"Por mais estranho e sem noção que possa parecer, Malu sempre sabe quando alguém está escondendo alguma coisa dela. Eu, sinceramente, nem sei porque ainda tento esconder algo da minha melhor amiga. Ela sempre descobre, afinal de contas. ── Augusto."
Encontrar com a minha mãe em casa era algo bem raro. Juro: não estou sendo nada dramática nesse momento. Minha mãe é médica e isso já diz tudo, então a casa ficava vazia quando ela não estava e encontrar com ela na hora do almoço era algo bem raro mesmo.
─ Fala aí, dona Jane. ─ puxei uma pêra de dentro da fruteira, a mordendo rapidamente e sentando na bancada da cozinha. Mamãe olhou por cima do seu ombro e começou a rir. ─ Tudo belezinha?
─ Maria Luísa, meu amor. ─ disse. ─ Se essa é a sua forma de dizer que está surpresa em me ver em casa e que sente minha falta na hora do almoço, preciso te dizer que é uma maneira bem estranha.
Dei de ombros enquanto largava a fruta ao meu lado e limpava minhas mãos na minha saia. Olhei em volta da cozinha, procurando por Kia e Lia, mas não encontrando as gêmeas correndo pelo cômodo. O resto da casa também estava em silêncio, então deduzi que as duas não estavam pela casa.
Minha mãe percebendo meu silêncio virou seu corpo em minha direção, apoiando seu corpo contra a pia e cravando sua atenção no meu rosto.
Levantei minhas sobrancelhas de forma sugestiva para ela.
─ As gêmeas estão no colégio, sabe, aquela coisa que elas frequentam todos os dias da semana. ─ ela apontou para a sala. ─ E eu estou em casa porque ninguém me bipou ainda. Isso deve ser algo como sorte, não acha?
─ Dia de sorte.
O silêncio beirou por um momento e eu aproveitei para analisar minha mãe rapidamente. Éramos parecidas demais e isso poderia ser visto pelas fotos antigas dela, porém, sempre que eu a olhava, podia ver muito de mim ali e muito do que eu queria me tornar também. Se eu fosse metade da mulher que minha mãe é hoje em dia e era antigamente, poderia me considerar uma das pessoas mais lindas desse mundo. E não falo de beleza exterior, mas sim beleza interior.
Não existia ser humano mais lindo que ela.
─ Talvez seja mesmo. ─ mamãe me despertou da minha curta análise sobre ela. ─ É bom passar esse tempo sozinha com você, faz tempo que não conversamos.
Balancei a cabeça em concordância.
Fazia algum tempo que não ficávamos sozinhas nós duas, os motivos eram vários; Primeiro o trabalho: ela era médica então vivia para o trabalho e o trabalho dela vivia por ela ─ literalmente ─, logo após o fato de eu quase nunca estar em casa nos horários que ela estava por conta das minhas atividades fora do colégio. Quando estávamos as duas em casa, isso significava que Lia e Kia também estavam e a atenção tinha que ser dividida igualmente a todas. Ou quando Marco estava em casa também. Mamãe tinha que dividir seu curto tempo conosco e sempre alguém sai no prejuízo, mas aquilo não me afetava tanto assim.
Sei que se ela pudesse, passaria todo o tempo do mundo com a gente em casa.
─ Então. ─ falamos as duas ao mesmo tempo. Indiquei com uma das mãos que mamãe continuasse. ─ Como vão as coisas no colégio?
─ Tudo bem normal apenas para o primeiro dia de aula. ─ sorri. ─ As garotas estão às mesmas de sempre, Augusto também e o resto o mesmo de três anos para cá. Como vão as coisas no hospital?
─ Não mudaram nada, pode acreditar. ─ tive que rir daquilo e ela me acompanhou. ─ Três anos então? Passou tão rápido assim?
─ Pelo visto, sim.
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5inco | ✓
أدب المراهقين(Sobre Amores e Amizades, #1) Quando o último ano do ensino médio começou, Maria Luísa Alves teve certeza que nada mais poderia a surpreender: entre se dedicar aos estudos e a equipe de natação, se dividir entre seus amigos e família, nada mais deve...