Em Março de 2016, segundo ano do colegial, meu professor de Sociologia, entrou na sala de aula e escreveu a seguinte frase de John Donne no quadro: "nenhum homem é uma ilha completo em si próprio; cada ser humano é uma parte do continente, uma parte do todo." Olhou para a turma e pediu, como nota final do bimestre, que fizéssemos uma reflexão de 4 páginas a respeito da frase citada. A sala protestou. De cara falaram que não iriam conseguir. - Mas eu não sou bom em escrever, Professor, diminui ao menos a quantidade de páginas - Protestei. Sem sucesso. Ele não fazia do tipo que pegava leve com os alunos. Boa parte da sala reprovava com ele. E como eu precisava bastante dessa nota, aceitei o desafio e resolvi tentar.
Nunca havia escrevido nada além de textos para parabenizar amigos. Entrei no meu quarto, liguei meu notebook, abri o word, escrevi a frase e, encarei-a por alguns minutos. E comecei então a botar a mente para trabalhar. Durante três dias me concentrei em escrever e confesso que estava bastante inspirado. Com uma simples frase construí com bastante detalhes uma excelente reflexão digna de nota máxima. E assim foi feito após chegar nas mãos do Professor, nota 10. Fiquei feliz. Não sabia do meu potencial. Mas depois fiquei preocupado. Por eu ter sido o único a entregar ele quis ler meu trabalho para a turma inteira ouvir. E como diz Gabriel O Pensador, na sua música Linhas Tortas: até fiquei feliz, mas com vontade de fugir. Porém, isso não foi suficiente para fazer com que eu me interessasse por escrever cada vez mais.
Foi então que 1 um ano depois, após ter ido para outra escola, meu professor de Literatura entrou na sala. Dia 6 de fevereiro, primeiro dia de aula. Apresentou-se, e falou a respeito do concurso de poesia que há 16 anos era tradição na escola. Eu me empolguei com a ideia de escrever uma poesia capaz de ficar em primeiro lugar. Sempre fui muito competitivo. Então desde aquele dia me coloquei a escrever e ler poesia. No final das contas eu tinha escrito mais de 50 poesias em um caderninho que eu levava para cima e para baixo. Escrevia poesia no ponto de ônibus às 23h da noite, escrevia dentro do ônibus lotado, escrevia na sala de aula, escrevia no trabalho, escrevia em qualquer lugar. Eu tinha que escrever no momento em que a inspiração chegava. E ela nunca foi de avisar.
Acabou que um dia antes da noite do concurso, li todas as minhas autorias para decidir qual eu leria para a escola. Não havia achado nenhuma com cara de vencedora. Irritei-me. Liguei o notebook e coloquei-me a escrever outra. Um soneto era preferência. Com rimas regulares. Com subjetividade. Às 3h da madrugada eu a terminei e a li no concurso da escola, onde ganhei em primeiro lugar levando para casa um belo troféu e uma medalha dourada.
Nessa minha vida onde mais perco do que ganho, ganhar esse troféu me fez ter um amor pela poesia. Virei então poesia. E busco escrever pedaços do meu ser.
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Deixo aqui meus sinceros agradecimentos ao meu professor de gramática e literatura: Meno Maia. Por estar sempre me apoiando.
(Espero conseguir escrever algo que preste)Poesia Citada no Texto:
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Datilografado
PoetryDatilografando sentimentos. #36 melhor posição no ranking. 09/17