1 - O Eclipse

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Era mais um dia normal, eu estava na minha faculdade, mais especificamente no meio de uma aula muito chata na qual eu estava prestando mais atenção nos pássaros da rua que no professor. Eles estavam agindo estranhamente naquela manhã e isso me chamou a atenção, apesar que pra isso não precisava de muito esforço.

-Esses pássaros são interessantes, pena que a prova não é sobre eles, não é mesmo S/n? -gritou meu professor na frente de todos me desconcentrando dos meus pensamentos e me fazendo voltar a atenção para ele.

-Me desculpe, professor. É que eles estão diferentes essa manhã, acho que estão com alguma coisa.

-É que eles viram sua cara e agora entraram em desespero. -debochou um colega na sala fazendo todos os outros rirem e me fazendo corar em um pânico interno. Eu não era uma menina muito tímida, mas com certeza fazer com que todos voltassem sua atenção a mim não era a coisa mais confortável.

-Quietos! Me deixem continuar a aula e S/n preste mais atenção nela. -disse o professor. Eu apenas concordei e assisti o final da aula.

[...]

-Então a aula termina por aqui pessoal. Bom final de semana pra vocês e lembrem-se se quiserem ver o eclipse não se esqueçam dos óculos. Até mais. -dizia o professor enquanto todos os alunos se levantavam e iam em direção a porta.

-Você vai ver o eclipse? -apareceu de repente uma amiga minha, não era tão próxima de mim, mas era a única amizade que eu tinha por lá.

-Eu acho que não, tenho muita matéria acumulada, preciso por em dia. -falei enquanto andávamos até o campo da faculdade.

-Ah, qual é! -exclamou ela. -É apenas colocar um simples óculos e olhar para cima. Venha comigo, vou assistir o eclipse com uma galera. -me convidou. Eu realmente iria ver o eclipse mas em casa seria melhor do que com um bando de pessoas que ficam me zoando nas aulas.

-Não... Me desculpe... -neguei e logo depois um homem passou entregando panfletos para todos os alunos.

-O que é isso? -ela perguntou. -Panfletos na faculdade? Não quero comparecer a nenhuma igreja ou comprar algo. -reclamava.

-Espera. É sobre os quatro quarentenas. -comecei a ler prestando atenção em cada palavra.

Os quatro quarentenas era apenas um apelido que demos para as quatro pessoas que estavam em quarentena no hospital da cidade por uma doença que não estava sendo reconhecida. Os médicos estavam tão assustados com isso que abafaram a história pelas primeiras semanas, mas então ela vazou. Os médicos disseram que era apenas uma gripe muito forte e que por isso eles estavam em quarentena, mas eu acreditava que não era apenas isso.

-Eles fugiram do hospital?! -exclamei.

-Ah, que ótimo, quatro pessoas cheias de gripe correndo pela cidade, qual a novidade? -disse a minha amiga. Eu apenas a olhei se distanciando de mim ao encontro de algumas pessoas.

[...]

Na volta para casa, eu sempre passava pelas mesmas ruas, mas hoje havia resolvido voltar por um caminho diferente. Estava distraída com os meus pensamentos e nem notei a aproximação de um homem com aparência mais velha.

-Escute moça! -ele segurou o meu braço.

-Ah! O senhor está me machucando! -dizia enquanto tentava me soltar da mão dele.

-Na hora do eclipse, fique em casa, ouviu bem? Fique em casa! -gritou e logo depois saiu andando com passos mais rápidos para longe de mim.

Fiquei parada ali por alguns segundos até tentar entender o que havia acontecido. Um velho louco havia me parado na rua e dito para eu ficar em casa? Do nada? Está bem. Continuei seguindo o meu caminho.

Apocalipse: 종말; 終末Onde histórias criam vida. Descubra agora