um rompante da minha mãe? Até agora ele não deu sinal de vida, eu pelo menos não o vi.

Estou perdida em pensamentos sombrios quando o motorista para em frente a uma boate muito movimentada e o som do lado de fora está bem alto tocando música eletrônica.

- Essa aí senhora, é uma das boates mais badaladas do Rio, estamos em Copacabana, fique com o meu cartão e se quiser me ligue para que eu venha buscá-la. - Ele me entrega o cartão e eu agradeço.

Entro na fila dos ingressos, está muito cheio. A Boate tem um estilo rústico e aconchegante apesar do barulho da música. Me sento no bar e peço Coca-Cola com Rum, a sim, essa é a minha paixão. O Bar Man que vem me entregar a bebida é o completo oposto do que anotou o meu pedido. Minha nossa! Loiro, alto, tatuado e os olhos de um castanho claro. E esse peitoral nessa camisa “gola v”? Braços fortes... Ele me dar um sorriso tão largo e é aí que eu percebo que a bebida está no meio do caminho e eu estou de boca aberta olhando para ele feito uma idiota. Affs, hormônios!

- Hã, Obrigado! - Agradeço ainda olhando para ele. Ele demora mais do que deve para soltar o copo e me olha de um jeito que parece me devorar com os olhos. Mais que diabos? Minha língua cola no céu da boca, eu quero dizer algo mas é impossível, eu pareço hipnotizada.

- De nada, qualquer coisa só me chamar, meu nome é Enzo. - Ele quebra o silêncio e me entrega finalmente o copo. O safado vira e sai, mas não antes de me mandar uma piscadela.

Fecho meus olhos e saboreio a bebida. Por uns instantes me vejo me divertindo e curtindo a música. Não aguento quando começa a tocar "Fallin'' de Alicia Keys, me levanto depressa para a pista de dança, fecho os olhos e deixo a mágica acontecer...

Herdeira Da Maldição Onde histórias criam vida. Descubra agora