Herdeira Da Maldição

Capítulo 1 - Jessy

Acho que ainda não me apresentei, meu nome é Jessica Velatti, todos me conhecem como Jessy, tenho 18 anos e estou mais uma vez de mudança, já é a sétima desse ano. Minha mãe adora se apaixonar por um cara diferente a cada semana, e aqui eu fico igual a uma idiota, pra lá e pra cá. Amigos? Não, minha querida mamãe não me dá tempo para ter esse tipo de coisa.
Hoje começo na nova Faculdade, espero poder ficar dessa vez. Minha mãe franze a testa como se pudesse ler meus pensamentos.

- Que foi mãe? Eu nem falei e você já sabe o que eu estou pensando? Incrível isso, hein!

- Agora a culpa é minha! Seus olhos te entregam Jessy, ninguém precisa ler pensamentos para saber o que você está pensando.

Eu me odeio as vezes por ser tão dura com ela, é que as vezes eu tenho a sensação de ser eu a mãe, mas não aguento e acabo me corrigindo. Ela é linda, morena, cabelos castanhos e um sorriso marcante, pena que tem um gosto deplorável para homens, mas sempre foi uma boa mãe na medida do possível. Meu pai? Mais um traste que passou na vida dela, foi um de seus muitos amores que a abandonou a própria sorte.

- Tudo bem mãe, desculpa. Me deixa aqui na esquina, não quero pagar mico no meu primeiro dia de aula.

Minha mãe revira os olhos e responde:

- Tudo bem, boa sorte querida!

E lá vou eu encarar os lobos!

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Entro pelos portões da Faculdade como sempre, de cabeça baixa, o piso as vezes tem umas rachaduras interessantes que eu gosto de ficar olhando. Estou no meio do caminho quando bato em algo, parece uma parede de tijolos, desastrada como sempre derrubo meu material. Acabo praguejando:

- Esse vai ser um dia da porra!

-Calma, deixa eu te ajudar - Fala uma voz masculina.

Eu me sobressalto e praguejo mais uma vez, coisa que sempre faço quando fico nervosa. Ouço o cara rindo e levanto a cabeça para olhar. Droga!!! O que é isso?
Minha voz acaba, minha boca não fecha e o meu corpo inteiro arrepia. De onde veio isso? Só pode ser obra da Santa Nazaré dos homens gostosos!
Ele não é muito alto, 1,75cm aproximadamente, mas o que me chama a atenção são os olhos profundos, em um tom de verde claro, sobrancelhas arqueadas e grossas, cabelos negros. Minha nossa!

- Hei, seu idiota! Não olha por onde anda? - Olho para ele com cara de poucos amigos, afinal, as sensações que ele causa em tão pouco tempo estão me irritando. De uma coisa eu tenho certeza, vou manter distância desse cara, ele cheira a problemas.

- Foi você quem me atropelou. - Ele responde.

- Ah, vai te catar! - Pego minhas coisas e deixo ele lá no pátio plantado igual um idiota. Boa Jessy!

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O sinal toca anunciando o início da aula, vou para a sala de aula, entro e todos me olham, odeio essa parte. Algumas meninas sentadas na primeira fileira ficam me olhando como se eu fosse o lixo do banheiro, dou o dedo médio para elas que ficam assustadas e sorrindo vou para o fundo da sala.
Estava tudo normal até o senhor gostosão de mais cedo entrar na sala e se apresentar como Professor de Literatura. Era só o que me faltava! Primeiro dia na Faculdade e eu xingo o meu professor, mais que merda?
Fico vermelha e baixo a cabeça quando ele me olha, levanta as sobrancelhas e me lança um meio sorriso. Filho da mãe! Ele não aparenta ter idade para ser professor, mas acho bom eu esquecer a gostosura dele para não ter problemas.
As meninas na primeira fileira estão hipnotizadas, respondem as perguntas dele como umas marionetes, ridículas!
Terminando a aula começo a arrumar meu material para sair, mas o professor Gustavo, sim o senhor Gostosão tem nome, me pede para esperar que quer falar em particular. Ferrou, quem manda não calar essa boca Jessy? Só me faltava isso, ser expulsa no primeiro dia de aula! Ele espera até que o último aluno saia da sala, até que reste apenas eu e ele. Ele se senta em sua mesa e pede para que eu me aproxime.

- Acho que começamos com o pé esquerdo. - Ele fala.

- Não, eu é que sou canhota mesmo! - Eu e esse filtro do cérebro com a boca que nunca funciona.

- Você é sempre tão sarcástica assim?  - Pergunta desconcertado.

- Apenas quando pessoas me atropelam já pela manhã! - Respondo revirando os olhos, o que faz ele sorrir.

- Te desculpo se aceitar tomar um sorvete comigo. - Ele responde.

- Além de tudo ainda é convencido. Em que momento mesmo eu pedi desculpa? - Ele cai na gargalhada e me deixa aqui com cara de louca.

- Acho que não, mas vejo que está tendo um dia infernal e quero te ajudar de alguma forma, acho que um sorvete cairia bem.  - Sorrimos juntos, mas logo ele fica sério olhando eu sorrir, meu sorriso morre imediatamente, viro de costas para ele e vou em direção a porta.

- Eu não posso sair com você, acabei de me mudar e tenho muitas coisas para fazer.

- É mesmo? E de onde você vem? - Ele fica me olhando, parece realmente interessado em saber.

- Madrid, Espanha.

- Você fala português tão bem, como consegue? Estou impressionado. - Não sei porque ele quer tanto saber, mas acabo dando corda.

- Sou brasileira, eu e minha mãe nos mudamos com frequência, acabamos de voltar para o Brasil.

- Interessante. Já morei na Espanha também há alguns anos atrás.

- Legal! Você é muito novo, como já é professor?

- Eu sou estagiário. Estou substituindo o professor Carlos que teve um problema familiar.

O sinal toca e nos tira de nossa conversa tranquila. Eu deixo a minha curiosidade de lado e me preparo para sair.

- Vá para a próxima aula, não vou mais te atrapalhar. Até mais professor.

- Até mais Jessica! - Ele sai em direção ao corredor e me deixa ainda dentro da sala confusa. Em que momento mesmo eu disse o meu nome para ele? Ah sim, ele deve ter meu nome no caderno de chamadas.

No fim do dia ja estou esgotada de estudar tantas matérias. Ainda bem que amanhã só vai ter duas aulas. Vou conseguir chegar em casa e ajudar minha mãe um pouco mais com a mudança. A casa está uma bagunça, mas tudo o que eu quero hoje é a minha cama.