Tudo que eu enxergara naquele momento eram chamas. O carro no qual eu e minha família estávamos havia capotado brutalmente na pista. Eu gritava enquanto o carro virava, uma, duas, três, quatro vezes. E só parou quando colidiu com o muro de uma cafeteria, eu tentei me mexer, mas eu não sentia minhas pernas. Meu corpo estava dormente e de algum modo tentei manter o controle, tentei não chorar, mas as lágrimas desciam automaticamente.
O carro estava prestes a explodir e antes que a tragédia fosse maior eu tentei localizar mamãe e papai e Connor meu irmão de apenas 6 anos.
Eu não conseguia pensar em nada, tudo que meu corpo aspirava era medo, pânico e qualquer sentimento ruim.
Então localizei Connor, seu corpo estava bem próximo ao carro, sem mais delongas me rastejei até a ele, minha cabeça estava latejando provavelmente eu batera quando fui lançada para fora do carro.
Chegando próximo a ele não o sacudi para saber se estava vivo apenas chequei se ainda tinha pulso e olhei por cima para ver se havia algum ferimento grave. Aprendi isso nas aulas de primeiros socorros que meu colégio fornecia.
Com muito esforço fiquei me em pé, bati a mão nos bolsos para localizar o meu celular para poder ligar para emergência.
Disquei o numero mas e mal conseguia falar, minha respiração estava ofegante e era notório o pânico na minha voz.
-Houve um acidente muito grave, mas não consegui localizar dois corpos – falei pausadamente engolindo o choro, um rubor frio invadiu meu corpo, suspirei e respirei fundo para continuar falando. – Uma das feridas sou eu e...
Fui interrompida pela atendente.
-Senhora, mantenha a calma e me informe o endereço corretamente para localizarmos o local do acidente.
Olhei em volta e lembrei que ainda estávamos em Manhattan e logo complementei
-Rua 100 (Manhattan)/Greenpoint avenue (Brooklyn) – estava um vento gelado e eu estava impaciente logo depois a atendente respondeu.
-Já localizamos em 10 min nossa equipe estará ai, tenta manter a calma e não mexa nos feridos.
Quando ela falou aquilo cai no esquecimento. "Feridos" onde meus pais estavam? Eu não conseguia enxergar eles, só via o Connor, e nem sabia como ele estava. Provavelmente desacordado pela pancada. Sem terminar de ouvir a atendente larguei o celular no chão e me locomovi em volta do carro para ver se havia chance dos meus pais estarem lá dentro. O carro por algum motivo já não estava mais em chamas era como se alguém tivesse apagado, mas ainda havia chance de explodir.
Com dificuldade me abaixei perto do automóvel e não havia ninguém ali. Aquilo era extremamente estranho, eu não conseguira imaginar como fomos arremessados para fora do veículo. Na verdade eu não me lembro nem o que houve, nem como HOUVE.
Eu estava abaixada ainda próxima ao carro, meus olhos sentiam a necessidade de fecharem, e um som distante de sirenes ecoavam em minha cabeça, tentei manter me acordada, e sussurrei o nome de Connor, e minha visão foi ficando turva, umas luzes estranhas dançavam na escuridão dos meus olhos e eu fui perdendo os sentidos e apaguei.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Angel
Novela JuvenilAmber Lee Russell, é uma garota de 16 anos que mora com os seus pais e seu irmão mais novo. A história se passa em Brooklyn NY, após um acidente e o sumiço misterioso de seus pais, Amber e suas melhores amigas Kenzie e Rachel enfrentarão muitas difi...