Capítulo 11

46 15 4
                                    

Tomamos o café em silêncio. Scott estava furioso. Suponho que a causa seja pelas minhas perguntas.

-Vou para casa -falei me levantando.
O mesmo não disse nada, apenas continuou a observar sua xícara já sem café nela.

-Até mais -falei indo em direção à porta.
Eu esperava que ele me levaria até minha casa ou ao menos me acompanhar até a saída.

Não.
No que eu estava pensando?
Scott não mudou.
Ele não é gentil, tão pouco cavalheiro.

Aquilo me intrigou.

(...)
-Onde você estava? Eu ia ligar para a polícia. -exclamou Alexis.
-É uma longa história -falei.
Nem eu mesma estava ciente do acontecido.
-Imagino. Você tá acabada. -Alexis disse.
-Obrigada -respondi em ironia.
-Vou tomar um banho, um longo banho. -disse subindo as escadas.

O telefone toca.

Ligação on
-Alô? Filha?
-Pai? -falei quase sem acreditar quem estava do outro lado da linha. Já fazia tempo que não falava com ele.
-Filha, liguei pra te contar que... -falou com a voz falha.

Fiquei preocupada.

-Contar o que? -perguntei.
Eu esperava uma notícia boa, mas sua voz não me passava essa esperança.

(Silêncio)

-Pai? -falei ainda mais preocupada.
-Sua mãe, ela...

Não, por favor, não. -pensei.
Eu não queria pensar o pior quando ele falou da minha mãe, mas foi inevitável.
O que eu mais temia.

-Ela, faleceu. -disse em lentas palavras.

Eu não tinha reação.
Eu queria chorar, gritar, correr, mas eu não conseguia.
Fiquei perplexa.

Minha mãe. Meu amor. Meu anjo. Meu tudo.

Ela não pode ter ido. Eu precisava dela.

Eu não sentia o chão.

Segundos pareciam horas.

-Filha? Filha você tá aí?
-Sim, pai. -respirei fundo e tentei buscar forças para conseguir falar.
-Eu terei que ir para o Texas. Você fica bem aí? -perguntou. Eu senti que ele queria ficar comigo, mas ele precisava resolver alguns assuntos.
-Sim. -respondi.
-Beijos filha, se cuida, depois nos falamos, te amo.

Eu desliguei o telefone e não conseguia pensar em mais nada, só em que eu havia perdido um pedaço de mim.

Passei 3 dias sem frequentar a universidade.

Alexis soube da minha situação. Meu pai provavelmente a contou.
Durante estes 3 dias Alexis respeitou meu momento e me deixou sozinha.  Era o que eu precisava por enquanto.
Eu teria que colocar a cabeça no lugar.

Enquanto estava no quarto alguém bate na porta.

-Posso entrar? -Alexis perguntou.
Balancei a cabeça em afirmação.
Ela sorriu se aproximou e me abraçou, um abraço sincero e acolhedor.

-Você vai ficar bem. -falou.
-Obrigada. -respondi baixinho.

(...)
Eu teria que voltar ao campus. Eu já havia faltado demais.
Alexis contou a minha situação e os professores entenderam.
Eu não era uma aluna ruim, então conseguiria pegar rápido o conteúdo perdido.

Eu ainda estava confusa.

*************

Cheguei à sala da universidade e Alexis me recebeu com mais um de seus abraços acolhedores.

Eu já me sentia melhor.
Meu pai ligou naquela manhã avisando que voltaria a Dallas daqui a 1 semana.
Isso me alegrou.

Parecia que eu tinha ficado anos sem ir a Washington, as pessoas eram como desconhecidos que nunca vi. Deve se ao fato do ocorrido.
Eu não estava preparada. Acho que nunca estaria.

A morte da minha mãe me fez esquecer de tudo, inclusive você.

Eu passei esses dias pensando exclusivamente nela, no que eu poderia ter feito antes dessa tragédia. O quanto eu poderia ter beijado e abraçado mais ela. Ter dito mais vezes que eu a amava.

Eu me via em um lugar deserto.
Eu gritava por socorro, mas ninguém me ouvia.
Eu corria para o lugar mais alto a fim de encontrar alguém.
Eu procurava meu chão.
Mas você não estava aqui.
Eu te perdi. E dessa vez foi pra sempre.
          Eu te amava e te amo tanto, mãe.

Quem eu menos esperavaOnde histórias criam vida. Descubra agora