Capítulo 3

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Madu

- Quem é o bonitão ? – Val me pergunta quando me sento ao seu lado num dos barquinhos vazio do bar.

- Danilo, irmão da Bruna. E o mal humorado que quase me atropelou mais cedo, quando ia ao médico.

- Hum, você me pareceu bem...

- Não começa. – a corto. – Ele é bonito, mexeu um pouquinho.

- Isso é novo, pensei que só o ...

Tampo sua boca na hora que ia falar o nome do meu chefe.

- Nada de nomes na rua, esqueceu ? – tiro minha mão, a repreendo com um olhar duro.

- Desculpa. – da de ombros. – Mas você me entendeu.

- Sim, entendi.

Sinto meu celular vibrar no bolso da minha jaqueta, sorrio quando vejo o nome na tela.

- Volto já. – me afasto para um local mais privado, para atender a ligação. – Alô.

- Não vem com essa de alô... gosto quando atende me chamando de chefinho.

- Te acostumei mal.

- Me acostumou bem, isso sim. Som alto atrás, boate ?

- Sim, já que meu chefinho me dispensou, pensei em aproveitar.

- Me fala que colocou uma calcinha. – sua voz sai mais baixa e rouca, posso imaginar sua cara.

- Não.

- Maria.

- André.

- Casa. Agora.

- Não.

- Por favor.

- Não.

- Porra Madu, não estou aí caso de ruim aconteça com você.

- Nada vai acontecer, estou com a Val e mais dois... hum. – olho para os irmãos Zancan conversando animados. – Dois colegas.

- Dois colegas ? Homens ?

- Uma mulher e um homem. – ouço suspirar alto. – Chegou bem ?

- Vai para casa, te levo em qualquer boate que quiser quando voltar.

Me alerto com seu tom de voz mais grave, nunca falou assim comigo. Até porque nunca dei essa liberdade.

- Não vou sair daqui. – respondo irritada. – Você é meu chefe e amante, não meu dono.

- Ma...

- Tenho que ir. – o corto, encerrando a ligação antes que piore.

Ele nunca mostrou esse lado ciumento, cansei de sair do trabalho e vir para boate com amigos, homens e mulheres juntos e ele não ligava.

Aceno para a Val, indicando o banheiro... preciso respirar. Ela entende e acena concordando. Por milagre, não tem fila e ninguém dentro, me apoio na pia. E encarro a imagem no espelho, a mulher de olhos verdes.

Eu !

Amante... eu sou amante apenas.

Nada mais.

- Que saco. – jogo um pouco de água em meu rosto.

Ele não pode cobrar nada de mim, tem que cobrar de sua esposa, não de mim. Certo ?

Do consultório para até que a morte nos separeOnde histórias criam vida. Descubra agora