Capítulo 10

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Daniel

Descobri que ela passou pelo mesmo que eu praticamente, e deseja perdoar quem a magoou, me faz ser mais atraído por ela. Queria eu ter esse desejo, mas não consigo.

- Ei, gostosão. – Val se senta ao meu lado no sofá. – Cadê a donzela ?

- Banho.

- Ela esta bem ? – pergunta preocupada. – Maldito dia que fiquei até mais tarde no consultório.

- Está sim.

- E você, está bem ? – me olha curiosa. – Esta com um cara estranha.

- Pensando na vida.

- Sei. – sorri.

- Com fome ? – mudo de assunto. Por mais que considere ela uma amiga, não me sinto pronto para falar de meu passado, já foi difícil falar a Madu ontem.

- Ei. – ela entra vestindo um vestido longo vermelho. – Amiga, vamos ao shopping da pedreira comer, quer ir também ?

- Não, prefiro ficar por aqui mesmo. Bom almoço pra vocês.

- Obrigado. – me levanto. – Quer algo da rua ?

- Aceito sorvete e barras de chocolate.

- Sim, senhora.

Madu lhe da um beijo e me puxa para fora do apartamento, indo em direção ao estacionamento de mãos dadas. Durante o caminho todo ao shopping, ela olha para fora da janela perdida em seus pensamentos.

Não dissemos um ai um ao outro no caminho e nem quando chegamos. Trocamos poucas palavras quando decidíamos o que iria pedir, depois disso, apenas nos olhamos.

- Gosta do que ver ? – quebro o silêncio.

- Muito. – sorri. – Não pensa em o perdoar ?

Sua pergunta me pega desprevenido, me remexo em meu lugar. Não quero falar mais disso, não quero falar do meu pai.

- Não.

- Por que não ?

- Por que das perguntas ?

- Por que prefere levar esse peso para o caixão, se pode se livrar ?

Suas perguntas me enfurece por dentro, sendo que mantenho a calma, sei que esta apenas curiosa com tudo.

- Como falou antes, não sei como o perdoar.

- Tente de novo.

- Madu.

- Tenta Daniel, tenta comigo.

- Não dá. – digo entre dentes.

- Claro que dá, só não sabemos como, porém podemos descobrir juntos. – estende a mão por cima da mesa. – Topa ?

Fico olhando sua mão por um tempo estendida em minha direção, quero muito pegar, mas sinto como se um peso não me permitisse levantar a minha mão, para pegar a sua.

- Daniel? – me olha esperançosa. – Eu sei que não é fácil, mas para darmos continuação a isso que temos. Precisamos nos curar, não podemos começar algo, quebrados desse jeito.

Suas palavras me atingem como uma faca afiada em meu peito. Eu quero da continuação ao que temos, mas não me sinto pronto para perdoar meu pai.

- Ma... eu...

- Tudo bem. – ela recolhe a mão.

- Du, eu não consigo fazer isso.

- Não consegue porque não quer. – rebate me olhando seria.

- Podemos conversar sobre isso, depois ? – pergunto inseguro, ela confirma com a cabeça e o silêncio cai entre a gente de novo. Só que dessa vez, sinto ela se afastar de mim a cada minuto.





Madu

Agora que sei de seu passado, que não é só eu quebrada, tudo muda. Adoro esta com ele por perto, mas até quando isso vai durar ?

Esta tudo perfeito agora, só que lá na frente isso vai mudar. A desconfiança vai surgir e será pior já que ambos sofreu com traição. Por mais que eu ame minha amiga, sinto ciúmes quando a vejo conversando com ele. Tento o máximo em não mostrar e ignorar, mas la na frente, isso irá pesar.

- Entregue. – paramos na porta do meu apartamento. Ele aperta minha mão e leva aos lábios, deixando um beijo na costa. – É agora que nos despedimos ?

- Depende de você. – digo esperançosa. Sinto que preciso perdoar para seguir em frente, tirar essa nuvem negra de cima de mim e quero que ele faça o mesmo.

Ele não diz nada, apenas me prensa na parede e ataca meus lábios com o seu. Correspondo ao seu ataque na mesma euforia mas sentindo as lágrimas vindo.

- Vai se cuidar ? – pergunta sem fôlego, com a testa encostada na minha.

Aceno com a cabeça, de olhos fechados, não posso abrir, não quero me despedir.

- Por favor, não chore. – ele seca a primeira lágrima que rola por minha bochecha.

- Não vá. – imploro. – Por favor.

- Eu não sou forte como você, Du. – beija minha testa. – Um dia quem sabe, eu fique. Só que agora não sou e não quero ser uma pedra em seu caminho.

- Dani. – o abraço forte.

- Eu volto, minha fogosa.

- Promete ? – me afasto um pouco para o olhar nos olhos.

- Prometo. – me da um selinho. – Agora entre, já esta tarde.

- Ver se não apronta, caralhudo.

- Digo o mesmo, minha Du.

Nos separamos, ele coloca as mãos nos bolsos da calça e calmamente caminha em direção a porta das escadas, me mantenho parada o observando ir para longe de mim.

Ontem André quem se foi, hoje ele.

- Amiga ? – Val abre a porta, me jogo em seus braços chorando. – O que houve ?

- Ele se foi.

- Quem se foi ? Daniel ?

- Sim. – soluço. Ela me leva para meu quarto e lá conversamos sobre tudo a conto sobre o passado dele.

- Acha que fez certo ? Digo, até não saber disso, você planejava seguir com isso que tinham. Certo ?

- Durante o banho tive um tempo para pensar nisso e pela primeira vez, senti uma certeza enorme com isso. Por mais que seja doloroso.

- Sou sua fã. – me abraça sorrindo. – Estou orgulhosa, minha menina esta crescendo.

- Com calma, chegamos lá.

- Sim, com calma... e agora, o que vai fazer ?

- Então, não sei. – meus olhos lacrimejam de novo. – Desempregada e sem o boy.

- Que tal começar com o perdão ? O resto vem depois.

- Não posso ficar parada.

- Pode e vai. – se levanta e vai em direção ao meu quarta roupa. – Amanhã mesmo, você voltara para casa de seus pais e se acertara com eles. Aproveita essa coragem, mulher.

- Mais e você ?

Ela pega minha mala, abrindo em cima da minha cama ao meu lado e começa a esvaziar minhas gavetas.

- Eu ficarei bem.

- Esta me expulsando ? – pergunto receosa.

- Nunca, só quero minha amiga inteira de volta. Agora venha me ajudar, que não sou tua empregada.

Me levanto para ajuda-la, e pensando bem, ela esta certa. Preciso fazer isso logo, assim como fiz com André e Daniel.

Do consultório para até que a morte nos separeOnde histórias criam vida. Descubra agora