Capítulo 11 - Jessy

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O fim da manhã chegou e eu preciso me levantar para estudar. Achei que tinha sonhado até que me mexi na cama e senti dolorido por entre as minhas pernas, tomo um demorado banho com um enorme sorriso no rosto.

Me arrumo mais do que de costume, afinal, estou louca para reencontrar o motivo dos meus sorrisos bobos em meio a esse vendaval que eu estou vivendo.

Saio do meu quarto a procura da minha mãe, porém, encontro apenas um bilhete no balcão que diz: "Meu tesouro, precisei sair para resolver umas coisas. Mais tarde eu te encontro no Campus. Boa aula! Te amo!''

Sinto um grande aperto no peito, mas prefiro ignorar.

Chegando no Campus eu não posso evitar olhar para todas as direções possíveis a procura do Gustavo. Eu preciso conversar e ele é o mais próximo de um amigo que eu tenho agora. Vou até a lanchonete fazer um lanche, não tive tempo de almoçar hoje. Peço um sanduíche natural e um suco de maracujá, são os meus preferidos, nem percebo o quanto estou faminta até que meu estômago da sinal de vida com um ronco. Terminando o lanche, ando em direção ao gramado, estou quase chegando quando vejo Gustavo olhando para as árvores com as mãos nos bolsos da calça, parece tão pensativo. Me aproximo e quando ele percebe eu indo em sua direção, me olha nos olhos, vira as costas e simplesmente sai. O que foi isso agora? Por um momento até achei que ele estivesse me evitando, mas penso melhor e ele pode não ter realmente me visto. Corro até ele, chegando ao seu lado ele começa o ataque:

- Não pense que tem algum tipo de intimidade comigo só porque eu fiz você gozar essa noite.

Eu detenho meu passo, não acreditando no que estou ouvindo. Mas aí me lembro de como Juan agiu depois de ter tirado minha virgindade, foi exatamente assim que começou, mas dessa vez vai ser diferente, ninguém vai voltar a me machucar dessa forma como aquele desgraçado fez.

Sorrindo eu me aproximo, olhos no fundo de seus olhos que estão frios feito pedras de gelo. Sem pensar duas vezes fecho minha mão esquerda e o acerto com um soco no queixo. Acho que ele não esperava essa reação, eu vejo quando seus olhos se arregalam e ele abre a boca incrédulo. Minha mão dói como o inferno, mas eu não vou dar de jeito nenhum a ele o prazer de me ver sentindo dor. Sem mais olhar para ele eu me viro e resolvo voltar para casa, lugar onde eu posso chorar sem espectadores.

No caminho de casa tento ligar para a minha mãe, ela ficou de me encontrar depois da aula, mas como eu estou voltando ela não precisa vir para cá. Seu celular só dá caixa postal. Tento inúmeras vezes ligar para ela, a preocupação e o aperto no coração me atormentam. Chego em casa numa velocidade impressionante, mas nem sinal da minha mãe. Vou até a geladeira pegar um saco de gelo, minha mão está inchada e com um hematoma enorme se formando. Respirando fundo tento me acalmar, eu preciso encontrar minha mãe. Caminho até o quarto dela para procurar alguma pista de onde ela pode ter ido. Procuro por uma hora por entre suas roupas, sapatos, na sua mesa de leitura e não encontro nada. A preocupação estar me corroendo, me abaixo para olhar embaixo de sua cama e encontro umas caixas empoeiradas, uma em questão chama a minha atenção, ela é de metal e tem um cadeado. Porque minha mãe trancaria uma caixa? A curiosidade se faz presente.

Eu tenho que abrir essa caixa de algum jeito, jogo ela no chão, tento com a faca e nada. Pego um alicate e com muito esforço consigo abrir. Praguejo quando a tampa fecha sobre a minha mão, tinha que ser logo a que eu usei pra socar a cara daquele filho da puta. Abro a caixa com cuidado, já com medo de encontrar o que não devo, afinal, é a privacidade da minha mãe. Na caixa contém fotos, bilhetes, uma agenda de endereços e telefones e um sapatinho de bebê azul claro. Pego o sapatinho com carinho, acho que era meu, mas não posso ficar com sentimentalismo agora, tenho que descobrir onde a minha mãe está.

Na agenda contém nomes, endereços e telefones que eu desconheço, mas um contato me chama a atenção, Robert Velatti. Minha mãe não tem família, somos só eu e ela, bom eu acho. Pego meu celular e digito o número, eu preciso saber quem é a pessoa com nosso sobrenome. O celular chama várias vezes e ninguém atende. Sou tomada por arrepios macabros. O que está acontecendo? Reviro a caixa e pego as fotos, nelas tem minha mãe e um homem com trajes de casamento em um lindo jardim, com decoração francesa e flores amarelas, o vestido dela é lindo. Que merda é essa? Minha mãe nunca foi casada. Atrás de uma das fotos está o seguinte recado: "Sr. e Sra. Velatti''.

Esse cara é o meu pai. Ah, meu Deus!

Pego novamente meu celular e tento ligar no mesmo número e só chama. Agora de uma coisa eu tenho certeza, seja o que for que esteja acontecendo com a minha mãe tem dedo desse cara e custe o que custar eu vou descobrir.

Pego minha bolsa e coloco nela meu celular e a maldita agenda e saio pela porta em direção a rua. Já que ele não veio até mim, eu vou até ele e vou encontrar a minha mãe nem que eu tenha que chutar as bolas dele. Espero o táxi por pelo menos dez minutos, quando ele chega eu já estou a ponto de ir a pé ao meu destino que fica a quarenta minutos daqui.

- Boa tarde senhora, para onde vamos? - Pergunta o taxista.

- Leblon, o mais rápido que puder por favor. - Ele apenas acena com a cabeça.

Chegamos ao bairro e eu mostro o endereço da agenda para o motorista, ele me informa ser um condomínio de luxo. Com certeza é, corrupto do caralho. A cada segundo que passa minha ansiedade vai aumentando. Espero ser autorizada a entrar ou entrarei de qualquer jeito. Deixo a segurança do táxi em frente ao condomínio que estar no endereço, atravesso a rua e dou de cara com o portão fechado. Droga!

Um pouco antes de eu dar um chute no portão ele se abre e cinco homens de terno preto e armados me abordam. Um deles me diz:

- Seu pai está te aguardando. - Que porra ele está falando? Eu não disse a ninguém que vinha.

O cara loiro e alto sente minha hesitação e abre caminho para que eu entre. Nunca senti tanto medo na minha vida, mas pela minha mãe eu tenho que encarar.

Entro pelos portões e a beleza do lugar me impacta logo de inicio. Os jardins são lindos, as mansões são incríveis. Nada do lado de fora daqueles portões indica tanta beleza. Chegamos a uma mansão branca com uma porta enorme de madeira tão bem lustrada que brilha com a claridade, o segundo andar tem uma sacada com grades douradas. Todo esse luxo bancado por crimes, me dá nojo só de lembrar que eu saí desse homem, e eu ao menos o conheço.

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